O que antes era 'Coutto Orchestra de Cabeça' virou apenas 'Coutto Orchestra', para apresentar o álbum de estréia, 'Eletro FUN Farra', cheio de novidades sonoras.
A banda surgiu da cabeça de Alisson Coutto, por causa dos samples e das peças fundamentais que foram se encaixando e orbitando ao redor – como Rafael Ramos (baixo e teclados), Fabinho Espinhaço (bateria) e Vinícius Bigjohn (acordeon e teclados), que junto a Alisson (trombone e samples) formam a 'Coutto Orchestra'.
O som que eles fazem
mistura elementos da música latina com a do nordeste e inclui as
batidas eletrônicas nesse mesmo caldeirão. O novo álbum, 'Eletro
FUN Farra' foi recém-lançado e chega como uma procissão, romaria,
bloco ou cortejo.
Que abre com 'Ladeira',
funcionando como uma overture ou introdução ao percurso que a banda
apresenta. 'Corre' vem em seguida puxando o cordão de foliões, que
ainda não haviam aderido às batidas.
Depois seguem as
canções com nomes de mulheres; 'Forbelle', um xote dos balcãs;
'Cordélia', um tango sensorial; 'Juanita', uma cumbia espacial;
'Flor', de volta ao leste europeu e 'Loretta e Boutique', uma milonga
em xaxado.
'Routine' tem uma bela
melodia para deixar qualquer um assobiando. Os barulhinhos ao fundo
intrigam mais que perturbam e demonstram claramente, que a vida é
cheia de ruídos sonoros.
'Quadrinharia' segue a
mesma linha milongueira com xaxado e serve para dar passagem ao
encerramento do 'Eletro FUN Farra', como fosse mesmo um bloco de rua,
com a oração a 'Dorival Caymmi'.
Alisson Coutto
conversou comigo por e-mail e respondeu algumas questões primordiais
para sabermos quem é ele e o que pretende daqui pra frente.
De onde surgiu a ideia
para a 'Orchestra de Cabeça'?
A 'Orchestra de Cabeça'
surge no momento em que não possuia banda, apenas eu (Alisson
Coutto) produzia as músicas em estúdio e junto com aparatos
eletrônicos construía minha banda, minha 'Orchestra de Cabeça'.
Hoje somos um quarteto,
e ao lançar o 'Eletro FUN' Farra decidimos retirar o nome “de
Cabeça” e assumirmos apenas o nome 'Coutto Orchestra', pois vimos
mais que nunca conseguimos sair de um projeto imaginário, hoje nos
identificamos como banda, montamos nossa micro-big-band, nossa
pequena Orquestra.
Como surgem as canções?
O que vem primeiro, o ritmo ou a melodia?
As canções sempre
surgem a partir de algum estimulo visual ou histórias que ouvimos em
relatos, que se transformam muitas vezes em trilhas sonoras, outras,
em canções quase sem palavras. Geralmente o conto vem antes da
melodia, e quase sempre por último, mas não menos importante, o
ritmo.
Nas composições da
'Orchestra' sempre buscamos fundir elementos daqui (nordestinos e
prioritáriamente sergipanos) com os demais ritmos da aldeia global.
Ao compor não nos preocupamos em seguir uma forma ou rítmica
obrigatória, o que buscamos a risca é apenas comunicar sensações
imagéticas por meio de quase nada, geralmente expressadas em
melodias curtas e repetitivas em um caldeirão sonoro. A silhueta no
lugar da imagem.
Vocês participaram de
vários festivais e feiras musicais... Como foi a experiência?
A cada evento que temos
a oportunidade de viajar, a banda consegue se renovar, oxigenar a
pluralidade que buscamos no nosso som, é impressionante como em
nossas viagens conseguimos (re)avaliar os elementos estéticos,
sonoros, que compõem o nosso trabalho.
De onde veio o
investimento para gravar os EPs? ...e este álbum?
O investimento para
este disco e os anteriores partem de recursos próprios. Através dos
cachês, venda de discos, dentre outros produtos geramos os recursos
para a produção do nosso material de trabalho.
Como vocês lidam com
os downloads gratuitos?
Para nós que somos uma
banda ainda pouco conhecida, o download gratuito é algo muito
positivo e porque não dizer necessário. Disponiblizar gratuitamente
para que as pessoas conheçam nosso trabalho é uma das nossas
principais ferramentas de promoção que temos.
Vivemos em um local
fora dos grandes circuitos e na medida que conseguimos propagar nosso
som para uma quantidade mais ampla de pessoas (e isso o download
gratuito permite bem) facilita nossa circulação.
Apesar de
disponibilizarmos de forma gratuita para download, as pessoas sempre
compram muitos discos nos shows que realizamos, isso nos faz
acreditar que disponibilizar o disco para download funciona muito
mais como um bom “cartão de visita” , ele ajuda a impulsionar
nosso trabalho.
Vejo fortes influencias
de ritmos latinos... Quem mais influenciou vocês?
Nós como músicos
tivemos a oportunidade de tocar individualmente em bandas dos mais
diversos estilos, o que nos possibilitou uma boa vivência e a
oportunidade de apreciarmos a música global de forma ampla,
especialmente a música latina.
O folclore sergipano, o
forró e ritmos latinos como o tango e a cumbia, são elementos
presentes em grande parte das composições do 'Eletro FUN Farra',
entretanto, não fazemos esforços para que esta valorização local
soe aparente, ela vem de forma natural orgânica, não há intenção
de preservação, bandeira ou até mesmo resgate desta latinidade.
Somos latinos de ouvidos e olhos abertos aos sons e rumores do mapa
global. Isso é o que buscamos e nos influencia cada vez mais.
Quais são os planos da
banda?
Após o lançamento do
disco, estaremos entrando na turnê 'Eletro FUN Farra' e na produção
do nosso primeiro video-clipe.
A turnê começa a
partir do dia 18 de outubro, quando lançamos nosso disco em formato
físico, na cidade de Aracaju e partimos inicialmente para shows em
Brasília (DF), Macapá (AP), Olinda (PE) e demais regiões do
Nordeste.
2013 Eletro FUN Farra
1. Ladeira
2. Corre
3. Forbelle
4. Cordélia
5. Juanita
6. Flor
7. Routine
8. Loretta e Boutique
9. Quadrinharia
10. Dorival Caymmi