2.10.2016

O CARNAVAL UNIVERSAL DA ESPETACULAR CHARANGA DO FRANÇA

Thiago França quer regatar as charangas de rua que seguirem pelo asfalto de Belo Horizonte em épocas distantes.


Thiago França é um dos mais requisitados músicos da nova geração de grandes instrumentistas brasileiros. Toca saxofone em bandas como 'Metá Metá' – onde divide os palcos com Kiko Dinucci e Juçara Marçal – e em projetos pessoais como 'Sambanzo' e 'MarginalS', mas também toca com gente como Criolo, Rodrigo Campos, Elza Soares, Rodrigo Ogi e muitos outros.

França já em seu primeiro disco mostrou uma gafieira linda de se ouvir. Depois ele produziu e se apresentou com Dona Ináh e foi se envolver com a galera da nova vanguarda paulistana ou com o pessoal do samba sujo de São Paulo ou da forma como chamam ou são chamados essa nova turma musical de sampa. Dai para tocar em parceria com gente como Tony Allen e Mulatu Astatke foi apenas um passo.

Dito isso, ele lançou um disco de marchinhas de carnaval no primeiro dia deste 2016 – um álbum que veio dar sequência ao projeto pessoal da 'Espetacular Charanga'. No primeiro momento, França levantou temas que remetiam a cumbia e boleros quando lançou o EP 'A Espetacular Charanga do França Ataca Novamente' em 2013. Mas logo veio com a versão espacial jazzística do projeto em 'Space Charanga' de 2015. Agora ele assume de vez o carnaval e apresenta uma nova safra de marchinhas inéditas.

O novo disco trás diversas parcerias como a faixa de abertura, 'O capitão do sax', composta por França e Alice Coutinho, cantada pela maravilhosa e inconfundível Juçara Marçal. Douglas Germano dá voz a letra de 'Marchinha do pitbull (homo pitbullicus)' e também toca cavaquinho nesta composição em parceria com França.

'Adeus saudade' nos remete aos bons cortejos, composta por França e Rômulo Fróes, que canta a letra inspiradíssima. 'Gourmetizada' faz uma crítica ácida a vida social moderna, composta em parceria com Clima e cantada pelo próprio. Tulipa Ruiz canta 'Cara do apetite', canção que ela mesmo compôs com França e ainda tem a participação de Luiz Chagas na guitarra.

França também compôs sozinho algumas marchas como 'O trombonista' com a guitarra especial de Rafa Barreto, 'Ferro na boneca' com Kiko Dinucci na guitarra e 'Santa Cecília de Itabirito'. A banda da charanga é França no sax-alto e tenor, Anderson Quevedo no sax-barítono e flautas, Amilcar Rodrigues no trompete e flughel, Allan Abbadia no trombone, Filipe Nader na tuba, Wellington 'Pimpa' Moreira na bateria e agogô e Samba Sam no surdo. Com participações no flautin e flauta de Cuca Ferreira, no trombone de Victor Fão e no clarinete de Juliana Perdigão e Maria Beraldo Bastos.

'O bom marido' trás Rodrigo Campos na voz, guitarra e composição em parceria com França – numa típica canção de Campos, onde ele evoca diversos nomes de personagens naquela característica crônica cotidiana particular. 'Eu vou pra fornalha' é composição de França e Clima, mas com vocais de Juçara Marçal – a canção evoca os blocos de carnaval de rua. O coral carnavalesco especialíssimo com gente como Juçara Marçal, Tika, Victória, Maria Beraldo Bastos, Samba Sam, Caê Rolfsen, Rafa Barreto e o próprio Thiago França.


Como toda boa folia carnavalesca, o França também criou o próprio movimento popular com o 'Espetacular Bloco da Charanga do França', que levou oito mil pessoas para as ruas de Santa Cecília em São Paulo.

O disco termina com 'Brasirodim' composta por Pimpa, onde ele colocou voz e violão com o próprio França na flauta – a canção difere do resto do álbum mas a intenção é essa mesma. “Achei que ia ser massa terminar o disco com algo apontando pra outra direção. Alguma coisa que não conversa diretamente com o resto.”, encerra França.

2016 O Último Carnaval de Nossas Vidas

1. O capitão do sax
2. Marchinha do pitbull (homo pitbullicus)
3. O trombonista
4. Adeus saudade
5. Gourmetizada
6. Cara do apetite
7. Santa Cecília do Itabirito
8. O bom marido
9. Ferro na boneca
10. Eu vou pra fornalha
11. Brasirodim

2.03.2016

SEJA MARGINAL, SEJA HERÓI E ABRA SUA MENTE

A maior orquestra brasileira de afrobeat é a 'Abayomy', que com 13 integrantes apresenta um som pesado e suingado com inúmeras influências.  


'Abra Sua Cabeça', o segundo álbum da 'Abayomy Afrobeat Orquestra' é um disco poderoso que fala da ancestralidade com delicadeza de quem percebe o mundo de possibilidades e combinações. Nele, a banda impõe uma pegada suingada bem característica, que é ressaltada pela produção certeira de Pupillo.

Logo no início a canção 'Abra sua cabeça' institui um perfil místico e xamânico do álbum ao evocar os orixás de cabeça de cada um e nos presentear com um solo venenoso do sax barítono de Thiago Queiroz – a canção tem introdução de uma fala do próprio Tony Allen – falando exatamente sobre o outro criador do afrobeat, Fela Kuti.

'Mundo sem memória' trás o Otto cantando e tendo composto essa pérola em parceria com o cantor, compositor e guitarrista Zé Vito. A canção enaltece a beleza da enorme diversidade de raças presentes no Brasil com um baixo envolvente de Pedro Dantas.

“Atotô” evocam os que saudam 'Omolu', cantada em yorubá por Alexandre Garnizé, que também é um dos percussionistas da banda junto com Claudio Fantinato e Rodrigo Larosa – com solo de guitarra de Gottardi e destaque para a ambientação do teclado de Maurício Calmon. O aveludado e melodioso solo do trombone é de Marco Serragrande. “Atotô”!

'Oya! Oya!' foi composta por Gustavo Benjão e pelo bateirista Thomas Harres – com solo da guitarra do próprio Benjão, que divide o posto com Gottardi. 'Com quem', composta pelo saxofonista Fabio Lima, estabelece o tema do karma ou da reciprocidade como moeda moral dos dias de hoje na canção, mas direciona a crítica ao viés político dos que comandam o país através de alianças e concessões. Com uma levada quase de funk-carioca a canção cativa com o lindo solo do trompete de Leandro Joaquim.

'Sensitiva' trás a participação da Céu num reggae transcendental com guitarra slide de Zé Vitor e solo de flauta da Mônica Avila, que também toca sax alto em outras canções. 'Tony relax' trás a participação de Tony Allen, vocais em francês de Thiago Queiroz e solo de trompete de Leandro Joaquim.

'Vou pra onde vou' transparece a pegada musical do produtor, até porque conta com os vocais de Jorge Dupeixe e a bateria do próprio Pupillo. Encerrando com mais uma crônica de Fabio Lima, 'Peleja' – onde ele enaltece o sentimento de sermos todos irmãos pertencentes a mesma raça de seres humanos – com novo solo de trompete de Leandro Joaquim.

O novo álbum da 'Abayomy' é mais potente e pegajoso que o anterior e denota certa evolução dessa galera do bem. Parabéns a todos vocês que formam essa maravilhóptima “Orquestra de Afrobeat do Encontro Feliz”! Vocês são phodas!!!

2016 Abra Sua Cabeça

1. Abra sua cabeça
2. Mundo sem memória
3. Omolu
4. Oya! Oya!
5. Com quem
6. Sensitiva
7. Tony relax
8. Vou pra onde vou
9. Peleja