MP: Eu tou tentando ter os shows de todos os meus discos em cartaz, cada um com sua banda,
seu repertório, seu espírito. Então, eu faço
o “Mergulhar” c/o piano do Daniel Szafran. Aí tem o “Pra Marte” de 2 jeitos: com banda e só c/violões. Com o Turbilhão, q é a banda q gravou o “Canções” comigo, eu faço shows especiais, tipo: no Carnaval fiz um baile de marchinhas; outro show é só de músicas do Adoniran; tem um q eu só toco Erasmo Carlos; tem um show gigante q eu faço em festas italianas aqui em SP, em q eu canto pop italiano dos anos 60. Ou seja, meu repertório de shows é bem variado, um é diferente do outro. Dá uma certa canseira na cabeça, mas é bom.
Mas minha prioridade mesmo este ano é viajar com o Pra Marte.
EO: Com os shows do novo disco, o ‘Pra marte’. Como o público tem reagido? Como vocês, músicos têm reagido? MP: O público tem prestado uma atenção danada, tem se entregado, as letras são grandes, densas, é um trabalho da emoção mais interna, acho q tá pegando as pessoas por aí,
pela atenção e pela emoção. Fora isso, a banda é bárbara. O Tonho Penhasco e o Luizinho Waack são 2 guitarristas muito especiais, muito criativos, tem uma história importante no pop paulistano, tocaram com deus e o mundo, inclusive com o Itamar Assumpção… Armei a banda pra deixar eles 2 muito livres. Então, eles acabam empolgando o público, pque tocam muito, um show não é igual ao outro. O baixista é o Mano Bap, produtor, compositor, um cara de muita idéia. O batera é o Leandro Paccagnella, um cara técnico e sangue quente q segura a banda viajandona aqui no chão do planeta. Neste disco, passei muito tempo explicando pros músicos qual é viagem a de cada música, qual o clima, a emoção, a abordagem. Eles sacaram muito bem a onda e tão fabricando esse clima pra mim. Como me disse outro dia o Mano, baixista, a idéia é fazer uma trilha sonora pras histórias das letras. Tá sendo um trabalho interessante, tamos aprendendo um bocado, e o público tem entrado na onda.
EO: Qual é a diferença dessa banda, do disco novo, para a banda do ‘Na tradição’ ou para o ‘Turbilhão de Ritmos’? MP: Eu sempre mudo de banda ou de formação a cada disco. Pra ter um clima diferente, pra
mudar a pegada, pra deixar o som bem diferente dum disco pro outro.
A banda do “Na Tradição” reagia como uma banda de rock. Desciam o braço, era uma banda q tinha muita garra. O som tinha aspereza, e era isso o q eu buscava ali, fazer som de branco, mais pegada, menos suingue. Era uma banda muito especial: faziam cada show como se fosse o último.
Já no “Mergulhar”, a alma do disco é o piano do
Daniel Szafran, q é um músico selvagem, a gente tem um entendimento total no palco, a velocidade é altíssima. Q nem c/o André nos Mulheres. Enfim, ele é o motor desse disco, um motor V8…
O Turbilhão (q gravou o “Canções”), ao contrário, caiu pronto na palma da minha mão, meio sem querer. A banda já existia no programa “Fanzine”, q o escritor Marcelo Rubens Paiva apresentava na TV Cultura nos anos 90, e eu era vocalista. Lá, cantamos mais de 600 canções brasileiras de todo tipo: brega, baião, bossa nova, rock, axé, noel, chico, raul, tudo… Então, é meio
q uma banda de baile, só q ao mesmo tempo é uma banda meio intelectual, pque eles não fazem cover, eles piram em cima dos originais. E com eles eu não canto nada meu. Os shows do Turbilhão, como eu falei, são temáticos, são festeiros. Catamos um repertório e fazemos. Já teve show só com música sobre futebol, sobre carro, sobre comida… Além disso, são músicos q tocam juntos há muito tempo, conhecem muita música, ouviram rádio na mesma época, não têm medo da música, do palco, do improviso.
A banda do “Pra Marte” trabalha numa outra frequência. Todos são produtores, têm experiência em dirigir outros artistas. E são músicos c/uma viagem interior muito forte,
caras capazes de contar uma história tocando. E é isso q o Pra Marte exige: uma banda q traga clima, comente as letras q eu tou cantando. Pra isso precisa muita concentração, muita criatividade, precisa saber ouvir, entender o q eu tou cantando naquele momento. Acaba sendo bem diferente dos outros trabalhos (embora o Tonho e o Luiz toquem no Turbilhão tbem, o trabalho deles lá é completamente diferente).
Pra resumir: pra mim, assim como é importante registrar minhas músicas num disco, é super importante registrar o trabalho único e especial de cada um desses músicos, q sempre têm um papel de destaque no meu trabalho. Eu chamo eles pra a responsa de criadores, e eles vêm.
EO: Você se considera poeta? Digo isso por causa das suas letras sobre o cotidiano. MP: Eu acho q sou o típico compositor brasileiro, viralata e refinado, não
é assim q é? Principalmente letrista e melodista. Mas meu método de fazer uma canção varia muito. Às vezes penso q nem poeta, como em “Compromisso”, do “Na Tradição”, ou “Milho”, do Mulheres. Em “Trovoa”, do “Pra Marte”, eu funcionei como se estivesse fazendo um road movie. Em “O Dourado”, do “Pra Marte”, eu raciocinei q nem os velhinhos q fazem moda de viola. Em “Mergulhar na Surpresa”, no disco do mesmo nome, eu fui um fotógrafo. O método varia. Uma sugestão q eu dou pra vcs se quiserem saber mais do processo de fazer letras, é ir lá no
meu myspace e clicarem no blog debaixo do jukebox, em “Diário do Pra Marte: faixa-a-faixa”. Lá eu conto um pouco como cada música veio.
EO: Você já assistiu o sol nascendo na Vila Ipojuca? E tantas outras imagens cotidianas das suas músicas? De onde elas vêm?
MP: Já vi esse sol lá…
Umas tantas coisas eu vi, acho eu. Mas trabalho mais com a lembrança do q c/a fantasia. E como tenho a memória meio ruim, acabo fantasiando um bocado as minhas lembranças… E acabo lembrando de coisas q eu nunca vi, misturo tudo. Eu ando muito a pé pela rua, sozinho, por todo lado, lugares comuns, óbvios, q o turista ou o purista jamais iam reparar, funciono meio como um viralata. Já rodei muito o país, de carro, de trem, de moto. Sem buscar nada em especial. Simples amor pela estrada. Ou pela calçada. E pelo cidadão comum e suas coisas comuns. Nem é o herói, nem é o fudido, ele nem sempre tá numa letra de música, as coisas q ele faz nem sempre rendem poesia. Mas é onde parece q não tem arte q eu quero ver a onça beber água. Me desculpa o lugar comum, mas tem muita força nas no óbvio, na rotina, no cotidiano. A batalha é falar disso s/ser piegas ou mané.
EO: Quando você fez o ‘Modão de Pinheiros’, você descreveu uma caminhada pelas ruas de São Paulo. Em ‘Trovoa’ do novo disco, você faz a mesma coisa, e também de certa forma em ‘Motoboys, girassóis etc e tal’. Como é sua relação com essa cidade? MP: Eu rodo muito, ando muito. Desde pequeno. Minha mãe me levava muito pro centro da cidade, ia de ônibus,
descia no Anhangabaú, andava um monte no centrão. Aí, uma época, ela trabalhava na rua, de carro pra todo lado, vira-e-mexe eu tava junto. E ia conhecendo a cidade, os bairros. São Paulo é muito grande, e cada bairro tem uma tribo bem diferente da outra. Tem a zona oeste, mais papo cabeça, tem a zona leste, com seu sotaque. Tem bairro q tem muito japonês, tem bairro mais negro ou nordestino, tem bairro q tem mais velho do q moço. Tem lugar mais fashion, tem lugar q é só caminhão.
Fora isso, como artista, eu tento entender o q é ser paulistano, pque fora do Brasil as pessoas estranham muito a música de SP enquanto música brasileira (ultimamente não tanto, já q os DJs e o rock brasileiros têm rodado o mundo), o Mulheres foi pra Portugal no fim dos anos 80, e eles estranharam demais a gente. Mas afinal, eu sou branco, neto de italiano, fui criado ouvindo jovem guarda, cabeça
urbana. Se eu for pro Texas ou pro sertão do Cariri, eu tou em casa nos 2 lugares. E também não estou… Então, o paulistano é um cara meio sem passado e sem pátria, até pque SP só ficou importante na metade do século 19, antes era um lugar muito pequeno, meio bronco, as pessoas não falavam português aqui, e sim língua geral (um tipo de tupi). O Barroco passou ao largo de SP. Quer dizer, é uma cidade muito nova, se a gente comparar c/Rio, São Luiz, Recife, Salvador, Ouro Preto. A cidade cresceu com os italianos, japoneses, com a indústria, a ferrovia, o rádio, o cinema, explodiu no século 20. Aqui não tem muito bucolismo, muita malemolência, tamos pra baixo do Tropico de Capricórnio: SP não é na zona tropical, já pensou nisso?
Ou seja, não parece muito c/o lugar-comum q se tem do brasileiro. Mesmo dentro do Brasil, tem uma certa defesa contra essa brasilidade meio gringa, estressada e arrogante da cultura de SP. Mas é a nossa maneira de expressar o país, né?
Então eu tenho q lidar com isso, descobrir de onde eu vim, desvendar a maneira paulistana de ser brasileiro.
EO: Em ‘Ser-boi’ você canta Minas Gerais, mas também lembra da velocidade nas ruas de Brasília.. Como é sua relação com Minas Gerais e Brasília? MP: Eu amo Minas. Se eu pudesse eu me naturalizava mineiro. Sempre q eu posso viajo pra lá. Tem um caráter introvertido q combina comigo. É mais lento q SP, tem um outro sabor,
tem muita história, muita tradição, muita sutileza. Cachoeira, cachaça e tutu. Rock e silêncio. Uma época eu tive uma moto, catava umas trilhas por aí e ia pro mato, fiz duas grandes viagens por lá: Mantiqueira e Canastra.
O Brasil é realmente um tesão de país, mesmo c/toda a injustiça e pobreza q rolam, o povo é maravilhoso, tem uma riqueza interior gigante, a cultura é muito forte. Mas Minas, como eu disse, combina c/a minha introversão. E “Ser Boi” é isso: contemplação e muita minhoca na cabeça, ou seja, filosofia pura…
Já Brasília, pra mim, é um lugar místico. Tá no centro do país, tá no centro do poder, o plano piloto é um lugar
surreal prum paulista, c/aquela organização toda. Nos anos 90 fui pra Brasília mixar o cd dos lendários Cachorros das Cachorras. Pedi a grana da passagem de avião e gastei em gasolina: fui de carro, parando em todas – eu disse todas – as cidades do caminho (e até fora dele…).
Pedregulho, Guaxupé, Pires do Rio, Uberaba, o escambau. Talvez ali eu tenha visto os carros voando pra Brasília na BR. Foi tipo uma peregrinação pro centro do Brasil, tipo fazer o Caminho de Santiago de carro, um road movie solitário, ouvindo rádio, ficando quieto, dormindo em pequenos hotéis, vendo o planalto aparecer aos poucos, sentindo a secura: passei o 7 de setembro em Brasília… Topei com uma cidade ainda mais jovem q a minha, absolutamente próxima do poder e seus efeitos colaterais, meio q vi o Brasil resumido ali, pro bem e pro mal, de Cabral até hoje, com aquele horizonte todo…
Foi uma peregrinação pro interior, aberta, silenciosa, reverente, desmistificadora. Voltei pra casa diferente.
EO: Você sempre teve uma ligação forte com música para crianças. Você fez a música ‘Mau’ no ‘Castelo Rá-Tim-Bum’, e cantou ‘Cogumelo’ no disco ‘Roda gigante’ do Gustavo Kurlat. Sem falar na melhor canção sobre o Visconde Sabugosa, que está no seu disco novo, que também tem ‘O dourado’, que era para o público infantil... Você tem outros projetos de músicas para crianças? Tem planos para isso? MP: Não tenho planos, mas gosto muito de fazer. Nos anos 80, o Thayde me dizia q eu tinha voz
de desenho animado, acho q ele tem razão, acho q é por isso me chamam pra cantar. Fora isso, compor ou cantar pra criança solta um pouco a fantasia, dá pra usar a música de jeitos mais tontos, criar um monstro ou outro, sentir um medo ou outro, brincar um pouquinho. E eu tenho 3 filhos, passei um bom tempo criando moleque pequeno, tentando me comunicar com eles. Acho q o melhor jeito d trocar uma boa idéia com criança é tentar não ser xarope, pque d modo geral, criança é bem mais esperta q adulto (e isso não é uma mera frase de efeito…).
EO: Como é a vida de músico independente? Isto é, tem que se virar fazendo de tudo um pouco, como trilha e publicidade... MP: Tem q se virar feito louco. Ainda mais eu, q tenho filharada pra criar…
E cada ano é diferente do outro. Tipo: qdo tem disco novo, tem q correr atrás de show e viajar, e isso não tá fácil. Qdo não tem trabalho novo, precisa arranjar coisas pra fazer pra ganhar dinheiro ou pra não ir pro hospício, se é q vc me entende…
Então, cada vez mais, tenho feito coisas fora da música, embora perto dela: fiz a pesquisa e as entrevistas pruma série de DVDs sobre música do Itaú Cultural (entrevistei Nei Lisboa, Berimbrown, Katia B., Chico Cesar, Mombojó, Porongas, Mantiqueira, Quaternaglia, Dona Edith do Prato, Marku Ribas, e mais um monte de gente). Faço locução em comerciais e documentários. Dou palestras e oficinas sobre música pop, produção independente, produzo disco, dirijo show, trabalho como ator, dublador. E assim vai. Se me convidarem pra apresentar baile de debutante eu tbem vou. Um artista independente brasileiro tem q se virar, fazer um pouco de tudo, acho eu. Chaveiro, encanador e eletricista, sabe como é?
EO: Isso inclui também atuação? Com foi fazer o comercial da Nextel? Como Franco... Porque foi uma série, não foi? MP: Pois é, atuação…
Não parece, mas ali no Mulheres a gente foi ator pra burro. Vira-e-mexe tem um convite pra
atuar, num comercial, numa peça, ou até em novela. Anos atrás trabalhei com Os Parlapatões num espetáculo musical q virou um DVD lançado pela gravadora Atração, chamado “Os Reis do Riso”. Foi uma experiência bárbara, uma outra maneira de estar no palco, sob a maravilhosa direção do Hugo Possolo. Os 2 anos q trabalhei na TV Cultura, no “Fanzine”, tbem foram uma grande escola. O programa era diário e ao vivo, e eu fui pegando o reflexo de lidar c/a câmera, onde ela tava, pra onde ela ia, o timing rápido de TV, a noção do meu enquadramento, essas coisas. Pra fazer o Nextel isso ajudou muito. Fora isso, no Mulheres a gente se dirigia, se roteirizava. Então, no Nextel eu fui fabricando o personagem junto c/o diretor dos filmes, o Tonico Melo, da O2 (do Fernando Meirelles), achando um tom pro
Sr.Franco: como ser crica s/ser escroto. E ter a experiência de se ver num baita estúdio c/uma equipe de 60 pessoas em função de você não é pouca coisa, tem q ter muita concentração, saber usar a adrenalina, tem q ser disciplinado mas não pode deixar a maluquice de lado.
Enfim, essa história de atuação eu vou aprendendo a toda hora, já q eu não tive escola: nos shows, nos comerciais, nas locuções, vendo atores trabalhando. Cada experiência q pinta é uma escola nova.
EO: Como foi essa história do show na internet? Que tipo de sites você costuma acessar? MP: Em 96 me apareceu um moleque de 16 anos q disse q dava pra fazer show via internet.
Eu achei ótimo, não pque eu fosse algum fanático por tecnologia ou quisesse ser hype, mas pque nos anos 90 não tinha espaço nenhum na mídia pra artista independente nenhum: o jornal não falava, a tv não divulgava, o rádio não tocava. Zero. Então eu pulei pra dentro da internet. Fui um dos primeiros artistas a terem site e email, eu já tinha isso em 94, 95. Aí fizemos o show, e o cara inventou uma maneira criativa de fazer rolar, s/grana, c/a ajuda da USP e um servidor americano de Real Audio, mais 2 computadores 486 e 2 linhas telefônicas. Acho q entraram umas 20 mil pessoas, algo assim. Pra a época, isso era muito. A internet nos anos 90 era uma mídia alternativa, não é como é hoje, q ela tá no poder (e o poder tá nela…). Em 96 não existia Uol, nem Google, não existia mp3… Não tinha banda larga, nem YouTube, nem MySpace, nem MSN, nem Orkut, nem blog, dá pra imaginar? Tava muito no começo. Mas era realmente a única saída ali, além das rádios livres q eram muito numerosas em SP. Eu fui em várias. A pequena rádio de bairro seria uma solução genial pra democratizar a execução de música, seria bom pra todo mundo, mesmo pras rádios grandes e anunciantes. Mas, como se diz, a ignorância e o autoritarismo andam de mãos dadas, então esse tipo de democratização não rolou e não vai rolar, penso eu.
Hoje tenho navegado na internet mais pra trabalhar do q pra m divertir, então acabo usando as ferramentas habituais: Google, YouTube, MySpace, Wiki, Emule, sites de letras e cifras, sites q tenham informações pra produções q eu esteja fazendo. Acho
SenhorF um site importante pra quem gosta de pop/rock e leva a sério. O
Overmundo é interessante, tem muitos blogs interessante. O próprio
Eu Ovo eu já conhecia, assim como outros,
Um q Tenha,
Loronix. Pra pesquisar música é ótimo, pque tem todo tipo de informação. Já pro Orkut e o MSN eu não tenho muita paciência, acho q a gente fica online demais…
EO: Como é sua relação com a internet? Porque obviamente você é músico e convive agora com compartilhamento de arquivos. As pessoas baixando seu disco pela internet.... Você é a favor disso? MP: Sou a favor.
Acho q o mundo tá numa transição brutal. Cada dia tem uma tecnologia nova, uma atitude nova. Alguma hora esse ritmo de mudanças vai diminuir ou chegar em algum lugar mais permanente. Nessa hora vai dar pra pensar em alguma legislação mais definitiva sobre propriedade intelectual. Enquanto essa hora não chega, minhas músicas tão editadas,
como sempre. Mas eu sou a favor do compartilhamento, não vejo q seja algum tipo de crime ou contravenção. Pirataria é vc pegar a minha música e fazer um milhão de cópias pra ir vender na Praça da Sé. Mas baixar pra ouvir é um direito das pessoas. O mundo mudou, hoje a comunicação é imediata, e todo mundo tem em casa equipamento relativamente barato pra pegar música e copiar com qualidade. As pessoas tão – literalmente – matando a curiosidade, numa boa. O q tá mudando no mundo, e não só em música, é q tá cada vez mais difícil vc remunerar a arte. E, no caso da música, tem música em todo canto, às pencas, aos gigas. Virou uma commodity.
Então, o q tá em crise não é a música em si, e sim a profissão de músico, o business de música, a possibilidade de viver de música (especialmente a gravada, pque show é show, né?)
Mas nós tamos realmente num meio de caminho, ainda tem muita mudança pra acontecer, vai ter q esperar pra ver, não tem jeito…
EO: Como é a sua posição nessa questão sobre a pirataria? MP: Eu vejo 2 tipos de pirataria.
Um é catar minha música, copiar 100 mil cópias e sair vendendo por aí, q é o q os piratas e contrabandistas fazem.
Outro é a grande gravadora pagar jabá pras rádios tocarem sempre as mesmas músicas. Isso, além de ser crime (deve ser crime, né?), esculhamba totalmente o mercado de música, pque um monte de artistas deixa de ter acesso às rádios de maior audiência do país. Fora isso, tem essa coisa de as majors ditarem os preços do cd, terem um certo monopólio de distribuição de discos, coisa e tal.
Ou seja, no fim das contas, a pirataria é um subproduto da própria política das grandes gravadoras, desse monopólio no acesso à mídia e às grandes lojas. Certamente se o acesso de música às rádios fosse democrático e se o cd fosse mais barato, não haveria pirataria, né?
Onde tem concorrência razoavelmente leal, eu acho difícil ter pirataria. Piratas se alimentam de monopólios…
EO: O você ouve em casa? Você curte as bandas novas que surgem por aí? MP: Passei 2 anos no processo de fazer disco, então tou meio de ressaca como ouvinte. Fui criado ouvindo rádio, sou viciado, e nessa tal ressaca tenho ouvido mais jogo de futebol do q música…
A
rádio Cultura AM daqui tem uma programação bárbara de música brasileira, dá pra ouvir na internet. Recomendo tbem um programa de Curitiba chamado
Radiocaos, bem maluco, tbem dá pra ouvir na net. Ando a fim de ouvir folk, tou curioso a respeito, tenho entrado em rádios americanas de folk e bluegrass. Ainda tem muita rádio boa por aí, na net e fora dela.
Na internet eu fuço o q aparece pela frente no MySpace ou no YouTube, montes de coisas. Algumas das bandas novas eu conheço, as mais óbvias, tipo
Vanguart,
Porongas, dei uma ouvida na
Mallu Magalhães. O pouco q eu conheço dessa cena de rock indie me parece bem legal, assisti o
Vanguart aqui em SP outro dia e gostei muito, o Helio, vocalista, tem um carisma danado.
Mas como vc pode ver, eu não sou especialista em nada: criado no rádio, agora no ramdom…
Ouço coisas da antiga, q eu ouvia qdo ainda não era músico, mais ingenuamente, por diversão, tipo: Beatles, Stones, Cassiano, Tim Maia (por conta de ter lido a biografia dele), Erasmo Carlos, Donato, Raul, Bob Marley, Stevie Wonder, Herbie Hancock, Wayne Shorter. Ou coisas q eu fui conhecendo depois, Elvis Costello, Bola de Nieve, Pablo Milanés, Pa
olo Conte, as rancheras mexicanas do El Recodo, Ray Charles, Jovem Guarda, Sly Stone. Ligo o shuffle e deixo vir de tudo, tem muita coisa q me interessa.
Tbem tem os amigos q tão lançando disco e me jogam na mão: Siba e a Fuloresta é lindo, o Arthur de Faria, meu parceiro de Porto Alegre, o Martin Buscaglia, um músico uruguaio bem interessante. O André m deu o disco novo dele, tem coisas boas lá. Los Pirata, Tatá Aeroplano,
Trash pour 4, Natalia Mallo. Acabo indo muito de carona no q os filhos ouvem, então andei ouvindo Cachorro Grande, Hermanos, Mutantes, Beatles, Kinks, Stones, Clapton, The Who, Pink Floyd, Dylan, Hendrix, Chuck Berry.
Pois é, os moleques tão ouvindo os clássicos… coisa q a gente percebe qdo ouve as bandas mais recentes, né?
EO: Valeu Maurício, pela maravilhosa entrevista! Um abraço pra você e sucesso na turnê do seu novo disco, ‘Pra Marte’.
MP: 1 abraço pra todos os ouvintes/leitores do Eu Ovo, e me fucem…
Mauricio Pereira
http://www.mauriciopereira.com.br/ Maurício Pereira no You TubeE só pra lembrar, O Maurício vai apresentar o show do ‘Pra Marte’ no Sesc Consolação no dia dois de abril com a entrada franca.
Para baixar os outros discos do Maurício Pereira e dos Mulheres Negras,
clique aqui.
Para ouvir o ‘Pra Marte’ vai ai do lado na rádio do blogui, e para baixar vê no link ai embaixo.
Agora se o seu lance é ter o CD ‘Pra Marte’ como obra física, você pode comprar
aqui.
2007 Pra Marte1. Pra marte
2. Motoboys, girassóis etc e tal
3. Ser boi
4. Trovoa
5. Um tango
6. Pranto para comover Jonathan
7. A loira da Caravan
8. Toscana
9. Responde Visconde
10. Quieto um pouco
11. Truques com facas
12. Um teco-teco amarelo em chamas
13. Penhasco
14. O dourado
Baixe aqui pelo Eu Ovo