Marcelo, vulgo
Nego Moçambique, tocava numa banda chamada Oz, que não durou muito, mas fez bastante sucesso, gravou um disco e participou de uma coletânia com outras bandas da cidade, que gravaram um disco acústico para um programa de rádio bem popular na época.
Com o fim da banda, Marcelo virou o produtor musical
Nego Moçambique, e já tem dois discos de música eletrônica gravados.
Para explicar melhor o que leva um cara, do hardcore à música eletrônica, o Eu Ovo entrevistou o Marcelão, vulgo
Nego Moçambique.
Eu Ovo: Marcelo (Nego Moçambique) você tocou com a banda de hardcore OZ nos anos 90. Como que um cara que tocava hardcore pode passar a tocar música eletrônica?Nego Moçambique: nao so eu, mas os caras da banda ouviam musica eletronica.
o problema eh o que se convencionou a chamar de musica eletronica... por que ateh o sisters of mercy usava batera eletronica, nao sei se vc sabe. essa separacao que tem no brasil "como que um cara que tocava hardcore pode tocar musica eletronica?", bom isso nao existe fora daqui. tanta coisa era eletronica naquela epoca que eu nem consigo entender essa afirmacao. hip hop nao eh musica eletronica? eu uso o mesmo equipamento que os caras do rap usam pra fazer musica. vc tem que pesquisar melhor o assunto musica eletronica. eh amplo. e nao eh so musica de rave. young gods, primal scream, buttholesurfers, nine inch nails... bom, s o pra citar as mais obvias... se vc pesquisar...vai perceber que tem muita coisa...
EO: Como foram os anos 90 em Brasília? Quando só tinham bandas de garagem...NM: bem,
na epoca que vc diz que em brasilia so havia rock e bandas de garagem vc
esta redondamente enganado. havia rap, havia dance music. vc nao sabia, mas muita gente ja fazia isso nessa epoca. muita gente ja tocava e gostava de musica eletronica. alias, nos anos 90 as bandas de harcore (nao era o caso do oz, nao era uma banda de hardcore, era so uma banda daqui qualquer) fora do brasil ja misturavam muita coisa.em brasilia, ja haviam grandes festas enquanto os rockeiros achavam que eram donos da cidade (pergunte para djs como isnt e the six). o pessoal do plano não sabia, rockeiros que vivam naquele papo fechado e preconceituoso de "brasilia eh a capital do rock". Pra eles era proibido qualquer outro tipo de musica: "marvin gaye? quem eh essa bicha? o que? o cara canta em falsete? eh viado!" Pior pra eles. Perderam uma decada de musica, a decada de 90, que foi produtiva em todas as direcoes.
EO: Como foi que rolou a sua saída do OZ e a mudança para a música eletrônica? Porque você saiu do hardcore para o eletrônico... Rolou algum preconceito? Da galera do 'rock'...
NM: Bom, nao foi uma grande mudanca: o que eu fiz foi trocar de interface. Antes eu tinha uma banda, agora eu sou a
banda de um homem so. Faco todas as partes da musica. Preconceito ja rolava antes de eu sair da banda. De certa forma, essa visao que os rockeiros de brasilia tinham da musica, limitou demais o desenvolvimento de linguagens inovadoras. Mas rolava muito preconceito. Lembro de quando abriram a primeira casa forte de e-music de brasilia, o Wlod Club. Rockeiros antigos falavam super mal do lugar, enfim, acho que isso acontece sempre na historia. Eh difícil aceitar que todo seu esforco pra desenvolver algo, pode ser esmagado pelas novas geracoes, ideias. Mas nao acho que eh isso que acontece, acho que tudo pode ser somado. Ou simplesmente pode-se alcancar uma especializacao: por exemplo, quem gosta de metal, gosta de metal e pronto. Eu sou pela mistura, mas cada um eh um, mentes diferentes tem necessidades diferentes. Mas sem duvida, rolava um Preconceito pesado.
EO: Como foi que você virou DJ?NM: nunca virei dj. nunca toquei um disco na vida.nunca! sou produtor musical, faco minhas musicas, canto, escrevo as letras. Nunca fui dj.
EO: Então, como foi que você começou musicalmente?
NM: antes de ter uma banda de "hardcore" (hahahahahaha, nao deixa o phu ler isso) eu tocava violoncelo na escola de musica. eu gostava de musica erudita. e de tudo que tocava nas radios
na decada de 80. esse lance de oz so rolou, porque eu conhecia os caras do colegio. e eles me chamaram pra tocar. como você disse, o hobby do pessoal do plano era ter bandinha de garagem e nossa, como se levavam a serio!!!! antes disso, eu gostava de musica de radio, nao sabia a diferenca do "verdadeiro som underground" em relação ao som "comercial". eu so gostava de musica "ruim". e hoje, quando ouço varias bandas daquela epoca, nossa, acho mui
ta coisa bem ruim. da vontade de rir. principalmente as bandas de brasilia, incluindo o oz. eu ja toquei em banda de reagge, banda de musica eletronica, banda de pagode, orquestra, fanfarra de colegio e tudo mais... e fui tocar "hardcore". e como nao pertenco a nada, hoje faco funk/ black music/ afrobeats eletronicos.
EO: Como você vê essa divulgação de discos pela internet? Você acha que prejudicam o artista?
NM: No meu caso nao, porque eu nao sou rico, nao sou da Warner, nao amasso cd pirata no centro de S
ao Paulo com rolo compressor. Cd tinha que ser mais barato, estaria tudo resolvido. Noa eh digital? Porque não pode ser mais barato? Essa eh toda a questao da pirataria na minha humilde opniao. Sera que nos, vamos desistir mesmo dos objetos fisicos? Cd com encarte, esse tipo de coisa? Acho que eh uma questao de preco. Mas bom, voltando a sua pergunta, o artista pequeno, como eu, nao sai prejudicado, sai divulgado e revela seu verdaderio trabalho em shows. Ai da ateh pra tirar um troco. Mas eh um assunto dificl: tem gente que vive de direitos autorais. Nao so compositores mas, escritores por exemplo. Ainda nao surgiram soluções sobre esse assunto, direitos autorais e internet... por que as pessoas querem ler, ouvir, ver... mas os precos, principalmente aqui no nosso terceiro mundo sao inacessiveis pra maioria da populacao.
EO: Você tem planos para sua carreira? Quais são eles?
NM: Tocar bastante fora do Brasil. E principalmente, entrar na America
Latina que eh nosso continente. Por exemplo, os musicos daqui, deveriam fazer um intercambio maior com os paises vizinhos. No so somos isolados deles, nao sabemos quais sao as novidades musicais por exemplo. E eh uma bobagem, estamos no mesmo continente. Entao, tenho feito um esforco para algo acontecer nesse sentido. Toquei no Chile recentemente e a recepcao foi otima. Vou tocar na Argentina agora. Nao podemos ficar inertes na América do Sul... por uma simples barreira de idiomas (uma barreira facilmente transponivel). Essa troca eh necessaria. O brasileiro escuta muito o que vem da Europa ou dos EUA. Mas tem muita coisa boa acontecendo debaixo do nosso nariz!
EO: Como foi técnicamente a produção desse novo álbum? Como você conseguiu reproduzir essa sonoridade? O disco parece ter sido feito nos anos 80... Foi algo que você buscou realmente?
NM: eu cresci nos anos 80...hehehehe acho que foi bem natural porque os anos 80 foram uma epoca de ouro pro funk mezzo humano mezzo eletronico... e eu sou mezzo humano e mezzo eletronico. Entao, eu ouvi muito isso durante um tempo, porque eu queria fazer musica para os b-boys (na epoca, eu era um facinado por breakdance, assim como alguns caras sao viciados em futebol). Pode
reparar que o disco eh bem organico... tem milhoes de solos essas coisas...a ultima musica eh um afrobeat.. tudo tocado saca? todas as linhas de baixo, teclados, pianos, sinths, orgaos... tocados no tecladao, eh claro... esse disco foi feito usando um equipamento bem simples (um sequencer hardware) e foi gravado num pc, na sala da casa de uma amiga. Depois levei a gravacao pra SP e finalizei la. Ai so foi mandar masterizar em Nova York e voila! Na real, o cd eh feito de faixas pra pista de danca. Nao deveria ser um album (uma vez que nao tem nenhum conceito envolvido). Creio que ele eh mais como uma compilacao de tres anos de trabalho. Sao as musicas que mais funcionavam na pista quando eu tocava. O ideia eh voce lancar singles, vinis pros djs... mas como isso nao existe por aqui, lancamos um álbum mesmo.
EO: Valeu Marcelo, pela entrevista...
NM: peace.paz. luz!
espero que tenha conseguido responder suas perguntas.
marcelao
2007 La Rumba Computer
1. Wake up for the music
2. Superluz (Sebo nas canelas)
3. Sex bomb
4. Dancingsubatomicmonkeyflava
5. She loves the superboogie (Melo do robozão)
6. Hold me
7. La rumba computer
8. El baby
9. Automatic love (Fonke musik)
10. Corazon
11. Da luv iz a bomb
12. Whatchagonnado
13. Afrikana
http://www.4shared.com/file/28848185/4526d39d/2007_La_Rumba_Computer.html
1995 Sangre de Dios1. Sky of potato chips
2. Dinossaur’s night
3. Snow man
4. Turkey buzzard
5. The boy with a blue brain
6. Burn
7. So long (little glue)
8. Blinded
9. Get up
10. Jack
11. Space cake
12. Très bien mon ami
13. A man is a man
14. Walk like an egyptian
15. King Gargoola
16. Whale's Song
17. Mama Jama
18. Machine
19. Bomb
20. The number 6
21. Sangre de Dios
22. The noise
http://www.4shared.com/file/28832185/98bbefe9/1995_Sangre_de_Dios.html