Cantora paulistana apresenta a voz como instrumento no primeiro disco solo após quase vinte anos de carreira.
A cantora Juçara Marçal começou a carreira com o grupo vocal 'Vésper', com o qual
gravou quatro álbuns. Depois integrou 'A Barca', onde gravou mais
dois discos, para seguir em parceria com Kiko Dinucci, 'Padê', até
formar o trio 'Metá Metá', com a adição do saxofone de Thiago
França.
Quase vinte anos
depois, Juçara lança o primeiro disco solo, 'Encarnado', que
reflete sobre a morte em diversas formas de experiências. Com
arranjos enxutos pela rabeca de Thomas Rohrer, o saxofone e o piano
de bolso do Thiago França, a guitarra de Kiko Dinucci e Rodrigo
Campos, que também toca cavaquinho, e a voz incrível de uma das
maiores cantoras da atualidade funcionando como mais um instrumento.
Tudo começa com 'Velho
amarelo', canção de Rodrigo Campos, que evoca a morte inevitável
com os versos de “quero morrer na América do Sul”. Em 'Damião'
de Douglas Germano e Everaldo Silva, Juçara apresenta a sugestão do
velho ditado de quem bateu também leva, seguida pela romântica
parceria entre Romulo Fróes e Alice Coutinho, 'Queimando a língua'
e depois 'Pena mais que perfeita', composta por Gui Amabis e Regis
Damasceno. 'Odoyá' é uma saudação à mãe Yemanjá de autoria da
própria cantora.
'Ciranda do aborto',
composta por Kiko Dinucci, é uma desconcertante e violenta canção
sobre o tema do título. Nenhum ouvinte é capaz de passar incólume
após escutar os fortes versos da canção, unidos ao arranjo
tenso e pungente, que culminam num explícito catarse caótico.
'Canção para ninar Oxum', de autoria de Douglas Germano, propõe
uma melodia singela, que contrapõe com a dureza da faixa anterior.
A seguir, Juçara
apresenta clássicos de dois grandes nomes da música brasileira,
Itamar Assumpção e Tom Zé, em 'E o Quico?' e 'Não tenha ódio no
verão', respectivamente. Em 'A velha da capa preta', de Siba
Veloso, ela apresenta uma representação popular da morte como
ceifador sinistro. 'Presente de casamento' é uma parceria entre
Thiago França e Romulo Fróes.
O final dá-se com o
duelo da voz de Juçara com o cavaquinho de Rodrigo Campos na canção
de Kiko Dinucci, 'João Carranca'. 'Encarnado' é um disco forte e
opressor, que vai te levar mais fundo e além da experiência
pós-vida. O álbum é um renascimento sustentado pela voz suave e
encorpada de Juçara.
2014 Encarnado
1. Velho amarelo
2. Damião
3. Queimando a língua
4. Pena mais que
perfeita
5. Odoyá
6. Ciranda do aborto
7. Canção para ninar
Oxum
8. E o Quico?
9. Não tenha ódio no
verão
10. A velha da capa
preta
11. Presente de
casamento
12. João Carranca
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