Banda 'Cérebro Eletrônico' lança álbum inspirado em momento singular e reforça o teor psicodélico e místico da própria discografia.
O som da banda 'Cérebro Eletrônico' é diferente de toda psicodelia dos outros representantes deste estilo musical. Eles conseguem fazer canções extremamente populares e experimentais, recheadas de efeitos e barulhinhos característicos do consumo de psicotrópicos.
A banda segue a mesma
trajetória cronológica e coerente, que pode ser conferida desde o
primeiro álbum, 'Onda Híbrida Ressonante' – apenas com as
guitarras de Tatá Aeroplano e Fernando Maranho – no segundo
'Pareço Moderno' – com novos integrantes: Dudu Tsuda nos teclados,
Isidoro Cobra no baixo e Gustavo Souza na bateria (que permanece na
banda até hoje) – e em 'Deus e o Diabo no Liquidificador' – com
Fernando TRZ nos teclados e Renato Cortez no baixo.
Neste álbum, 'Vamos
pro Quarto', os cinco integrantes fizeram um retiro no recanto rural
de 'Mestre Piu', nas montanhas de Bragança paulista. Foram três
dias de muita chuva, muito tédio, brincadeiras e sons. Desse período
surgiram as nove canções que compõe o disco, que funciona da mesma
forma que a discografia da banda. É um petardo sonoro, que segue uma
linha melódica, como fosse uma psico-ópera.
Tudo começa de maneira
bucólica em 'Um brinde aos pássaros', canção rural bem-humorada
que enaltece a cachaça e os apreciadores da bebida. 'Seus papos não
colam' segue uma linha evolutiva e rítimica com a faixa anterior, e
também explode num final crescente e apoteótico. O álbum segue num
contínuo movimento rítimico crescente, comprovado na faixa
seguinte, 'Não bateu', canção com letra envolvente e cheia de
referências e influências – das gírias, outras canções ao
cancioneiro francês.
'Oh! My Lou' é um
interlúdio com letra em inglês e um suave toque psicodélico no
solo da guitarra de Maranho. 'Libertem os Faunos' é uma “ópera
lúdica” e lírica, seguida por 'Tristeza retrô' funcionando como
um epílogo perfeito de extrema histeria. O disco segue com 'Canibais
ancestrais', uma canção popular de simples luxúria.
'Egyptian birinights' é
um mantra no melhor estilo psicodélico dos anos 60. Segue a
narrativa de 'A internet parou', canção que encerra o álbum de
forma catártica e hipnótica. Há ainda uma faixa escondida, 'No
quartinho', que é uma colagem de levadas e climas diferentes, numa
compilação de takes (ou ideias) não utilizados – na velocidade
de um controle-remoto.
'Vamos pro Quarto' é
um disco para se aproximar aos poucos e deixar-se levar suavemente
pela caudalosa psicodelia da banda 'Cérebro Eletrônico'. Um novo
clássico da música brasileira. Uma obra para ouvir sempre na
sequência – inúmeras vezes...
Em tempo, a capa é do 'Jardim de Delícias', do Bosch – e reflete bem o clima do álbum...
2013 Vamos pro Quarto
1. Um brinde aos
pássaros
2. Seus papos não
colam
3. Não bateu
4. Oh! My Lou
5. Libertem os Faunos
6. Tristeza retrô
7. Canibais ancestrais
8. Egyptian birinights
9. A internet parou
10. No quartinho
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