Elomar Figueira Mello é baiano de Vitória da Conquista, estudou arquitetura na cidade grande, mas voltou-se à cultura de seu povo e tornou-se cantador, tocador de viola e trovador. Hoje em dia vive ainda na roça criando bode e fazendo cercas.
Elomar tornou-se historiador de seu povo e sua crença. Passou a cantar a caatinga e o sertanejo. Compôs 11 óperas, 11 antífonas, quatro galopes estradeiros, um concerto de violão e orquestra, um concerto para piano e orquestra, um pequeno concerto para sax alto e piano, uma sinfonia, 12 peças para violão-solo e um cancioneiro de oitenta canções, a maioria já gravada. Dentre suas óperas esta o Auto da Catingueira.
O Auto da Catingueira é desenvolvida através de cinco cantos e uma abertura, onde se desenlaça um ‘resumo biográfico’ da personagem ‘Dassanta’, na ‘Bespa’. Daí Elomar explora um ‘resumo geográfico’ do ambiente no ‘1º Canto (Da Catingueira)’. No ‘2º Canto (Dos Labutos)’, Elomar explora o sertanejo que vive na caatinga. O 3º Canto (Das Visage e Das Latumia) foi dividido em duas partes, ‘Tirana da Pastora’ e ‘Recitativo’ de Dassanta. Com o ‘4º Canto (Dos Pedido)’, Elomar nos presenteia com o mais belo e lírico canto de todo auto. Para encerrar, Elomar apresenta o ‘5º Canto (Das Violas Da Morte)’.
O disco Auto da Catingueira foi gravado na sala da casa de Elomar, ‘Casa dos Carneiros da Fazenda Gameleira’, e contou com a participação de músicos como Jacques Morelembaum no violoncelo, Décio marques e Xangai no coral e o próprio Elomar na viola.
Sua discografia inclui os discos ‘Das Barrancas do Rio Gavião’ de 1973, ‘Na Quadrada das Águas Perdidas’ de 1979, ‘Parcelada Malunga’ em parceria com Arthur Moreira Lima de 1980, ‘Fantasia Leiga para um Rio Seco’ de 1981, ‘Cartas Catingueiras’, ‘Consertão’; com Heraldo do Monte, Arthur Moreira Lima e Paulo Moura; ambos de 1982, ‘Auto da Catingueira’ de 1984, ‘ Concerto Sertanez’ e ‘Sertania’ de 1985, ‘Dos Confins do Sertão’ de 1986, ‘Elomar em Concerto’ de 1990, ‘Árias Sertânicas’ de 1992 e os álbuns gravados em parceria com Xangai, Vital Farias e Geraldo Azevedo, da série ‘Cantoria’, o terceiro exemplar da mesma série foi lançado apenas com Elomar.
1984 Auto da Catingueira
1. Bespa (Abertura)
2. 1º Canto (Da Catingueira)
3. 2º Canto (Dos Labutos)
4. 3º Canto (Das Visage e Das Latumia) Tirana da Pastora
5. 3º Canto (Das Visage e Das Latumia) Recitativo
6. 4º Canto (Dos Pedido)
7. 5º Canto (Das Violas Da Morte)
“A partir dos dezessete, já enveredava-se pelas novelas de cavalaria em leituras longas e sonhadoras. Bate-se frontalmente com a chamada arte contemporânea. Horror à dita cultura estatudinese da América do Norte, o que lhe traz à lembrança palavras de antigas profecias ‘sertanezas’, que sentenciaram: ‘que haverá de chegar um tempo de baixar os muros e levantar os munturos - vivemos o tempo do culto às nulidades. São os minimalismos que estão chegando....’, clama o compositor”.*
* Texto extraído do site do próprio Elomar