12.18.2011

A NIGHTMARE BEFORE CHRISTMAS



‘Lulu’, o disco da união de Lou Reed com o ‘Metallica’ de Lars Ulrich, James Hetfield, Kirk Hammet e Robert Trujillo, deu dor de cabeça aos ouvintes. Tanto os fãs do ‘Metallica’ como os de Reed, torceram o nariz para esse disco, sem mencionar toda a massa-crítica.

A idéia surgiu do fascínio de Lou Reed com duas obras do dramaturgo alemão Frank Wedekind. As peças de teatro em questão são os chamados ‘The Lulu Plays’ (As peças de Lulu em português), que contam a história de uma mulher descrita como “o verdadeiro animal, selvagem, belo espécime e o primor da forma de mulher”.

 

A primeira peça, ‘O Espírito da Terra’ (Erdgeist, no original alemão), descreve a vida de Lulu, desde sua infância cheia de abusos do pai, passando por suas aventuras amorosas entre amantes e maridos mortos, para um final devastador com sua condenação por assassinato – a vítima foi o último marido e primeiro amante, Dr. Schön (o mesmo que a livrou dos abusos do pai e foi seu tutor).

Na segunda peça, ‘A Caixa de Pandora’ (Die Büchse der Pandora, em alemão), conta toda uma série de aventuras e viagens de Lulu, que foge da prisão com o auxílio de suas amantes, as Condessas lésbicas. Primeiro em Paris, mas Lulu não consegue se livrar da vida de proscrita e segue para Londres, onde vira prostituta e morre nas mãos do famoso Jack, o Estripador. Essa peça também virou um filme mudo de 1929, intitulado ‘Pandora’s Box’.

 

Os poemas de Lou Reed são violentos e profanos e podem ser considerados Buckowsckianos em certas partes, como crônicas de um velho safado. Reed conta a história de Lulu ao inverso, começando por uma suíte de abertura, que evoca todo tipo de sórdidas influências, explícitas na frase de abertura, “eu cortaria minhas pernas e tetas fora (I would cut my legs and tits off, em inglês)”, e seguindo para suas reflexões post-mortem em ‘The view’.

Em ‘Pumping blood’, Reed demonstra todo o fascínio de Lulu perante seu assassino, com versos como “I will swallow your sharpest cutter, like a colored man’s dick”, que não me sinto confortável em traduzir, mas seria algo como “vou engolir sua navalha como a porra dum pinto dum negão”. Porra, Lou Reed! Porra, Hetfield!! Porra, Metallica!!! O Lars eu até podia imaginar... Mas, Porra!!!! Caraleo!!!!! Putaqueospariu!!!!!!

 

Em ‘Mistress dread’, Reed canta “I’m a woman who likes men”, numa faixa pesada e rápida. O teor das letras é, de certa forma, constrangedor, mas ao mesmo tempo transgressor por cauda da voz voz rouca e suja de Reed. Já ‘Iced honey’ descreve Lulu como sonhadora, enquanto ‘Cheat on me’ mostra uma amante sentimental contradizendo a esposa ninfomaníaca.

O segundo CD começa com ‘Frustration’, que descreve o desprezo com que Lulu encara seus parceiros sexuais, seguida por ‘Little dog’, antecipando esses sentimentos mundanos, com os quais ela vai passar a encarar todas futuras relações amorosas e sexuais, “Little doggie face to a cold hearted pussy, you could have a taste”, que também nem sei mais como traduzir...

 

‘Dragon’ descreve a adolescência de Lulu e o período em que foi tutelada pelo Dr. Schön – que eventualmente seria assassinado como o terceiro marido. Sua insatisfação como amante, como mulher, como filha e todo sentimento de pertencer à escória da sociedade vêm a tona nessa forte e pungente poesia de Reed, com todo o peso do ‘Metallica’, numa faixa de longos 11 minutos.

A última peça desse literal quebra-cabeça é a canção de 19 minutos, ‘Junior dad’. Uma singela narração poética, que descreve os abusos sexuais do pai de Lulu, e os define como “selvageria psíquica”, vindos da cabeça de um velho safado e lambedor de vulvas menstruadas.

 

Darren Aronofsky já está escalado para dirigir o clipe de ‘Iced honey’, mas já apresentou uma filmagem de Lou Reed com a própria banda tocando ‘The view’, para acompanhar o lançamento do disco.

Reed e o ‘Metallica’ também já se apresentaram tocando ‘Sweet Jane’ e ‘White light/ White heat’, da época do ‘Velvet Undergound’, além de outras faixas de ‘Lulu’.



‘Lulu’ é um álbum que incomoda, tanto pelas letras violentas, quanto pelo som pesado e dissonante, que muitas vezes não combina com a voz de Reed.

O disco é um espetáculo sado-masoquista que mais parece um pesadelo sonoro, bem na véspera do natal. Mas quem sabe no futuro seja melhor apreciado e visto como uma obra clássica repleta de ousadia.  

2011 Lulu (Lou Reed + Metallica)

Disc 1
1. Brandenburg gates
2. The view
3. Pumping blood
4. Mistress dread
5. Iced honey
6. Cheat on me 

Disc 2
1. Frustration
2. Little dog
3. Dragon
4. Junior dad

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6 comentários:

Anônimo disse...

E AI BRUNO, BLZ????

CARA, VC CAIU NA PEGADINHA Q ELES FAZEM O COVER DE NIRVANA, NÉ????

ASSISTA O VIDEO DE NOVO E VERÁ QUE A MUSICA É O NIRVANA AO VIVO E NAO OS LULUZINHOS CANTANDO....

O VIDEO É MONTAGEM E POR VEZES ENGRAÇADO... MAS NAO SAO ELES...

NEM SEI SE VC ASSISTIU, MAS CONFIRA A VERACIDADE, SE OS MOMENTOS DO VIDEO BATEM MSM...

SOBRE O DISCO ELE É UM POUCO CHATO MESMO... MAS LENDO SEU RELEASE DEU PRA SACAR A PROPOSTA D REED E Q SEU PROJETO É 100% COESO E "SOMBRIO"....

SEU RELEASE FOI O MELHOR Q LI E ME FEZ ENTENDER O RESULTADO D SUA LOUCURA OUSADA...

É ISSO...

ABRAÇOS,


LOUIZ

Eu Ovo disse...

hahahahahaha.
foi pegadinha é? nem vi o video do nirvana pra conferir a autenticidade ou não... kkkkkkkkkkkkkkk.

mas vc tem razão - é do nirvana mesmo - tem até um looping falso com o hetfield tocando - vou tirar do texto e tbm o embed do video-fake - quem quiser que veja no youtube - http://youtu.be/0OYj_3CgjiE

mas vou deixar os comentarios aqui para marcar essa historia da pegadinha. hahahahahahaha.

valeu pelo comentario sobre o release - realmente eu ouvi o disco mais atentamente e percebi que a proposta ao menos é totalmente coesa - só por isso já faz o disco valer a pena.

realmente foi uma loucura ousada - quem sabe daqui uns anos pode ser um grande álbum clássico incompreendido.

abração, Bruno

Celso Loos disse...

Nessa época de mp3 fácil, onde baixa-se 40 cds por dia e as pessoas vangloriam-se de ter uma "lista de audição" interminável e que ainda comentam - as vezes - de que vão furar a fila para ouvir disco A ou B (como forma de mostrar certa atenção especial), não me assustaria que a grande maioria tenha ouvido esse disco naqueles fonezinhos de 10 reais.
E justamente aí esta o problema: ouvir Lou Reed de forma superficial é sempre um erro, desde os velhos tempos dos vinis.
Tenho certeza que num futuro não muito longe, a esse disco será dado um valor que hj muitos não deram.
Gostei muito da sua resenha, aonde explica a formatação do disco e a "estória" contada por ele (algo tão dificil nesses dias de som pasteurizado em busca do top 10 das listas)
Prova maior que Reed é gênio que até com o Metalica ele conseguiu extrair um bom som, embora não chegue a ser o melhor disco que foi feito (ou algo parecido com isso), que ele falou para promover o trabalho. Apenas para promover, pois ele é suficientemente inteligente para não acreditar em só próprio.
Grande abraço

Anônimo disse...

Enquanto isso o disco do Gérson...nécas....

Edson d'Aquino disse...

E aê, Brunão? Tudo bacana?
Antes de baixar esse trabalho conjunto de 2 dos maiores ícones do rock em todos os tempos, procurei me contextualizar na proposta -aliás, este é um procedimento que adoto recorrentemente- mas, mesmo assim, achei o resultado muito fraco. A despeito da ousadia e da poesia sempre afiada de Reed, o resultado ficou muito aquém do esperado.
Sei lá, como vc bem disse, pode ser que uma revisão daqui a uns 10 anos o coloque num patamar meio cult mas duvido. Afinal, se 'Drama'(Yes) e 'Come Taste The Band' (Deep Purple) conseguiram sair do limbo ao qual foram condenados à época de seus lançamentos, não há pq o mesmo não venha a acontecer com esse 'Lulu'. Como não consegui ser tão condescendente com aqueles citados, acredito que continuarei imune a este também.
Mas seu texto está primoroso e certamente conseguirá atrair o interesse de muitos para este disco. Bem...sempre haverá os que não ouviram mas não gostaram, né?
[]ões

Fábio RT disse...

Gostei muito desse disco