4.10.2018

ADMIRÁVEL MUNDO ENGANO DA BANDA EDDIE

A banda ‘Eddie’ está sempre em atividade, pra frente e sempre apresentando um rock eficiente e clássico.


A mistura eficiente entre frevo e surf-music definiu o estilo da banda e determinou uma identidade única, que pode ser reconhecida nos primeiros acordes. A banda ‘Eddie’ é desde Fábio Trummer na guitarra e vocais, André Oliveira no trompete, teclados e samplers, Alexandre Urêa nos vocais e percussão e os irmãos Bob Meira no baixo e Kiko Meira na bateria. Trummer está sempre atento e compondo pérolas eficientes que no futuro serão entoadas em uníssono pelas plateias brasileiras nos espetáculos sempre lotados.

O novo álbum intitulado ‘Mundo Engano’ foi produzido por Pupilo da ‘Nação Zumbi’. Um namoro antigo como bem explica Trummer, “além da amizade e da admiração mútua, existe também afinidades estéticas. Pensamos em fazer um álbum sem pressa, com tempo para lapidar cada ideia gerada no processo que durou um ano e dois meses entre gravar uma demo, feita por mim e Pupillo, e arranjar com a banda as faixas e gravar tudo, mixar e masterizar, demos ênfase as vozes, e buscamos uma timbragem original, somente nossa, para os instrumentos, e assim tentar manter nossa identidade estética.  Gravamos quase todo em São Paulo e alguns complementos em Recife e Olinda, Pupillo sugeriu fazer um trabalho tendo o ‘Eddie’ como referência, nossa própria obra, e tentar diferenciar dos outros na criação de beats e instrumentos que nunca havíamos usados antes nas nossas gravações”.

 O álbum é recheado de belas composições de Trummer. “Nossa busca por nossa autoria no universo das bandas tão marcado por usar referências de estrelas do mercado fonográfico”, ressalta Trummer, que ainda completa, “não existe um conceito que amarre o álbum, gostamos de trabalhar a partir de um, mas neste sétimo lançamento fizemos diferente, apesar de ter meio disco dedicado ao mar”.

Foi em uma conversa via e-mail que vieram à tona diversos elementos que definem bem o som da banda ‘Eddie’, na voz (ou nas letras) do próprio Trummer.

Você vem misturando cada vez mais estilos e ritmos nas canções da banda ‘Eddie’. Pode dar alguns exemplos?

Usamos um leque de referências menos engessada, mais a ver com nossa formação ou informação cultural enquanto brasileiros, a musica pop global é posta em rótulos e sofre uma pressão para se manter dentro destas embalagens, a gente quer sair desse quadrado, fazer uma música pop genuinamente nacional, falar de dentro pra fora e ousar criar novas ruas e avenidas para guiar a musica universal, entendemos que dessa maneira atingiremos muito mais ouvidos e de quebra satisfazemos nossos instintos que são frutos de uma miscigenação tão eclética, coisa comum num lugar colonizado por mercados estrangeiros super poderosos e que tem uma cultura própria muito rica de originalidade. Não gosto muito do termo "mistura" pois tudo é feito de maneira espontânea e concisa, é menos uma colcha de retalhos e mais uma nova estamparia o que fazemos, é menos olhar o que já foi feito e mais olhar o que podemos fazer de novo.

Tem algum ritmo ou estilo que você ainda não obteve sucesso em misturar? Ou que jamais tentaria essa mistura?
 
Não dominamos ritmos ou gênero musicais estabelecidos como o rock, o frevo, o samba, maracatú (este nunca nem usamos como referencia) etc, fazemos música a partir destes enfoques, destas generalizações estéticas, na musica autoral quando se olha de perto, cada autor é dono de seu ritmo orgânico e não de um ritmo estabelecido, se temos tantas coisas diferentes na nossa música é por termos uma curiosidade por um universo cultural maior, ouvimos coisas novas com o passar do tempo e temos sempre uma vontade de ir em direções diferentes para não cansar e se repetir, acho que é isso que acontece, costumo pensar que temos a nossa própria musica, a musica do Eddie, e transitamos com ela em trajes de acordo com o ambiente visitado.

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Trummer ainda ressaltou a fórmula não-convencional de acordes e harmonias que toda banda segue na hora de criar os arranjos e tocar. “Faz parte da escola autodidata que é a nossa formação, cada um de nós tem sua própria maneira de tocar e somente ela, a junção destas 5 maneiras próprias é quem faz a música que somos, a marca registrada da nossa criação, não conseguimos ir além desta característica, é a nossa limitação benvinda”.

A abertura do álbum revela o tema corrente neste petardo, ‘A Correnteza’ é uma balada pop com participações de Frederica Bourgeois na flauta e Nilson Amarante no trombone. A canção dialoga com a ilustração da capa de autoria de Helder Santos – um barco a deriva empurrado por uma mão, representando uma onda do mar.

‘O mar apaga’ é um sambinha surf-music bem no estilo das composições de Trummer que criaram toda essa sonoridade característica da banda ‘Eddie’. E como não para nunca, Trummer está sempre conversando com novos estilos e misturando novos ritmos na receita da banda, ‘Dobro a esquina’ é um merengue sônico com batida brasileira pernambucana.

‘Girando o mundo’ tem o famoso estilo ‘Eddie’ de misturar frevo com surf-music, seguida pelo roquezinho antigo ‘O mar lá fora’, com Martin Mendonça no violão de aço. ‘Brooklin’ trás a parceria com Jorge Dupeixe, nos vocais e composição. ‘Medo da rua’ é um afro-samba-jazz com tempero ‘Eddie’.

‘Vivo tendo fogo’ tem uma latinidade latente e quase que era um arrocha. ‘Para Iemanjá’ composta em cima do poema de Marcelino Freire é um sambinha choro com participação de Everson Pessoa no violão de 7 cordas e evidencia os maus tratos do homem com o mar.

‘De pouco em pouco’ é uma salsa-jazz com Guga Assis Brasil no violão de 12 cordas. O disco tem outras participações especiais de gente como Maurício Fleury, Tiné, Ganga Barreto e a Orquestra de Frevo Henrique Dias.

No final de tudo... Trummer ainda agradece a atenção em mensagem comentando a eficácia da banda em tudo que propõe. “Alguém tinha que manter essa eficiência toda”, encerra ele e ainda enfatiza os planos para o futuro, “Tocar pra mais gente, gravar mais álbuns, buscar cada vez mais nossa essência, manter nossa união em grupo, assimilar novas referências, e tocar e cantar melhor nossas idéias musicais”.

2018 Mundo Engano

1. A correnteza
2. O mar Apaga
3. Dobro a esquina
4. Girando o mundo
5. O mar lá fora
6. Brooklin
7. Medo da rua
8. Vivo tendo fogo
9. Para Iemanjá
10. De pouco em pouco


Um comentário:

Sergio Oliveira disse...

A banda é legal, só precisa de marketing para mostrar as pessoas certas quem gosta desse estilo de música.

http://secretosdemusica.com/pilares-do-canto/