Compositor paulistano lança quinto disco da carreira solo entre o silêncio e a palavra, o samba e o experimental.
O álbum 'Barulho Feio'
mostra um Romulo Fróes hermético e cheio de caos e simplicidade,
com as participações de Marcelo Cabral (baixo elétrico e
acústico), Guilherme Held (guitarra) e Thiago França (saxofone).
Pode ser um disco de samba, mas também pode ser experimental, bem
como também da nova safra de música popular brasileira.
Romulo vêm como um cão
calado que morde para depois assoprar. 'Barulho Feio' abre com a
cacofônica 'Não há, mas derruba' para em seguida dar lugar para a
delicadeza de 'Na minha boca'. Nesse disco, a rua está presente como
fio condutor entre todas canções, criando uma unidade para todo o
conjunto – como deixa bem claro na canção seguinte. 'Pra comer' é
delicada e ao mesmo tempo cheia de brutalidade.
O violão de Fróes
pontua 'Como um raio', seguida pela voz clara e nua em 'Poeira' –
“poeira os olhos dentro d'água” diz a letra de Nuno Ramos dentro
da melodia de Mariana Aydar. Porque o disco é sobre melodia do
silêncio e da palavra – como bem exemplificado na canção-título,
'Barulho feio'.
Em 'Espera' Fróes faz
um dueto com Juçara Marçal, sobre os sons de rua que apesar de
permanecerem em segundo plano estão sempre prevalecendo entre uma
canção e outra. 'Ó' trás referências e reverências às canções
de bossa-nova, com a desconstrução total de todos elementos que
tornaram o movimento tão bem sucedido.
'Peixinho triste' foi
composta por Lanny Gordin, Held e Ramos, onde os sons da rua se
confundem com a melodia, criando uma ponte perfeita para a próxima
faixa, 'Cadê'. Na sequência 'Se você me quiser', mais um exemplo
do bate e consola deste álbum. 'Noite morta' segue distorcendo e
entortando até não sobrar osso sobre osso.
Em 'O que era meu',
Fróes transforma o ouvinte nas cordas do violão (ou guitarra) no
momento de afinação do instrumento. Esticando e tencionando todas
percepções auditivas. 'Para ouvir sua voz' retira toda tensão
aplicada na afinação forçada para dar lugar à delicadeza bela e
simples. Encerrando na singela 'A luz dói'.
O álbum 'Barulho Feio'
é uma obra coerente e coesa entre si e todos outros discos lançados
este ano. Com este disco, Romulo se detém como maestro de uma
geração – ditando modelos e retirando quaisquer limites quanto
gêneros, ritmos e estilos.
2014 Barulho Feio
1. Não há, mas
derruba
2. Na minha boca
3. Pra comer
4. Como um raio
5. Poeira
6. Barulho feio
7. Espera
8. Ó
9. Peixinho triste
10. Cadê
11. Se você me quiser
12. Noite morta
13. O que era meu
14. Para ouvir sua voz
15. A luz dói
Um comentário:
muito bom !!!! ouçam sem dó !
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