2.20.2010

SAUDADES DO PAULINHO... TÁ SABENDO?

“A face do meu canto é a neura existencial, o conteúdo do cotidiano, o dia-a-dia da vida – A eletrônica está substituindo o coração – A inspiração passou a depender do transistor. O poeta de aço, de poesia programada. É demais para o meu sentimento...”

Arnaud Rodrigues foi o herói comediante que não teve tempo de fugir da fatalidade que foi sua morte, num naufrágio na noite de terça-feira de carnaval, do dia 16 de fevereiro de 2010. Nascido em Serra Talhada (PE) no ano de 1942, foi cantor, comediante, compositor e autor.

Foi roteirista do programa do Chico Anysio, ‘Chico City’, e foi lá que junto com Anysio criou uma homenagem aos baianos recém exilados, Caetano e Gil, e aos Novos Baianos, com ‘Baiano e os Novos Caetanos’. Nessa dupla, Chico Anysio, era o Baiano, e Arnaud fazia o Paulinho.

“A morte, a falta de sorte. Eu tô vivo... Tá sabendo? Vivo sem norte, vivo sem sorte... Eu vivo! Eu vivo, Paulinho... Aí a gente encontra um cabra na rua e pergunta: Tudo bem? Ele diz pra gente: Tudo bem! Não é um barato, Paulinho? É um barato...”

Gravou o primeiro disco sob influência do som da Pilantragem, representado na época por Wilson Simonal, o álbum ‘Sound & Pyla’. Depois veio ‘Murituri’, que já trazia uma certa psicodelia nordestina. Esse disco tinha participação de grandes feras da música brasileira. Nos sopros gente como Márcio Montarroyos, Léo Gandelman e Paulinho do Trumpete. Nos teclados tinha Zé Roberto Pastrane, do ‘Azymuth’. Nos vocais femininos, o disco contava com Jane Duboc, Rosana e o Trio Ternura.

Também fez a primeira trilha sonora exclusiva para uma novela na televisão, ‘Tilim’. “Eu sabia na época que quando os americanos iam lançar um filme, lançavam seis meses antes um LP com a trilha. De modo que quando o filme saía, as músicas já faziam sucesso. Então quando as pessoas iam ver o filme, não era nem por conta do filme e sim pelas músicas. Foi assim que pensei: ‘Por que não fazer um negócio desses aqui também?’”.

Arnaud ainda colaborou com a trilha sonora de dois filmes dos Trapalhões, em 1984 n‘Os Trapalhões e o Mágico de Oróz’ e n’A Filha dos Trapalhões’. Em ambos os filmes, Arnaud compôs a trilha, adaptou o argumento e participou como ator, criando pelo menos um personagem querido pelo público, o ‘Soró’ do filme baseado n’O Mágico de Oz’. Enquanto o filme ‘A Filha dos Trapalhões’ foi baseado n’O Garoto’ de Charlie Chaplin.

Também fez novelas e programas humorísticos na televisão. Sempre encarnou o nordestino quieto e tranqüilo e como quem não queria nada... Fazia rir com muita simplicidade. Ultimamente morava em Palmas, capital do Tocantins. Nem Deus sabe porque? Mas ele mesmo explica como quem não quer nada...

“Uma vez eu vim fazer uns shows aqui e quando desci do aeroporto e entrei num táxi, a primeira coisa que eu vi foi um pé de pequi com duas rolinhas num galho. Me lembrei imediatamente do Pajeú e pensei: ‘É aqui que eu vou ficar!’. Aí fui ficando e terminei ficando por aqui mesmo.”

1970 Sound & Pyla

1. Turma do pô, yeah
2. Tema de Cristina
3. Sound & pyla
4. Um tanto emocionado
5. À espera de um beijo teu
6. Projeto Appolo (minha canção é um jornal)
7. Reginella
8. Mônica
9. O que ficou
10. Big mama
11. Esse mundo é nosso
12. Tributo ao sonoplasta

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1970 Tilim (Trilha Sonora)

1. Tilim
2. Lot
3. Rúas
4. Imaxinación
5. Lady fingers
6. Seven seas symphony
7. Mamá Adriana
8. Tema de Victor
9. Brincando de brincar
10. Cris e Raul
11. Tema de Anita
12. Eu, tilim

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1974 Murituri

1. Nêga
2. Esse é eu
3. Na praia de Boa Viagem
4. Chegou da Bahia
5. Conscachá, fimará (magnífico)
6. Murituri
7. Antonio Nepomuceno
8. Sociedade de consumo
9. Tá

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1974 Compacto

1. Folia de reis
2. Urubu tá com raiva do boi
3. Ciranda
4. Véio Zuza

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1974 Baiano e os Novos Caetanos

1. Vô batê pa tu
2. Nêga
3. Cidadão da mata
4. Urubu tá com raiva do boi
5. Aldeia
6. Ciranda
7. Folia de reis
8. Véio Zuza
9. Selva de feras
10. Tributo ao regional
11. Dendalei
12. Entardecer na fazenda (bônus track)
13. Hino do Vitória (bônus track)

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1975 Azambuja & Cia (com Chico Anysio)

1. Nega brechó
2. Ao bililico
3. Tema de Azambuja
4. Monólogo nº 1
5. Maristela
6. O poste da rua Jorge de Lima
7. Verde
8. A turma
9. Monólogo nº 2

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1975 Baiano e os Novos Caetanos 2

1. Perereca
2. Ameriqueiro
3 Forró
4. Sete luas
5. Entardecer na fazenda
6. Yo no quiero saber
7. Três macaquinhos
8. Ciranda
9. Apocalipse
10. Violamania
11. Samba-choro

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1976 Som do Paulinho

1. Som do Paulinho
2. Rock de Minas Gerais
3. O dia que o diabo roubou o bar do português
4. Em cima daquele morro
5. Sete de setenta e oito
6. Índio do Uruguai
7. Teté das lendas rurais
8. Mercado São José
9. Negro pescador
10. Gaivota humana

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1979 Redescobrimento

1. Redescobrimento
2. História infantil
3. A volta de Lampião
4. Melô do U
5. Clima batuqueiro
6. Oasis
7. Banda dos desejos
8. Cigano real
9. Grilo
10. Embolada
11. Só penso em você

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1982 A Volta (com Baiano e os Novos Caetanos)

1. Buchada
2. Painho
3. Pindorama
4. Mexendo com as menina
5. Beija-fulo
6. Fauna
7. Só pá dá um toque
8. Caminhoneiro
9. Casamento do sapo
10. Arriscando um jejum
11. Forrofofó
12. Vida caipira

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1984 Os Trapalhões e o Mágico de Oróz

1. Os animais (Os Trapalhões)
2. Os carcarás (Tony Tornado)
3. Cachorro magro (Os Trapalhões)
4. Conseguimos (Os Trapalhões)
5. Estradão (Didi, Arnaud & José Dumont)
6. Retirada (Didi, Arnaud Rodrigues & José Dumont)
7. A multiplicação dos frutos (Jessé)
8. Centro da cidade (João Fernando)
9. Frevo na chuva
10. Cântico mágico

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1985 Sudamérica (com Baiano e os Novos Caetanos)

1. Na boca do povo
2. Forró do Zé Mane
3. Cego é quem não quer ver
4. Pica-pau
5. Festa do algodão
6. Sudamérica
7. Dance people
8. O brasileiro
9. Catira caipira
10. Tanto fez e tanto faz

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1989 Arnaud Rodrigues

1. Sete fôlegos
2. Imagine John Lennon
3. Vingança do menino da porteira
4. Escravos de hoje
5. Índio do Uruguai
6. Acorda Brasil
7. Noites de Vila Bela
8. Passarinho amigo
9. Tudo é carnaval
10. O Bahia ganhou

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*Parte das aspas do Arnaud, contidas nesta resenha, foram tiradas de uma entrevista feita por Jarmeson de Lima para a revista Coquetel Molotov (nº5).

16 comentários:

Daniel de Mello disse...

perda memoravel de mais um artista
sentiremos falta
fiz uma pequena homenagem no meu blog tambem
abraços

Celso Loos disse...

Belissímo resgate, lembrando de um dos maiores artistas que esse pais teve. Foi multimidia em uma época que esse termo não existia.
Passeou pela TV - do drama à comédia - na literatura, na produção e na música com uma qualidade impar.

Unknown disse...

grande homenagem!! Sempre antenado. Amigo, vc tem o lp do Chico City?

Eu Ovo disse...

Valeu Daniel - vi lá no MDMG a homenagem no som do paulinho, tá sabendo?...

Celso Loos - é que Arnaud Rodrigues é um barato... não é mesmo celsinho? é um barato....

E Murillo, não tenho esse disco, não... Mas ainda iremos encontrar - é só visitar os comentarios de quando em sempreque alguém vai achar e postar aqui nos comentários - por isso a esperança não é a última que morre!
Quem morre por último é o herói!
Porque o herói é o cabra que não teve tempo de correr...

Edson d'Aquino disse...

Bela homenagem a um tremendo cabra da peste multimídia. E gente finíssima! Lembro-me que o conheci ali pelos 'Baixos' do Rio no início dos 80 e nos reencontramos depois (já deve ter por volta de 10/12 anos) no EG Studio em Botafogo e como estava com a guitarra a tiracolo ele me pediu pra jogar umas palhetadas num daqueles divertidos forrós que só ele sabia fazer. Fiquei muito honrado mas não faço ideia se ele aproveitou, hehehe.
Vô baixá tudo!
Bye, Bye, Paulinho.

Tiê disse...

na capa do ultimo disco ele tá parecendo é o reginaldo.

Coringa disse...

Bela lembrança! "Baiano e Novos Caetanos" é formidável. Aproveito para expressar a minha admiração pelo blog. Parabéns.

Mychel TC disse...

Obá

carolina disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
carolina disse...

uma linda homenagem.

mas achei um pouco estranha a frase 'foi morar em Palmas, sabe lá porque'. eu realmente não entendo porque o Norte continua com esse estigma bobo. ninguém diria a mesma frase trocando Palmas por alguma capital do Sul ou Sudeste. em um espaço tão democrático como esse blog, essa frase me impactou muito. eu realmente não esperava esse tipo de atitude aqui. acho que o Arnaud também não.

salve o pé de pequi!

saudacões tocantinenses.

Eu Ovo disse...

Pois é,
a intenção não foi depreciar Palmas ou o Tocantins.

Uma vez que a frase reproduzida não foi escrita por mim - posso deduzir que não houve compreensão ou qualquer entendimento.

Havia um sinal de interrogação? Não havia? O que significa que não era uma afirmação, mas sim uma pergunta.

Uma deixa para abrir aspas e colocar a explicação na boca do próprio Arnaud (essas aspas foram retiradas da entrevista que ele deu para a revista Coquetel Molotov - tem o link no final da postagem).

Eu é que não esperava uma reação tão equivocada como essa! Para mim isso é mania de perseguição...

Unknown disse...

muito bom esse resgate dessas obras primas da musica brasileira e desse grande artista de nossa cidade serra talhada ,eu gostaria se tem como colocarem os seus compactos com nave do tempo e caruaru de 1978 obrigado

Unknown disse...

meu email e carlo.candido@hotmail.com

Terra123456 disse...

O Link do "1975 Baiano e os Novos Caetanos 2" nao está funcionando...

Aqui um link desse disco, que ainda está no ar:

https://rapidshare.com/#!download|868p1|4032952971|BDD1975BaianoeosNovosCaetanos2.rar|44780|0|0|1|referer-CF0E0AB425F4F2156E399968359C1353

Aquele abraco, muito obrigado e parabéns pelo trabalho!

Marcello disse...

Não tem "As Mucamas de Painho" e a trilha de "Chico City"?

Notícias do Improvável - disse...

Os links por aqui nao funcionaram. Poderia me enviar esse material tao importante?
abelcolecao@uol.com.br