7.26.2009

GROOVES ORGANICOS + AUDIO TERRORISMO

Steintryggur é um duo formado peo ex-integrante do Sucarcubes (banda em que Bjork iniciou a carreira) Sigtryggur Baldursson e Streingrimur Guðmundsson, músico islandês. Juntos com a intervenção do áudio-terrorista australiano Ben Frost, fizeram um disco que une o eletrônico com performances gravadas pelo mundo todo.

Não dá para ficar indiferente à esse som, que é uma mistura venenosa de vários sons ao redor do mundo, desde o oriente ao outtback australiano. Nesse disco de 2008, ‘Trappa’, os islandeses em parceria com o australiano criaram uma obra instrumental que é muito difícil de rotular. Enfim, só pode mesmo ser áudio terrorismo com grooves orgânicos.

Quem curtiu o ‘Voodoo Party’, postado em junho aqui no blogui, também vai curtir esse aqui.

2008 Trappa

1. Melur
2. Root
3. Myri
4. Factors
5. Remains
6. Mouse hunt
7. Rasinagain
8. Lennon
9. Nixon
10. Wales well

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7.19.2009

SUPER VIOLÕES SMASHED UPZ!

Lucas Santtana já vinha alardeando seu disco pelos quatro cantos, como um álbum feito com voz e violão. Também já tinha disponibilizado algumas faixas no ‘Diginois’, e no ‘My Space’.

Pois o disco do Lucas Santtana começa entortando o cabeção com ‘Super violão mashup’. É uma faixa de ‘samples’ de vários ‘riffs’ de violões do que tem de melhor na música ‘clássica’ popular brasileira... E funciona quase como uma fantasia sobre o tema ‘Noite de temporal’ do Caymmi. Como é uma canção curta, você cai direto na vibrante ‘Who can say which way’.

É a deixa para você curtir uma baladinha e respirar um pouquinho. “Closer, closer, closer...” na delicada ‘Night time in the backyard’. Tem até uma orquestra de insetos! A partir dai o disco só cresce, com a levada samba-funk de ‘Cira, Regina e Nana’, faixa que tem auxílio da batucada do Curumin, no corpo do violão.

Depois vem um ‘Recado para Pio Lobato’. Mais parece um desafio para o músico paraense responsável pelo ‘Mestres da Guitarrada’. Seguida de mais uma balada (pra respirar) ‘Hold me in’.

“Vou dar uma bola” e curtir a regravação de ‘Amor em Jacumã’, composta pelo baterista Dom Um Romão, que também tem o frenético batuque do Curumin, e mostra uma versão chuvosa da praia de Jacumã. Vai saber qual praia de Jacumã é essa dá música? “Lá em Jacumã, ninguém conversa, não”...

A partir daí o disco continua com ‘I can’t live far from my music’, ‘Cá pra nós’ e na parceria com João Brasil em ‘O violão de Mário Bros’. O disco termina nas intimistas ‘Ripple of the water’ e ‘Natureza nº 1 em Mi maior’, ambas com arranjos de inseto e violão.

Há uma preocupação muito grande em criar climas para as canções, como os insetos em certas faixas, chuva, máquina de escrever etc, entre um acorde e outro do violão popular brasileiro.

Eu Ovo: De onde surgiu essa idéia? Do violão e tudo mais...
Lucas Santtana: Era uma idéia antiga. Queria fazer minha leitura desse formato pois achava que ele não tinha mudado muito nesses últimos 50 anos. Era um desafio com o qual poderia me divertir e ao mesmo tempo uma patologia da qual queria me livrar, hahahaha...

EO: Quem foram os mestres que influenciaram nos efeitos, arranjos etc? (Porque eu vi ecos do ‘Dark Side’ no ‘Recado p/ Lobato’, Tom Zé na ‘Cira, Regina e Nana’ etc) LS: Hahahha, o bom de disco, poesia etc. É que cada um coloca um pouco do seu próprio histórico na hora de interpretar. Acho que sou a pessoa que nunca ouviu ‘Dark Side’ inteiro, juro! Hahahaha. Já Tom Zé me influenciou mesmo. Suas experimentações. Esse disco não deixa de ser um ‘Estudando o Voz e Violão’. Como ele fez com o disco ‘Estudando o Samba’. A lógica de destrinchar e experimentar com um formato clássico é a mesma.

EO: Porque você resolveu cantar em inglês em tantas faixas?
LS:
Foi natural. Duas vieram em inglês e outras três chamei o musico brasileiro/norte-americano Arto Lindsay para fazer as letras. Ele é quase um poeta na lingua inglesa. Por isso mais letras em inglês. Nada intencional...

EO: O show desse disco fica bem diferente, né?
LS:
Fica. Até porque quem não sabe que o disco é de voz e violão pode ouvir sem essa informação. Na real isso era uma coisa que eu buscava. Que no final não soasse mais como um disco de voz e violão. Como o próprio disco soa as vezes banda, as vezes eletrônico, as vezes folk, etc, adaptar o disco ao show com a banda não foi complicado.

EO: Vai rolar um disco ao vivo?
LS:
Provável sabia... Estou com uma banda nova, formação diferente, seria legal registrar essa formação. A seleção natural atualmente sou eu na voz, guitarra, cavaco e monome; Regis ‘Mr. Spaceman’ Damasceno na guitarra; Rian Batista no baixo e vocal; Bruno Buarque na bateria e mpc e Dustan Gallas no ‘rhodes’ e sintetizadores.

EO: Sendo um cara que está sempre fuçando na internet... Como é que fica essa estória de ter seu disco na internet?
LS: Alguém vai colocar. E acho ótimo. O outro disco vendeu mais rápido que os anteriores com o cd para baixar no ‘Diginois’. Esse também vai para o diginois. No comentário do ‘Urbe’ por exemplo um rapaz de Sete Lagoas baixou o disco. Pô, o disco não irá para uma loja em Sete Lagoas. Como é que ele ia ter acesso? Quem baixa um disco e quer comprar acaba comprando, não tem essa. Eu fico feliz de mais pessoas em regiões distintas terem acesso a ele.

EO: Depois da pergunta acima, eu nem preciso mais saber sua opinião sobre a questão dos downloads, das leis e tudo mais... Né?
LS:
Canso de repetir isso. Liberar download na web não faz você perder seus direitos como compositor. Se tocar num filme, numa novela, num comercial, na rádio, na TV, enfim, você irá receber por isso. Se você quiser vender na web também é possível. Uma coisa não desmerece a outra.

EO: Então como é que vai ser essa divulgação mouse a mouse? Shows marcados? Como é que vai ser?
LS:
Vários shows marcados. Já temos agendado 10 capitais para fazer no Brasil. Argentina, Chile e vem mais por ai. O disco acabou de sair...

EO: Quais vão ser os formatos do CD? Vai ter SMD?
LS:
Por enquanto o único formato é esse da CD promo. Formato ‘digipack’ que nem foi o ‘3 Sessions’...

EO: Então é isso. Obrigado pela entrevista e abraços...
LS:
Abs e valeu!

2009 Sem Nostalgia

1. Super violão mashup
2. Who can say which way
3. Night time in the backyard
4. Cira, Regina e Nana
5. Recado para Pio Lobato
6. Hold me in
7. Amor em Jacumã
8. I can’t live far from my music
9. Cá pra nós
10. O violão de Mário Bros
11. Ripple of the water
12. Natureza nº1 em Mi maior

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7.12.2009

EU SOU DO TIPO CARNE DURA!



A própria Ellen Oléria avisou no show, que podem copiar que não é pirataria. “É acesssibilidade”. Só quem já viu é que pode sentir força dessas, já míticas, apresentações ao vivo. Mas deixa eu contar como eu conheci o som dessa cantora brasiliense.



A primeira vez que a vi no palco fiquei estarrecido, pasmo, completamente surpreso e hipnotizado. Ela cantou apenas músicas autorais, mas com uma performance arrebatadora que enchia os olhos e ouvidos. Desculpem o clichê... É inacreditável como aquela banda de três músicos acompanhando um banquinho e violão fazem um som tão pesado e grandão.



Mas não era bem um banquinho e violão, como o do João. Estava mais para o caminho do Ben. Estava soul, funk, jazz, MPB com uma pitada do ritmo do banquinho e violão. Foi um show foda! E todos os seguintes que vieram... Portanto, o álbum ‘Peça’ chegou em minhas mãos como uma pérola. A peça que faltava no quebra-cabeças indecifrável dessa negra melodia.



As canções são autorais e mostram uma compositora preocupada com a poesia e o seu ritmo na melodia. Suas letras são contundentes e passam a mensagem através das imagens que provocam no espectador. Digo espectador, porque você se torna espectador das músicas. Ellen afirma que passa muito tempo compondo e escrevendo. Você escuta a música ‘Testando’ e acha que ela fez aquele som ali, na hora, mas ela avisa que passou “vários dias encucada para escrever aquilo”.



Em ‘Só pra constar’ ela diz, no show, que era uma música normal, mas virou “essa coisa complicada”. Sem complicações, mas o que era um sambinha, subiu no banquinho e violão e passou pela porta da cozinha. Mais ou menos como o mestre João fez em ‘Doralice’. ‘Natural luz’ é o momento intimista do show. Só tem Ellen, seu violão e o público completamente inebriado com aquela presença astral totalmente real, que chega a ser irreal. Se é que deu pra entender... A poesia, a voz, o som, o som, o som...



O álbum tem todos sucessos que você escuta nos shows. Tem o blues meio jazz (ou seria jazz meio blues) ‘Não-lugar’, tem a atriz e a estalactite de ‘Ato II’, e até a regravação do Forró de tamanco’ dos ‘Três do Nordeste’. Mas também tem a clássica ‘Senzala (A feira da Ceilândia)’ que é cantada em uníssono nos shows. Só faltou o samba-rock ‘Eu bebo sim’, que ela usa no bis. É por isso que falei muito do som ao vivo. Para você não perder nunca mais um show dela. Seja você de Brasília, ou não...



Nesse disco, além ‘della’ no violão, tem Rodrigo Bezerra na guitarra, Paula Zimbres no baixo e Célio Maciel na bateria, com a recente adesão de Felipe Viegas nos teclados. Também tem participações especiais de grandes músicos de Brasília, como Moisés Alves no trompete, Bruno Medina no saxofone, Marcos Wander no trombone, Phillipe Alves e Sr. Adalvêncio na sanfona, Dadá de Castro e a performance do GoG.



Em tempo, deixo logo avisado que esse foi um dos textos mais difíceis de escrever da minha vida. Porque eu tive que ter muito cuidado para não usar adjetivos demais para explicar o som da Ellen Oléria. E por isso mesmo vou colocar todos aqui, bem longe do resto do texto. Maravilhoso. Exuberante. Hipnotizante. Flutuante. Cabriocárico. Estrambonático. Palipotético. Estapafúrdico. Antropofágico. Posolométrico. Enfim...



2009 Peça

1. Posso perguntar?
2. Mandala
3. Testando
4. Senzala (A feira da Ceilândia)
5. Brado
6. Ato II
7. Só pra constar
8. Natural luz
9. Não-lugar
10. Prólogo
11. Forró de tamanco
12. Pedro falando com o reflexo
13. Senzala Remix (& GoG) ....

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7.05.2009

SUPER STEREO SURF MUSIC INSTRUMENTAL ROCK

A música instrumental brasileira era exclusiva para os apreciadores. Gente como Hermeto Pascoal, Airto Moreira, Heraldo do Monte ou Theo de Barros. Não à toa eu invoco o nome dos integrantes do Quarteto Novo. Reza a lenda que o Gilberto Gil, após ouvir o disco dos Beatles ‘Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band’, foi falar com esses mesmos caras com a intenção de usar o som do quarteto com elementos de rock e música pop (naquela época esse termo ainda não existia, era apenas um estilo endemonizado por causa do uso das guitarras). Aquela proposta foi uma afronta para o quarteto e eles riram de Gil, que acabou chamando os Mutantes, de Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sergio Dias, e gravaram juntos o disco de 1969, que lançou a canção 'Domingo no parque', e o resto é outra história.

Na nossa história, a música instrumental começou devagar a dar seus primeiros passos em direção à uma sonoridade mais rock ou pop. Jovens tocando chorinho com uma pegada rockeira começaram a fazer muito sucesso. Outros tocando violão com tanta garra e destreza, que mais jovens apareciam fazendo sucesso em carreira solo na música instrumental. Hoje chegou a vez de bandas de rock instrumental, e já podemos ver o surgimento de gente como Macaco Bong, Pata de Elefante, Trilöbit, Hurtmold e Elma, e até o surgimento de um festival voltado para a música instrumental, ‘Produto Interno Bruto’, que já está na segunda edição.

A cidade de Brasília também tem seus representantes de rock instrumental. O Super Stereo Surf faz uma música inspirada no estilo de ‘Misrilou’, que apresentou a surf music para o grande público no filme de Quentin Tarantino, ‘Pulp Fiction’. O clássico de Dick Dale foi composto em 1963, no auge da surfmania dos Beach Boys, mas esse tipo de rock instrumental ficou mesmo em moda após o filme cult. Esse gênero, hoje em dia, atrai muitos jovens para os shows, inclusive a banda brasiliense tocou na pré-estréia do filme ‘Cassino Royale’, reimaginação das aventuras de James Bond com o protagonista interpretado por Daniel Craig. Não por menos, a banda também nomeia suas canções com títulos de filmes clássicos do imaginário popular. Entre os títulos estão ‘O homem de seis milhões de dólares’, ‘Curtindo a vida adoidado’ e até ‘A balada do pistoleiro’.

Então não perca tempo e venha conhecer a surf music do Super Stereo Surf. Eles são Harrisson Azevedo na guitarra esquerda, Márcio Rocha no baixo, Rodrigo Barata na bateria e Alex Maraskin na guitarra direita. Pois o próprio Maraskin veio falar um pouco do último lançamento da banda.

Eu Ovo: Como tudo começou? Quem toca atualmente?
Alex Maraskin:
Começou com os amigos que tocavam em outras bandas e aí foi tendo várias formações o único que está desde os primórdios é o Harrisson. Até chegar na formação atual que é o Harrisson na guitarra esquerda, o Márcio no baixo, Barata na bateria e eu na guitarra direita.

EO: Como surgiu a idéia do Super Stereo Surf?
AM:
Surgiu da vontade de tocar por diversão sem nenhuma pretensão e a coisa foi tomando proporções maiores do que a gente imaginava. E não foi por causa de Misrilou não. A banda tem várias influencias além de surf music, Beatles e Jimi Hendrix são algumas delas...

EO: Como é a resposta do público nos shows? Já que o som é instrumental...
AM:
Temos tido uma ótima receptividade por parte do público que a maioria das vezes nem conhece o gênero surf music, mas gostam muito do lance de ser instrumental e a gente também faz coreografias durante os shows e toca de camisetas floridas. Tem sempre a preocupação de ter algo novo em nossas apresentações, para que o show não seja repetitivo e chato.

EO: Vocês usam algum elemento dos filmes, além dos nomes que batizam cada faixa?
AM:
Não usamos. Na verdade essa idéia de colocar nome de filmes famosos em nossa musicas foi idéia do Roberto (ex-baterista). E deu super certo.

EO: Como é o método de composição das músicas da banda?
AM:
Acho que nada de diferente de outras (bandas), um chega com um riff, que emenda em outra idéia. Geralmente as composições acontecem durante nossos ensaios.

EO: Pirataria ou compartilhamento de arquivos?
AM:
Prefiro pensar em compartilhamento de arquivos. A internet está aí pra ser usada e tirarmos bom proveito disso. E hoje em dia essa ferramenta é indispensável para as bandas alternativas divulgarem seus trabalhos e poderem chegar a lugares antes nunca imaginados.

2009 Antes do Baile

1. Corra Lola corra
2. Thunder, um homem chamado trovão
3. Os imperdoáveis
4. Táxi driver
5. Luar sobre Parador
6. Curtindo a vida adoidado
7. O homem de seis milhões de dólares
8. Los três amigos
9. O rapto do menino dourado
10. A balada do pistoleiro
11. Dick Tracy

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