Não sou muito fã das respostagens, mas diante da véspera de um show da banda Eddie nesta segunda-feira, em Brasília, vamos ler o que o Fábio Trummer tem a dizer sobre o recém-lançado disco 'Carnaval no Inferno'. Também vamos ouvir - que na minha humilde opinião - foi o melhor lançamento de 2009. Com vocês, Eddie e seu 'Carnaval no Inferno', mas fiquem também com os outros discos da discografia dessa banda pernambucana.
Eu Ovo: Vocês lançaram duas músicas naquela coletânia 'Brasil Compacto'. 'Falta do sol' e 'Quando a maré encher'. Porque demoraram tanto tempo pra lançar o primeiro disco?Fábio Trummer: O Brasil compacto foi nosso primeiro registro em CD, na época a ‘Rock it’, selo que lançou o CD não quis contratar a banda e dai fomos atrás de gravadora até que rolou a ‘Roadrunner’ com quem gravamos o ‘Sonic Mambo’, nosso primeiro trabalho lançado oficialmente, dois anos depois do ‘Brasil Compacto’ em 98.
EO: Porque vocês lançaram 'Falta do sol' apenas no disco 'Original Olinda Style', de 2003? Quase 10 anos depois...
FT: Quando gravamos o ‘Sonic Mambo’ não queríamos regravar as musicas do ‘Brasil Compacto’, no ‘Original Olinda Style’ gravamos ‘Falta de sol’ por ter muito haver com o assunto titulo do CD que era Olinda.
EO: Porque vocês demoraram mais ainda para gravar 'Quando a maré encher'?
FT: ‘Quando a maré encher’ nos gravamos no ‘Metropolitano’ pra aproveitar o gancho da mídia, por ter sido gravada por Cássia Eller e Nação Zumbi, e tem até banda de axé que canta essa música. Sabíamos que seria uma maneira que iriam usar pra mapear o que era o Eddie, como de fato aconteceu, 90% das matérias sobre o ‘Metropolitano’ falaram disto e ganhamos algum destaque em algumas publicações por conta do fato. Adoro a versão da Nação Zumbi. A nossa versão é igual a de quando compomos a musica lá pelos anos 94/93 época das demos que gravamos, foram duas K7s diferentes naqueles tempos.
EO: Suas canções ficam muito diferentes na voz de outros interpretes. Como é o caso de 'Quando a maré encher' e até 'Ontem eu sambei' na voz do Wado. O que você acha disso?
FT: Verdade. As nossas músicas ficam diferentes com outras pessoas, acho que é por que usamos um sistema de acordes e harmonias que não é convencional. Não seguimos algumas regras da música acadêmica e isso faz com que tenhamos uma sonoridade própria, difícil de fazer igual.
EO: Considerando que o período entre um disco e outro da banda diminuiu... Podemos esperar um novo disco do Eddie para 2010?FT: Não sei bem o que vai acontecer com o
Eddie, quais serão nossas agendas, quero dar atenção ao exterior novamente. Já que este ano paramos pra gravar, quero fazer um trabalho meu também e gravar um trabalho interpretando frevos com o
Eddie, mas devemos ter coisas novas no máximo em 2010.
EO: Qual é a formação atual da banda? Porque a formação original já era, né?
FT: A formação atual é a seguinte; Rob e Kiko Meira, baixo e bateria (entraram na banda em 2000), Alexandre Urêa na percursão (2002), Andret no teclado e trompete (2004). A formação original da banda se desfez, pois éramos estudantes e algumas pessoas não assumiram a música como profissão e seguiram carreiras acadêmicas etc. Outros não tinham disciplina para o trabalho, outros desistiram de tocar os instrumentos que tocavam na banda, outros ainda por diferenças musicais, mas algumas são parceiras até hoje, como a Karina Buhr que canta no ‘Carnaval no Inferno’ e ‘Original Olinda Style’ e Erasto Vasconcelos, Roger Mam e Berna Vieira que produziram comigo parte do ‘Metropolitano’ e ‘Carnaval no Inferno’.
EO: Você acredita que a divulgação na internet (download gratuito) ajuda o artista, muito mais que atrapalha... Como você lida com isso? Acha importante essa movimentação de bloguis, torrents, p2p etc?
FT: Acho super importante, as pessoas só têm um ângulo de visão do “mercado da musica" que é através das gravadoras e que até ficam cegas pra ver a música que não faz parte desta indústria no Brasil e fora. Eu particularmente acho que a musica tem que andar por ai, e quanto mais maneiras de espalhar melhor. Enquanto a venda de CDs, que é importante pra gente, ela continua. Quanto mais gente conhece o nosso som, mais CDs e SMDs são vendidos.
EO: Como foi a produção desse disco? Quem participou do disco? Em que canções?
FT: Este foi o trabalho que mais me envolvi, e sempre estive a frente das gravações e gerenciamentos dos nossos CDs, mais este até na parte das composições foi mais solitário, tivemos algumas participações, Junio Barreto (‘Quase não sobra nada’), Erasto Vasconcelos (‘Metrodux’ e ‘O baile Betinha’), João Carlos (fez os violoncelos do CD), Curumim (bateria em ‘Bairro Novo’ e ‘Gafieira no Avenida’), Karina Buhr (‘Bairro Novo’, ‘O baile Betinha’, ‘Eu tô cansado dessa merda’). Mas a idéia era fazer com a banda mesmo, para preservar nossa energia ao vivo. Estamos numa boa fase com uma formação já há algum tempo tocando juntos. Fiz quase tudo, da parte burocrática, musical e financeira, gravamos tudo por nossa conta e sempre é bom saber de tudo que acontece pra musica chegar em formato CD nas lojas e nos ouvidos.
EO: ‘Carnaval no Inferno’? Não acha um nome muito forte e pessimista? Engraçado que há uma música no último disco do Nação Zumbi, onde o Du Peixe canta “Inferno” no refrão...
FT: Para um cristão pode parecer pessimista, o "inferno" do nome, mas ele é carregado de simbologia para o bem e para o mal. De certa forma algumas musicas do trabalho refletem uma realidade dura, outras sentimentos introspectivos, mas queríamos usar o contraditório, o “inferno” também pode ser entendido como na expressão "o show é infernal" ou "este samba é dos inferno".
EO: Quais são algumas influências que estão no disco novo?
FT: Academia da Berlinda, Beirut, Siba e Fuloresta do Samba, The Smiths, Canhoto da Paraiba e Cartola, Chavela Vargas, David Bowie... Estas são algumas coisas que andei ouvindo na época que estava gravando.
2008 Carnaval no Inferno 1. Bairro Novo/ Casa caiada
2. O baile Betinha
3. Quase não sobra nada
4. Carnaval no inferno
5. Metrodux
6. Nada de novo
7. Desequilibrio
8. Eu tô cansado dessa merda
9. Dessa vez foi demais
Abaixar 2006 Metropolitano
1. Metropolitano
2. Maranguape
3. Fuleragem
4. As flores e as cores
5. Lealdade
6. Danada
7. P-nós 2
8. As lombrigas e os vermes
9. Probabilidade
10. Ontem eu sambei
11. Vida boa
12. As moscas bateram as asas
13. Quando a maré encher
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2003 Olinda Original Style
1. Eu sou Eddie
2. Sentado a beira do rio
3. Peixinhos
4. Pode me chamar
5. O amargo
6. O céu
7. Radistae (Instrumental)
8. Urubu garibu cachorro e gente
9. Não vou embora
10. Olinda cidade eterna
11. Eu Iá
12. Futebol e mulher
13. Falta de sol
14. Guia de Olinda
15. Urubu garibu cachorro e gente (Remix Berna Vieira)
16. Guia de Olinda (Remix Bomsucesso Samba Clube)
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1998 Sonic Mambo
1. Videogamesongs
2. Pedra
3. Buraco de bala
4. Sonic mambo
5. O dia passa
6. Festejem
7. Os pés à jato
8. Eu só poderia crer
9. Coqueiros
10. Olhando os dentes
11. Artú
12. Ontem eu sambei
13. Sofistic balacobaco
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1995 Brasil Compacto
1. Falta do sol
2. Quando a maré encher
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