O ETNO é formado por Tiago Freitas, no vocais, Iano Fazio, no baixo, Vitor Fonseca, na guitarra, e Tiago Palma, na bateria.
A banda faz um som pesado com letras inteligentes que misturam várias influências e culturas. Recém lançaram o primeiro disco, intitulado ‘Revolução Silenciosa’.
Saiba um pouco mais sobre essa banda, nessa conversa com Tiago Freitas, vocalista do ETNO.
Tiago Freitas: ETNO é um radical grego que remete aos conceitos de povos, culturas e sociedades. No nosso vocabulário cotidiano, por sua vez, quando utilizamos esse termo sempre fazemos referência a algo que é diferente, fora dos padrões ou até mesmo exótico. Esse nome, portanto, já mostra parte de nossa ideologia. Nós acreditamos que as diferenças existem para que possamos melhorar as coisas, pra que possamos construir algo juntos. Os preconceitos existem porque as pessoas têm medo do que é diferente e é exatamente isso que nós desafiamos com a nossa música.
EO: Como vocês se conheceram?
TF: Eu e o baixista Iano Fazio nos conhecemos aos 12 anos de idade na escola no primeiro grau. A gente sempre andou junto desde aquela época, seja pra estudar ou pra jogar bola no recreio. Quando surgiu o interesse pela música não foi diferente, com pouco tempo de prática no instrumento nós já tínhamos uma banda com música própria e tudo mais. A gente se divertia muito tocando, mas não fazíamos muitos shows. Mesmo assim considero que ter começado a atividade musical com uma banda formada por bons amigos me amadureceu muito em diversos pontos. Muitas crianças começam a tocar e só depois de muito tempo conseguem formar uma banda. No caso eu e o Iano começamos a tocar justamente pra ter uma banda.
O ETNO foi o amadurecimento dessa semente musical que plantamos no colégio, no entanto agora nós tínhamos idéias e conteúdo pra falar nas nossas músicas. Eu lembro o primeiro ensaio do ETNO, foi em março de 2002. Nós não sabíamos qual o som que iríamos fazer. A gente só queria fazer algo que fosse intenso e que tivesse uma mensagem interessante e reflexiva pro público. E posso dizer que deu certo, pois com menos de um ano de atividade nós conseguimos ser escalados pra se apresentar no Porão do Rock em 2003 e ganhamos o festival do colégio Objetivo nesse mesmo ano.
Foi um inicio muito empolgante, no entanto algumas divergências musicais e ideológicas começaram a aparecer juntamente com o respeito do público e as oportunidades pra tocar. Em momentos crucias da carreira da banda tivemos que enfrentar mudanças na nossa formação. Hoje sei que essas coisas acontecem com frequência nesse meio. Foi duro abandonar grandes amigos, mas foi assim que tive a oportunidade de conhecer e me tornar parceiro do baterista Tiago Palma e do guitarrista Vitor Fonseca. Eles impulsionaram muito a banda e hoje somos uma família, um quarteto muito integrado.
EO: Quais são as suas influências? O que você ouve em casa?
TF: Bom... Comecei a minha trajetória de atuante na música com o Rock. No começo tive muita influência de Metallica, Pearl Jam, mas sempre ouvi os discos do meu pai que iam de Michael Jackson a Ed Motta. Eu já tive a minha fase de adolescente metaleiro radical e hoje me considero eclético. Ouço muito Lenine e Dave Mathews Band.
Em geral todos da banda já tiveram uma fase mais extrema e hoje como músicos profissionais acabaram agregando novas influências. O baixista, por exemplo, tem uma ligação forte com o Rap e com o Reggae, o baterista já curte uns sons experimentais e algumas bandas mais alternativas e, por fim, o guitarrista possui muita influência do Jazz e da Bossa Nova.
EO: Você se incomoda com futuras comparações com o System of a Down?
TF: De nenhuma maneira. O System of a Down é uma das bandas mais interessante dos últimos tempos. Eles fazem um som intenso cheio de personalidade e misturam musica Ocidental com Oriental e alem disso tudo, possuem muitas letras contestadoras e inteligentes. Hoje falta muita coisa pro Rock nacional. As bandas novas que estão na grande mídia se preocupam mais com o visual que com o conteúdo. Se o ETNO é comparado ao System of a Down vejo isso como um bom sinal.
EO: É você que escreve as letras? O que você costuma ler?
TF: A maioria das letras eu divido a autoria com o baixista Iano Fazio, no entanto o baterista Tiago Palma também da sua contribuição com belíssimos versos. O nosso processo criativo é bem tranqüilo desde que seja produtivo, então quanto mais conteúdo for gerado melhor.
Quanto às leituras, posso dizer que a banda inteira vai bem. Cada um tem suas preferências até mesmo pela formação que tivemos. O Iano, por exemplo é formado em história e costuma ler livros de Sociologia, Antropologia e Literatura. Sempre aparece algo de Eric Hobsbawm ou Clarice Lispector em suas falas. O Tiago Palma tem uma influência muito forte dos quadrinhos norte-americanos e de livros de ficção cientifica. Sei que ele curte muito o trabalho de Frank Miller. Eu sempre tive uma paixão pela poesia, principalmente a do período Romântico e do Modernismo. Castro Alves que fez a obra 'O Navio Negreiro' e Manuel Bandeira são grandes autores na minha opinião. O Vitor é um músico acadêmico, por tanto ele procura muitas leituras sobre áudio e sonorização, mas de uma forma geral todos lêem romances ou quando não tem tempo, um jornal ou uma revista para se manter informado.
EO: Porque letras nos diversos idomas?
TF: Os diversos idiomas ilustram o próprio conceito que a banda tem de agregar as diferenças, algo semelhante ao trabalho que o Manu Chao faz. Pensamos em difundir nossas musicas mundialmente, mas não como uma banda que quer se enquadrar em qualquer cenário, e sim como uma banda que já possui essas diferenças naturalmente.
Além desse motivo ideológico e estético, existe também a história pessoal dos integrantes do grupo. Eu já viajei diversas vezes pra Espanha, EUA, e inclusive tenho parentes fora do país, o baterista morou muito tempo no México, no Panamá e também nos EUA, o baixista morou muito tempo na Espanha quando criança e já visitou países como a Argentina, Costa do Marfim e a República Tcheca. Somos por tanto naturalmente cosmopolitas e isso se reflete em nosso trabalho artístico.
EO: Como você lida com essa blogosfera? Onde os discos saem para download antes mesmo de serem lançados?
TF: A forma com que o mundo se comunica hoje mudou muito. Eu lembro de brincar com os discos do meu pai e do meu espanto com os primeiros videogames que tive. A minha geração viu a internet nascer, viu o surgimento do youtube, google e orkut. Nós ainda não sabemos os efeitos reais dessa verdadeira revolução tecnológica que estamos presenciando, mas de alguma forma como artista e comunicador tenho que estar atento às mudanças e trabalhar para sempre ter a tecnologia ao meu favor. A informação, seja uma noticia, um vídeo ou uma música, não tem mais barreiras físicas, não há mais limites para o seu alcance potencial. A censura feita pelo governo chinês na internet, por exemplo, um dia vai acabar pela impossibilidade de controle total e o mercado da música vai ter que obrigatoriamente se adequar aos novos tempos.
EO: Você vê algum problema com os downloads gratuitos dos discos? Você acha que isso prejudica algum artista que vende bem?
TF: Não vejo problema em que pessoas realizem downloads gratuitos de qualquer conteúdo na internet. É até uma forma de democratizar a cultura, pelo menos entre os que de alguma forma possuem acesso à internet. No caso do mercado musical, o disco físico é apenas mais um dos produtos gerados pelos artistas, que podem ser desde um vídeo, uma imagem, uma roupa, uma música ou até mesmo tudo junto de uma vez só. O importante é que o artista tenha o seu trabalho divulgado e que ele consiga por meio de seus produtos conquistar um público fiel. O artista que possui um público formado consegue ter o seu trabalho remunerado de forma digna. Quem vende bem hoje, vai continuar recebendo bem porque as pessoas procuram esse artista naturalmente. O público de um artista sempre quer ter a oportunidade de ver ou ouvir o trabalho que aprecia. Espero que o ETNO consiga se atualizar constantemente pra formar o seu público fiel e ser bem sucedido no mundo artístico.
2008 Revolução Silenciosa
1. Siglos
2. A mesma dor
3. Equilibrio
4. Revolução silenciosa
5. Mito
6. Recall
7. Guerra sem fim
8. Moi et le monde
Abaixa aqui no Eu Ovo
4 comentários:
Som incrível, letras inteligentes e inteiramente novo, parabéns pra banda ! e pro blog pela divulgação
Acompahei o início da banda e hoje fico muito feliz ao ver o desenvolvimento e amadurecimento do trabalho feito por eles!
Parabéns meninos!!! Muito sucesso pra vcs!!!
Beijos, Mari Juras
Parabéns a banda pelo trabalho.
Não só torço, como tenho certeza do sucesso de vocês.
abraços em todos
FELICITACIONES POR EL BLOG
AMO LA MUSICA,,,AMO EL BLUES,,,AMO BRASIL
Andrea Fichera y Dr Morza
http://dr-morza.blogspot.com/
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