10.25.2015

O SELO INSTITUTO APRESENTA O NOVO ÁLBUM VIOLAR

O trio 'Instituto' vira dupla com Rica Amabis e Tejo Damasceno – sem Daniel Ganjaman – que seguem produzindo e apresentando uma coleção de bons sons com inúmeras participações.


O 'Instituto' é um coletivo, selo e grupo de produtores formado por Rica Amabis, Tejo Damasceno e Daniel Ganjaman, que apresentaram uma alternativa de produção para novos artistas da música brasileira.

Foram deles a produção de alguns álbuns de estréia de jovens artistas que hoje são clássicos no cenário musical brasileiro – como os primeiros discos da banda 'Cidadão Instigado', do 'Mamelo Sound System', 'Bonsucesso Samba Clube', de projetos como 'Sonantes', '3 na Massa', 'Turbo Trio' e algumas trilhas sonoras como 'Amarelo Manga' de Cláudio Assis e 'O Invasor' de Beto Brant, e muitos outros lançamentos.

Como trio, o 'Instituto' lançou o álbum 'Coletânea Nacional', com inúmeras participações de grandes nomes da música brasileira – que assim como este novo lançamento, 'Violar', permeiam todas as canções. É impossível descrever o novo álbum da dupla, agora apenas com Rica e Tejo, sem falar das diversas participações especiais.

Abrindo com 'Polugravura', Tejo Damasceno se une ao peso de Dengue e Pupillo no baixo e bateria, com a flauta hipnotizante de Thiago França, para juntos criarem uma abertura com groove delicado e pulsante. A faixa seguinte, 'Vai ser assim' trás Rica Amabis já apresentando no início, a bateria volumosa de Tony Allen, para em seguida desvelar a voz de Criolo – com participações ainda de Lanny Gordin, Junior Areia, Axé, Gustavo da Lua, Fred 04 e Thiago França.

'Alto Zé do Pinho' é uma homenagem da dupla a Chico Science, com participação especial de ninguém menos que o rapper Sabotage – mas ainda com Otto e Sombra – sem falar na instrumentação da banda 'Nação Zumbi'. 'Mais carne' trás três incríveis duplas; das cantoras Karol Conká e Tulipa Ruiz nos vocais, dos produtores Mike Relm (nos scratches) e Alexandre Brasa (que foi a terça parte do Mamelo Sound System – nos teclados) e claro a dupla que forma o 'Instituto' nas programações.

Em 'Na surdina', Rica Amabis trás o belo dueto entre a voz de Jorge Dupeixe com o trompete de Rob Mazurek – e ainda com as participações de Dengue e Luca Reale. Já em 'Bossa Chinesa', Rica se une a Dengue e M. Takara para apresentarem um interlúdio de influências chinesas – programações e teclados, baixo e vibrafone, respectivamente.

'Pacto com o mato' junta Rica com Gui Amabis, Curumin, Marcelo Cabral e Mike Relm. 'Tudo que se move' trás de volta Tulipa Ruiz, Dengue, Lucio Maia e Gui junto com Rica Amabis. 'Seco' trás a rinha entre o rapper gringo Lyrics Born com o brasileiro B. Negão, com as vocalizações de Joyo Velarde. A canção conta ainda com os sopros de Thiago França e o baixo de Klaus Sena – tudo sob a supervisão de Rica e Tejo.

'Ossário' se volta ao oriente ao unir com as programações e arranjos de Rica e Tejo à guitarra de Fernando Catatau, baixo de Marcos Gerez e teclados de Luca Reale. 'Isto é sangue' é a faixa “bom-filho-a-casa-torna”, que conta com a participação de Daniel Ganjaman unido seu teclado às programações de Tejo e Rica. Também tem a voz de Jorge Dupeixe e a guitarra de Kiko Dinucci – que pode antecipar a próxima faixa....

A banda 'Metá Metá' faz sua aparição (e debut) num álbum do 'Instituto', com a canção 'Irôco' – que é um orixá muito antigo representando a própria dimensão do tempo. Com a voz potente e incrível de Juçara Marçal, o violão e guitarra rasgante de Kiko Dinucci, o saxofone viajante de Thiago França, o baixo pontual de Klaus Sena e o solo de guitarra “estupefaciante” de Guilherme Held – com programações de Tejo Damasceno.

Encerrando o disco com 'Baía', a união do 'Instituto' com o baterista nigeriano Tony Allen e com o saxofone, flauta e teclados de Thiago França – as programações são novamente de Damasceno e com a percussão de Maurício Alves.

Quase sem fôlego encerro essas linhas sobre o novo disco do 'Instituto'. Vale a pena baixar e ouvir em alto volume. Se tivesse que definir em apenas uma palavra... Seria, “Incrível!”.

2015 Violar

1. Polugravura
2. Vai ser assim
3. Alto Zé do Pinho
4. Mais carne
5. Na surdina
6. Bossa chinesa
7. Pacto com o mato
8. Tudo que se move
9. Seco
10. Ossário
11. Isso é sangue
12. Irôco
13. Baía

10.18.2015

CHEGA UM TEMPO NA VIDA QUE A GENTE PRESTA ATENÇÃO

O cantor e compositor Clodo Ferreira lança novo álbum delicado e recheado de emoções e canções sublimes.


O novo álbum de Clodo Ferreira evoca o som de Cabo Verde, ao misturar a sanfona delicada de Marcos Farias e o cavaquinho beliscoso de Evandro Barcelos. Tudo isso com o violão pontual de João Ferreira e a percussão marcante de Pedro Ferreira – tudo em casa.

Confesso que passei um tempo ouvindo esse disco e sem saber o que dizer, sentir e comunicar. Até que desisti e dei me sem palavras para expressar este álbum. Mas em dado momento ouvi novamente e percebi que não há recorte pontual, informacional, textual etc e tal que não o emocional.

Com um regional tradicional, Clodo Ferreira reuniu um grupo potente e poderoso com João Ferreira no violão, Marcos Farias na sanfona e Pedro Ferreira na percussão e algumas participações como Davi Farias nos triângulos e Valentino Xavier no cavaco e percussão – que consegue evocar um cenário caboverdiano ao mesmo tempo que permanece tradicional na execução do samba, do xote e do choro.

O disco abre com 'Quem fala de mim', talvez a canção que mais cause esta impressão de estar prestes a ouvir aquele sotaque caboverdiano. Com uma sanfona resfolegada, que mais parece um bandoneon de tango argentino, mas é o cavaquinho que remete ao Cabo Verde. É um duelo bonito de ouvir a sanfona tangueada e o cavaquinho caboverdista. Porra, Evando! Porra, Marquinhos!! Vocês são fodas!!!

'Gostando de mim' é um xote, do Cezinha em parceria com o próprio Clodo – talvez por isso que ela lembre muito o (já) saudoso Dominguinhos... Mas a sanfona no disco, vai ser sempre o querido Marcos Farias, filho do eterno Abdias dos 8 Baixos e Marinês e afilhado do próprio Gonzagão.... E por falar em Dominguinhos, ele é parceiro do Clodo na composição 'Carece de explicação' – uma canção de rara beleza, que transforma o ponteado da zabumba fundamental para a existência da sanfona. Tenha mesmo uma saudade profunda de Dominguinhos!!!

'Iluminuras' reforça a presença do violão de João, assim como em 'Diamantes' – já que ambas são parceria de Clodo com o Carlinhos 7 Cordas – mas a canção 'Serenata' também revela a notável vocação para eternizar um legítimo regional de choro com sanfona, cavaquinho, pandeiro e violão. De chorar até amanhecer de tão bonitas e singelas são essas canções – a suíte-choro do álbum.

'Guardião' é um samba de Clodo em parceria com o sambista Sergio Magalhães e funciona como ponto de virada do álbum – a partir de agora seguimos para o lado B, o final do disco, o encerramento da obra. 'Não espere' volta à temática caboverdiana com esse mesmo regional que mandou um samba na faixa anterior....

'Agora é fácil' retoma a batida apresentando um lado modernoso de Clodo, falando de celular e amores próximo, em parceria com Evaldo Gouveia. O encerramento dá-se com o xote 'Laço'. Que disco lindo esse, Clodo!!! Sem palavras para agradecer por este disco que nasceu clássico.

É com alegria e prazer que eu permito que este álbum seja recebido por todos que querem a música livre, leve e solta...

2015 Clodo Ferreira

1. Quem fala de mim
2. Gostando de mim
3. Iluminuras
4. Carece de explicação
5. Serenata
6. Diamantes
7. Guardião
8. Não espere
9. Agora é fácil
10. Laço

10.11.2015

KARINA BUHR VEM DA SELVA DE DENTRO

O novo álbum de Karina Buhr é perfeito para todas princesinhas bonitinhas que gostam de borboletinhas e coisinhas fofinhas.  


Karina Buhr tem um discurso contundente anti-machista em favor de todo e qualquer tipo de gênero excluído. Ela é da turma das travestis, das maloquêras e das mulheres-sem-valor.

Ainda hoje no Brasil a mulher é vítima e em muitas vezes fatal. Segundo o Mapa da Violência de 2012, duas em cada três pessoas atendidas em decorrência à violência doméstica são mulheres. Por isso Karina apresenta uma delicadeza na forma de um rolo compressor e lança uma verdadeira cartilha ensinando a enfrentar leões, como diz a letra da faixa de abertura, 'Dragão'.

Neste álbum, 'Selvática', e é necessário explicá-lo detrás para a frente. Karina relaciona a liberdade das mulheres com a vida selvagem dos animais – assunto que fica bem exemplificado na canção que encerra o disco, com parceria nos vocais de Elke Maravilha e Denise Assumpção.

Já em 'Eu sou um monstro' a cantora revela a possibilidade de metamorfosear todas princesas em monstros instigando-as a deixarem a apatia de lado e se transformarem. Em 'Conta gotas' a cantora permanece no discurso instigante, com a participação de Guizado no trompete.

Karina Buhr expõe todo machismo em 'Pic nic' e 'Esôfago', com a poética do que as mulheres precisam suportar ainda hoje. Sempre com a guitarra rasgada de Edgard Scandurra e o baixo marcante de Mau. “Eu também prefiro coisas”, parece um grito de guerra de libertação sufragista.

Mas há também espaço para falar sobre diferenças sociais como em 'Cerca de prédio', com participação dos 'Devotos', Cannibal, Celo Brown e Neilton. Karina apresenta um álbum recheado de guitarras com Fernando Catatau em 'Vela e navalha' – ainda com Vitor Rice no violoncelo – e Manoel Cordeiro em 'Rimã' – os dois se apresentam juntos no reggae-dub-calipso 'Alcunha de ladrão'.

Karina ainda apresenta em dueto com Laura Lavieri, a canção 'Desperdiço-te-me' e sem desperdício ela mostra os peitos e joga o preconceito de volta na cara dos caretas. “Ela vem da selva de dentro”. A banda dela ainda conta com Bruno Buarque na bateria, percussão e mpc e André Lima nos sintetizadores e teclados.

Oxalá todas princesas um dia virassem Selváticas e chutassem o príncipe machista e almofadinha – porque a revolução das Selváticas já começou...

2015 Selvática

1. Dragão
2. Eu sou um monstro
3. Conta gotas
4. Pic nic
5. Esôfago
6. Cerca de prédio
7. Vela e navalha
8. Rimã
9. Alcunha de ladrão
10. Desperdiço-te-me
11. Selvática

10.04.2015

IRINA E SUAS GAROTAS SUECAS

No terceiro trabalho, a banda 'Garotas Suecas' apresenta o EP 'Mal Educado', que mostra a diversidade do próprio repertório.  



'Garotas Suecas' é uma banda com apenas uma garota, a Irina Bertolucci nos teclados e vocais, mas tem também o Tomaz Paoliello nas guitarras e vocais, Fernando Perdido no baixo e vocais e Nico Paoliello na bateria e vocais; e neste EP com participação de Matheus Prado na percussão, Fábio Pinczowski nos vocais, Anderson Quevedo no sax alto, Daniel Nogueira no tenor e Felipe Nader no barítono.

Logo na primeira canção de Tomaz Paoliello, 'Turno Noturno', você percebe a qualidade dos arranjos e da gravação, com destaque para a execução de Irina. Pois em 'Me erra', Irina e suas 'Garotas Suecas' apresentam uma deliciosa balada popular que tem tudo pra virar tema da mocinha na novela das sete.

Mas essa mensagem não ia colar na boca de uma mocinha direitinha e quietinha que precisa estar casada para ser feliz.... Muito pelo contrário.... Só o título já entrega.... É o famoso “não me segue que eu não sou novela”. 'Me erra' é de autoria de Fernando Freire.

O EP encerra com 'Mal educado', de Nico Peoliello, onde as 'Garotas Suecas' mostram o que fazem de melhor – o bom e velho funk dançante, balançado e suingado com os incríveis metais ideiais em uníssono soprando todo aquele groove esperto e maneiro....

Enfim... Diversão garantida é esse EP das 'Garotas Suecas'.

2015 Mal Educado EP

1. Turno noturno
2. Me erra
3. Mal educado

9.27.2015

O JAPÃO NA VISÃO DE RODRIGO CAMPOS

Cantor e compositor brasileiro segue em movimento desde São Mateus (SP), no primeiro álbum, passando pela Bahia, no segundo, e indo ao oriente neste disco recém-lançado.


Em 'Conversas com Toshiro', Rodrigo Campos apresenta sua viagem particular ao universo japonês, desde mangás, atores e cineastas, desenhos de Hayao Myiazaki aos livros de Haruki Murakami.

Tudo funciona como estopim para o cantor e compositor apresentar canções sublimes que parecem evocar com delicadeza o percurso iniciado nos álbuns anteriores – 'São Mateus não é um Lugar Assim tão Longe' de 2009 e 'Bahia Fantástica' de 2012.

O novo álbum reforça a ideia do mapa imaginário criado por Rodrigo, onde tanto São Mateus, Bahia e o Japão vivem dentro de si – ou melhor, das canções. Desde o primeiro disco de 2009, que evocava o bairro natural, Rodrigo carrega em si a geografia sentimental de suas referências. Seja nas canções nostálgicas refletindo a jovialidade de São Mateus, as influências presentes na arte de baianos ilustres como Caymmi, Caribé e Amado; e agora com as referências a cultura pop japonesa.

Tem as canções que remetem a cinematografia através da referências a artistas como o ator Toshiro Mifune, os diretores Takeshi Kitano, Ozu Yasujiro e Wong Kar-Wai – apenas para mencionar as referências mais óbvias.

Como uma ópera oriental, Rodrigo desfila personagens como Asayo, Katsumi e Funatsu, ao invés de gente como Isac, Lúcia, Aninha, Elias e Fabrício. As imagens enigmáticas do oriente são traduzidas nos arranjos que evocam sempre o país-do-sol-nascente.

Rodrigo Campos toca guitarra e canta em todas composições, com participações de Ná Ozzetti e Juçara Marçal nos vocais, Marcelo Cabral no baixo, Curumin na bateria e Thiago França – com Dustan Gallas nos teclados e guitarras pontualmente em algumas faixas.

Produzido pelo próprio Campos e Rômulo Fróes, o disco é dividido em duas partes – a primeira parte é 'Amor e Brutalidade' e traduz uma urgência pelo arranjo coeso e rigoroso, sempre evocando a música oriental na vocalização das cantoras... Em 'Dois sozinhos', há o belíssimo diálogo entre as duas vozes femininas e o saxofone de Thiago França.

A segunda parte, 'Paisagem na Neblina', evoca a delicadeza dos rituais orientais através de faixas em que permeiam arranjos de cordas, como 'Abraço de Ozu'; e de sopros como em 'Toshiro reverso', 'Veho amarelo' (gravada por Juçara Marçal ano passado) e 'Toshiro vingança', que junto com a canção 'Katsumi' demonstram letras recheadas de erotismo e simbologia.

'Mar do Japão' revive o cenário do tsunami que arrasou o país, sem deixar a brasilidade de lado. 'Paisagem na neblina' tem a participação de Filipe Castro tocando o fagote – ele também participa da canção 'Chiriro' – que evoca ecos do estúdio Ghibli, através da personagem principal de 'A Viagem de Chiriro' de Hayao Myiazaki, filme que venceu o primeiro Oscar de animação.

As canções 'Funatsu', 'Wong Kar-Wai' e 'Takeshi e Asayo' estão incluídas na primeira parte do álbum e por consequência são mais densas e de arranjos mais tensos – sem nunca esquecer o clima oriental do cancioneiro japonês. 'Dono da bateria' encerra o disco com Rodrigo apenas em voz e violão, em uma canção de Rômulo Fróes e Nuno Ramos.

'Conversas com Toshiro' de Rodrigo Campos se sustenta como um dos melhores lançamentos do ano, com mais um dos grandes discos da nova discografia popular brasileira. Imperdível.

2015 Conversas com Toshiro

1. Takeshi e Asayo
2. Wong Kar-Wai
3. Katsumi
4. Dois sozinhos
5. Funatso
6. Abraço de Ozu
7. Chiriro
8. Toshiro reverso
9. Mar do Japão
10. Paisagem na neblina
11. Toshiro vingança
12. Velho amarelo
13. Dono da bateria

9.20.2015

A LÍNGUA LAMBE O LÍQUIDO DO LÂNGUIDO LÁBIO LUSTROSO

Encerrando a trilogia de EPs, a cantora, compositora e percussionista pernambucana Alessandra Leão apresenta mais cinco canções.


Apresentado um som mais popular, que os EPs anteriores, Alessandra Leão encerra a trilogia iniciada desde o ano passado com 'Pedra de Sal' e 'Aço'. Com o EP intitulado 'Língua', ela dá voz a palavra, sem esquecer dos arranjos arrasadores.

'Pássaros, mulheres e peixes' revela a bela parceria entra a cantora e o escritor Xico Sá – com uma levada suave e delicada feita “para entender como bate um coração de uma mulher” – com a participação mais que especial de Ná Ozzetti nos vocais. A canção seguinte, 'Joguei minha palavra n'água' parece irmã gêmea de 'Prolonga', do EP anterior, 'Aço', lançado em junho deste ano. Segue com um suingue imperdível e arranjos sensacionais.

'Língua' dá a leve impressão de que será uma canção bem comportada, mas eleva a libido ao nível luxúrico e transborda de malemolência e fuleiragem – sempre com aquela pegada característica, suja e pesada do pessoal de sampa – com produção de Rodrigo Caçapa, mas recheado de ilustres participações como Guilherme Kastrup na bateria e percussão, Mestre Nico nas percussões, Milionário José no baixo e synths, Rafa Barreto nas guitarras junto com Caçapa, que também toca uns synths aqui e ali.

'Na minha boca' é mais uma parceria da cantora com Kiko Dinucci, que toca guitarra na faixa junto com Thomas Harres na bateria. Essa canção trás um groove matador pontuando uma letra fervente de tão temperada de saliva, suor e tesão. 'Doutrina de Oxum' é uma toada tradicional do 'Tambor de Mina do Maranhão', emendada com 'Caudaloso', da cantora com letra de Wilson Freire e uma cama de sintetizadores de Caçapa, que é de entortar a cuca.

Profundo é o novo disco de Alessandra Leão... Não havendo a necessidade de relançar os discos derramados, resta-nos o singelo pedido para que sejam relançados em vinil.

2015 Língua EP

1. Pássaros mulheres e peixes
2. Joguei minha palavra n'água
3. Língua
4. Na minha boca
5. Doutrina de Oxum – Caudaloso

9.13.2015

DE COMO OS RIOS VOADORES FLUTUAM NAS ASAS DA GAIVOTA EM MEIO AOS POSTULADOS CATEDRÁTICOS E INSOLÚVEIS

Banda brasiliense 'Rios Voadores' emerge no cenário musical com gravação emulando a psicodelia brasileira dos anos 70.  


Nasceu assim de repente e flutuando no meio do cenário desértico da Capital da República, a banda 'Rios Voadores' tomou de assalto o cenário brasiliense e mostrou que havia vida psicodélica no cerrado. Eles apareceram para o público em geral, com uma performance arrasadora no Festival 'Porão do Rock'.

Primeiro eram Gaivota Naves, Marcelo Moura e Tarso Jones tocando e descobrindo-se dialogando através de diversas influências como 'Som Nosso de Cada Dia', 'Casa das Máquinas', 'Som Imaginário', 'O Terço', 'O Peso', 'Perfume Azul do Sol', 'Modulo 1000', 'Os Brazões', 'Os Baobás', 'Ave Sangria', Lula Côrtes, 'Almôndegas', 'Fábio', 'Serguei' etc.

Para Gaivota, a banda “propõe um resgate das sonoridades dessas bandas de rock psicodélico brasileiro, principalmente as da década de 70 e por ai vai, a lista é infinita e passa pelo hard, prog, rural, pelo forró e groovie”. Marcelo Moura admite as mesmas referências, e acrescenta que “as divergências até trazem uma coisa interessante pro resultado. Eu mesmo tenho uma ligação muito forte com o jazz, com a bossa, com a 'Tropicália'. Tem uns que nem de 'Pink Floyd' gostam, e por aí vai”.

Aos três, Moura na guitarra, Gaivota nos vocais e Jones nos teclados e vocais, se juntaram Helio Miranda na bateria, Beto Ramos no baixo e Gabriel Magalhães também na guitarra – ele chegou a compor algumas canções com a banda – como é o caso de uma das faixas deste EP, a sensacional 'Brasil de ponta cabeça', em parceria com Gaivota.

A outra canção, 'Barnabé Itamar Produções' foi feita entre Jones, Moura e Viviane Yanagui – essas duas canções estão no recém-lançado EP com produção de Thomas e Gustavo Dreher, no estúdios Dreher em Porto Alegre (RS).

A banda já está finalizando o primeiro álbum, mas Moura afirma que eles têm mais composições para encher outro disco. Enfim... Aproveite você para conhecer um novo som antigo que é uma das bandas mais legal dos últimos tempos. Você precisa ver a performance da cantora Gaivota...

E aproveitando o ensejo seguem quatro perguntas para Gaivota Naves.


Como é sua formação artística?
Olha, eu sempre cantei mas assumi os trabalhos artísticos oficialmente em 2001 quando comecei a estudar teatro, atuei durante 10 anos com vários diretores fantásticos de Brasília e através dessa experiência de palco a musica acabou surgindo de forma natural. Foram várias jams na minha casa o que me levou a ser versátil, fora o fato de tocar quase todos os dias com o Tarso (tecladista) e com o Marcelo (guitarrista). Quando começamos a pegar palco com a banda tudo foi crescendo e sinto que esse é só o inicio de uma jornada de muito estudo e dedicação.

De onde vem tanta energia?
Hahaha não sei. Acho que o lugar onde a gente se sente à vontade potencializa a energia. Eu realmente amo estar no palco, estar com os 'Rios', criar esses espaços musicais onde todos estão conectados de uma forma única, num só respiro, daí quando acontece eu fico louca, rs.

Você se considera mais cantora ou atriz?
Eu sou intérprete, Há! Não tem como dissociar uma coisa da outra, rs. Trabalhar muito tempo como atriz transformou o palco em um lar, o que me deixa muito à vontade e gera vários tipos de performances interessantes. Para mim as composições tem vontades próprias, são elas que ditam como querem sair e eu nada posso fazer se não obedecer. Acredito que isso é o que traz esse magnetismo!

Como vocês lidam com os downloads gratuitos?
Acho super bom, o trabalho autoral ganha muito mais espaço nas mídias sociais e principalmente os trabalhos independentes, que não possuem a ajuda dos selos. Acredito que quem escuta online e gosta do som faz questão de comprar o disco físico.

2015 Rios Voadores EP

1. Barnabé Itamar Produções
2. Brasil de ponta cabeça

9.06.2015

ZÉ VITO E SEU BELO BOLERO DELIRANTE

Zé Vito apresenta novo álbum de canções populares em diversos ritmos como rock, reggae, blues, bolero e até modão caipira.  


Zé Vito é Vitinho e é também conhecido por Victor Gottardi, e entre tantos personagens segue diferenciando o Victor do Zé Vito. Esse último é o cantor e compositor, enquanto o Vitinho segue como o guitarrista requisitado em diversos projetos. 

Guitarrista da banda 'Abayomy Afrobeat Orquestra', ele também participa da 'Let`s Play That', que toca com Jards Macalé e acompanha ao vivo gente como CéU, Alvinho Lancellotti e até a fase solo do companheiro de bandas, Leandro Joaquim.

Com uma gravação rápida e instantânea, Zé Vito, apresenta seu novo álbum, 'Pode Ser', ligeiramente diferente do anterior, 'Já Carregou' de 2014. O fato é que o disco anterior refletia um período de composição de alguns anos atrás e este novo álbum apresenta canções compostas recentemente.

A banda que gravou o disco é formada pelo próprio Zé Vito nas guitarras e vocais, e com Thomas Harres na bateria, Pedro Dantas no baixo, Pedro Costa na guitarra e Donatinho nos synths. O disco trás algumas participações como Jayme Monsanto no baixo em algumas faixas e Maurício Calmon na bateria em outras – mas também com Rodrigo Pacato na percussão e o naipe de metais encabeçado por Leandro Joaquim no trompete, Marco Serra Grande no trombone e Thiago Queiroz no saxofone barítono na canção 'Um, dois ou três' – um bolero sentido e caliente.

Neste álbum, Zé Vito trás duas participações vocais como Otto, que canta e ajudou a criar a letra da canção que intitula o disco, 'Pode ser', e Duda Brack na canção 'Nova rota' – ambas são blues e rock, respectivamente. Destaque também para o reggae meio-dub e meio-ska de 'Não te interessa'.

O disco 'Pode Ser' está recheado de pérolas pop-rock, como em 'Salvação', 'Discreto' e 'Ex'. Mas também há espaço para algumas baladas como em 'Pode ir' e 'Pensa em outra'.

Com produção do próprio Zé Vito, exceto na última faixa 'Raio gourmet', uma moda caipira moderna bem humorada que brinca com a onda toda de food-trucks e varandas gourmets – produzida em parceria com Gustavo Benjão, que também participa da canção – composta na parceria que permeia todo álbum, entre Zé Vito e seu letrista Matheus Silva, que também é o responsável pela capa.

Zé Vito também acabou de produzir o novo álbum da banda 'Aeromoças e Tenistas Russas', no qual ele alega ter “uma onda progressiva espacial que não da pra explicar”. E como está difícil acompanhá-lo com toda essa correria, toda essa entrevista abaixo foi pinçada entre diversas mídias, desde e-talks, e-mails, e-zaps e esse-eme-esses.

Com este álbum, Zé Vito apresenta um apanhado de canções preocupadas com a realidade atual e segue descortinando a linha evolutiva de seu próprio cancioneiro.


Olá Zé Vito... Como você consegue conciliar a vida em várias bandas, carreira solo etc?

Salve Brunão! Vou organizando a agenda conforme as coisa vão acontecendo.
Atualmente estou tocando com o Macalé e com a CéU, ambos estão lançando CD e DVD ao vivo.
Toco também no show do Leandro Joaquim, as vezes com o Alvinho Lancellotti... Tem bastante coisa rolando.
Tem a 'Abayomy' que está prestes a lançar o segundo disco, e por aí vai. Eu provavelmente vou focar mais nos show do 'Pode Ser' no ano que vem. Esse ano não vou ter tempo de fazer muita coisa com ele.

Faz tempo que você já está tocando com o Jards, né?

Desde 2012. Ele é um dos caras mais figuras que eu já conheci, cada segundo com ele é uma história nova.
Uma vez a gente tocou em São Paulo com ele e a CéU participou cantando 'Movimento dos barcos', só eles dois, foi massa.

E porque não rolou uma participação do Macalé, no álbum 'Pode Ser'?

Cara, ia rolar, mas eu estava com os prazos muito apertados e não queria fazer nada correndo com ele. Ele tem o tempo dele e tal, aí deixei rolar. Mas vou gravar alguma coisa com ele ainda, sem dúvida.


Neste disco, você chegou no estúdio com tudo pronto. Da mesma forma que o disco anterior... Porque este ficou tão diferente?

Cara, esse disco foi um tanto diferente. O 'Já Carregou' é um apanhado de composições que eu tinha, e algumas que foram feitas durante o processo. Gravei em estúdios diferentes e em tempos diferentes, o que tira um pouco a unidade do disco.
O 'Pode Ser' é um disco muito fresco. Eu resolvi fazer um disco, fui lá e fiz 10 canções de uma vez, nove delas em parceria com Matheus Silva, amigo com quem eu componho ha quase 10 anos.
Eu achava que tinha que extrair o máximo de mim possível, para o disco ter muito a minha cara, então montei os instrumentos na sala da minha casa e gravei as 10 músicas sozinho, baixo, bateria, guitarras e vozes.
Depois que cheguei a conclusão do que eu queria sobre os arranjos, eu marquei as datas no estúdio do Maurício Calmon, que toca comigo nos shows, na 'Abayomy' e era o batera do 'Sobrado 112'.
Marquei quatro dias de gravações e escolhi dois times, um com o Thomas Harres na batera e o Pedro Dantas no baixo, e outro com o próprio Maurício na batera e o Jayme Monsanto no baixo.
Thomas e Pedro são a cozinha da Abayomy, Macalé, e inúmeros outros projetos, tem uma liga muito forte, e o Maurício e Jayme são minha cozinha nos shows, tem uma química muito boa e uma sonoridade própria.
As guitarras ficaram a cargo meu e do Pedro Costa, que toca também no disco do Alvinho Lancellotti. Donatinho colocou os Synths no estúdio dele, o Synth Love.
Foi tudo feito em quatro dias e os arranjos ja estavam bem definidos por mim, por isso o disco tem essa unidade.

Tudo aconteceu rápido demais, né? Gravou ontem e já lançou hoje...

E o Martin Scian, que mixou e masterizou também é um foguete, fez tudo em 15 dias.
Já estávamos com a data da mix marcada, e eu tive que correr com a gravação para que os prazos funcionassem.
Sobre lançar, eu cheguei a conclusão que não adiantava segurar o disco pro ano que vem ou ficar criando expectativa nas pessoas. Ora, eu não sou um artista famoso, não tenho milhões de seguidores, e acho que as pessoas não estão esperando meu disco, então, achei melhor solta-lo logo e foda-se tudo, o que importa pra mim é o trabalho estar na rua, as pessoas podendo ouvir e etc.
Eu faço meus discos pra mim e pra quem curte meu som, então é isso.


Como foi que você chegou nas participações especiais?

Cara, eu sou muito fá do Otto. Acho ele um puta poeta, compõe muito bem, é um canal muito espontâneo. Adoro os discos dele, a sonoridade, enfim...
Através da 'Abayomy' eu conheci ele, tocamos juntos várias vezes, nos shows da 'Abayomy' que ele participou, e algumas vezes no Macalé. Também fizemos um show dele no Vidigal, com a cozinha da 'Abayomy', foi muito massa. Tocamos só as das antigas.
Ai sempre falava pra ele: "mano, vou gravar meu disco e quero que vc participe etc” e ele falava, “vamo Vito, vamo Vito”.
Pois é, eu cheguei na casa dele com a música pronta, e deixei o espaço dele em branco, botei o microfone e ele saiu metralhando. Em uma hora tinha a parte dele pronta.
O Otto é um cara gente fina, gosto dele, foi parceiro.
Sobre a Duda. Ea é foda cara! Um vulcão! Ela vai explodir... Canta muito, tem um timbre muito bonito, e é viceral, rockenroll, autêntica
A gente se conheceu através do Bruno Giorgi, que mixou o 'Já Carregou'. Ela estava gravando o disco dela. Mandei até umas músicas pra ver se ela curtia e gravava, mas nem rolou
A gente se falou varias vezes, mas só foi se conhecer no dia da “gravina”, acredita? Foi massa porque já saímos gravando...


Qual vai ser a banda ao vivo?

Minha banda no palco é: Maurício Calmon na bateria, Jayme Monsanto no baixo, Donatinho nos teclados, Pedro Costa na guitarra.
Isso não muda, é uma formação rockenroll, sem percussão nem metais. É claro que todos nós temos outros muitos trabalhos, e as vezes acontece de um não conseguir tocar aquele show e etc, e aí a gente dá um jeito.

Quais são os planos, agora que o disco está na internet?

Cara, eu tinha necessidade de fazer o disco. Eeu não curto ficar muito tempo parado nas coisas e como não sou conhecido, acho que o 'Já Carregou' andou até onde ele podia sozinho. Não tinha mais porque eu ficar esperando pra fazer outro...
Algumas pessoas me disseram que achavam melhor eu lançar ano que vem etc, mas bicho, não faz diferença soltar agora ou depois. A única diferença era pra mim, que ia ficar com um disco seis meses na gaveta.
Quando lançasse ele ia estar velho pra mim. Sou independente, não dependo de ninguém.
Eu quero tocar, mas esse ano está difícil. Ja estou com muita coisa pra fazer com outros projetos. Acho que ano que vem vou me organizar melhor e é bom porque o disco tem o tempo dele de chegar nas pessoas.
O que eu mais quero agora é que as pessoas escutem. Só isso...

2015 Pode Ser

1. Salvação
2. Discreto
3. Ex
4. Não te interessa
5. Pode ir
6. Nova rota (ft. Duda Brack)
7. Pode ser (ft. Otto)
8. Um dois ou três
9. Pensar em outra
10. Raio gourmet (ft. Gustavo Benjão)

8.30.2015

O ROCK DE BREQUE DE DUDA BRACK

Cantora gaúcha apresenta estréia poderosa e fulminante com canções autorais da nova geração de compositores. 


A cantora Duda Brack apresenta álbum de estréia. 'É', com uma poderosa e fulminante parede sonora. É um disco de banda, um disco de baixo, de guitarra e de bateria, Yuri Pimentel, Gabriel Ventura e Barbosa respectivamente.

Mas também é um disco de canções na voz feminina e no violão na faixa de abertura, 'Eu sou o ar', de autoria de César Lacerda. Em 'Vaza' a cantora tem a participação de Bruno Giorgi, o produtor do álbum nas guitarras. 'Lata de tinta' nasce com um blues sentido, mas cresce para um final épico e apoteótico.

'Dez dias' é de autoria de Dani Black e tem a participação de Lucas Vasconcelos no piano. 'Venha' é de autoria de Celso Viáfora e Paulo Monarco. As canções do disco de Duda Brack são encorpadas e crescem a medida que chegam ao fim. 'Te ver chegar' vem corroborar com essa afirmação. Assim com a pesada 'Cadafalso', canção de Carlos Posada.

'A casa não cairá', de Caio Prado, encerra o álbum com peso e batida acelerados. O som da cantora gaúcha, radicada no Rio, é lindo e expontãneo. Ela é verdadeiramente uma artista a quem devemos prestar bastante atenção.

2015 É

1. Eu sou o ar
2. Vaza
3. Lata de tinta
4. Dez dias
5. Venha
6. Te ver chegar
7. Cadafalso
8. A casa não cairá

8.23.2015

OU ME ODEIA DESCARADAMENTE OU DISFARÇADAMENTE ME TEM AMOR

Cantor e compositor paulistano apresenta álbum 'Dilúvio', recheado de boas canções e performances inspiradas.


Dani Black é compositor graduado e já foi interpretado por gente como Ney Matogrosso, Chico César, Elba Ramalho, Maria Gadu, entre outros. Além da voz e o dom com a palavra, Dani Black é exímio guitarrista e participou da turnê 'Aos Vivos' de Chico César.

O álbum 'Dilúvio' abre com 'Areia' uma canção de levada pop e sinfônica com um mix de teclados – que vão desde o fender rhodes ao hammond – cheios de suíngue de Zé Godoy. Seguidos pela balada que dá título ao disco.

'Linha tênue' eleva a batida para o alto e conta com programações de Conrado Goys. “Seu coração de fato está escuro ou por detrás do muro tem mais coisa ai”, questiona a letra de Dani Black, revelando que existe muito mais a surgir na leve audição desse mais novo petardo da música brasileira.

'Fora de mim' trás uma balada sinfônica suave e delicada, com mais uma crônica especial de Dani Black, que pode bem ser considerado um dos grandes compositores de sua geração. 'Seu gosto' é tem um groove contagiante baseado na sensualidade do arranjo e melodia.

'Bem mais', 'Só sorriso' e 'Não não não' formam uma suite de baladas populares que comove e contagiam de verdade. 'Ganhar dinheiro' trás o reggae pra dentro da paleta de cores de Dani Black – ele já tinha gravado o xote-reggae 'Comer na mão' de Chico César. 'U' é cantada apenas por Black em voz e guitarra.

O álbum encerra com 'Maior' e o dueto entre Dani e Milton Nascimento – uma bela canção épica de final apoteótico. É esse o melhor adjetivo para explicar o 'Dilúvio' de Dani Black – Apoteótico!

2015 Dilúvio

1. Areia
2. Dilúvio
3. Linha tênue
4. Fora de mim
5. Seu gosto
6. Bem mais
7. Só sorriso
8. Não não não
9. Ganhar dinheiro
10. Ú
11. Maior

8.16.2015

CAMBACO É VICENTE BARRETO, É TAMBÉM PASSO TORTO E É METÁ METÁ

Compositor baiano lança álbum cheio de parcerias com a turma paulistana, que inclui Rodrigo Campos e Thiago França.  


Vicente Barreto é antigo parceiro de Alceu Valença e também outros artistas, mas é mais comumente conhecido como co-autor de 'Morena Tropicana'. Pois foi recentemente que ele lançou o álbum 'Cambaco'.

Com produção de Marcelo Cabral, 'Cambaco' tem composições fortes com diversas parcerias de Vicente; com Rômulo Fróes em 'Tataravô' e 'Chororô', com Kiko Dinucci em 'É tipo de conversa' e 'Sabiás', com Rodrigo Campos em 'Karina' e 'Jardim Japão, com Manu Maltez em 'Cambaco' e 'Preço do amanhecer' que abrem e encerram o disco.

Um álbum de ranger os dentes que representa o encontro do 'Passo Torto' com o 'Metá Metá', Isto é, Marcelo Cabral no baixo e Rodrigo Campos na guitarra com Sergio Machado na bateria, Thiago França no saxofone e flauta e a participação especial de Juçara Marçal cantando em duas faixas – a faixa-título que abre o disco e 'Herança', feita por Vicente em parceria com Rafa Barreto, o próprio filho, a quem ele dedica este álbum.

O fato é que o som rasgante dos novos vanguardistas paulistanos faz bem ao estilo vocal de Vicente Barreto meio Gil Scott-Heron, Coehn, Waits etc. A combinação entre o ruído programado com o cantar quase declamatório é estilosa e elegante. Com certeza é um disco importante no cenário atual.

2015 Cambaco

1. Cambaco
2. Karina
3. É tipo de conversa
4. Tataravô
5. Boró
6. Sabiás
7. Batendo sabão
8. Herança
9. Jardim Japão
10. Chororô
11. Preço do amanhecer

8.09.2015

SPACE CHARANGA MEETS HOUSE OF FRANÇA

A 'Espetacular Charanga do França' volta como 'Space Charanga', logo após ter animado o carnaval de rua paulistano.  


Thiago França lançou um o 'Space Charanga', como um surpreendente desdobramento de sua 'Incrível Charanga': primeiro no compacto 'A Espetacular Charanga do França Ataca Novamente' e depois no bloco carnavalesco da 'Charanga'.

Uma banda de improviso jazzistico que faz um som inexplicável e extremamente difícil de rotular, que poderia ser nomeado como um “jazz-espacial-do-mal”.

Com o próprio Thiago França como comandante, compositor e arranjador e ainda solista nos saxs alto e tenor. O resto do naipe formado por Anderson Quevedo no barítono e percusões, Amilcar Rodrigues no trompete e flughel, Allan Abbadia no trombone e percussões e com Juliana Perdigão no clarone nas canções 'Abdu' e 'Moacíria'.

Com diversos climas, o Thiago França criou um mosaico de influências, seja do ethio-jazz em 'Abdu', nos improvisos malucos jazzisticos da faixa de abertura 'Ngoloxi/ R.A.N.', sigla para “rhythm and noise” (ritmo e poesia em português).

'Fakechá' é a única canção que o França divide a autoria com Daniel Bozzio e Marcelo Cabral, que também integra a 'Space Charanga' tocando baixo acústico e percussão. A canção, que é um reggae-jazzistico-espacial logo é seguida pelo ska-ficção-científica de 'Conta'.

Um dos motivos singelos do disco vem com o delicado dueto entre percussão e saxofone de 'Enquanto ficamos sem água', que sugere o momento em que foi gravada... ou composta... ou não...

'Cerca Lourenço' é um samba-noise cheio de energia com um excelente trabalho de bateria de Sergio Machado. O álbum encerra com o solo de França no chorinho delicado 'Tão rápido quanto uma paixão de metrô'.

2015 Space Charanga – R.A.N.

1. Ngoloxi/ R.A.N.
2. Abdu
3. Enquanto ficamos sem água
4. Fakechá
5. Conta
6. Moacíria
7. Cerca Lourenço
8. Tão rápido quanto uma paixão de metrô

8.02.2015

FRITO SAMPLER É O SEU AMIGO PSICODÉLICO

Cantor e compositor Tatá Aeroplano lança álbum encarnando personagem que interpreta canções em língua imaginária.



Tatá Aeroplano é compositor e cantor que já tem dois discos solos e diversos lançados com suas respectivas bandas, 'Cérebro Eletrônico' e 'Jumbo Elektro'.

Tatá é um cara que não fica parado nunca e está sempre inventando moda e motivos para encarnar seus diversos personagens absurdos. Canga Louca,“Jota Birinight” e o próprio “Frito Sampler”, são exemplos do que a mente inventiva do cantor é capaz de criar. Inclusive, o “Frito Sampler” é personagem antigo, criado como vocalista da banda 'Jumbo Elektro'.

O álbum 'Aladins Bakunins' nasceu dentro de um universo boêmio meio Leornad Coehn, meio Bob Dylan, um pouco Bukowskiano, Keruakiano e altamente psicodélico. Uma viagem alucinóptica pela mente de Tatá Aeroplano, incorporando o “Frito Sampler”, que conta com o auxílio vocal luxuoso de “Grace Ohio”, interpretada por Julia Valiengo.  

No universo de “Frito Sampler” e “Grace Ohio” cabem também o “Pai do Frito Sampler”, o “Pássaro Psicodélico da Floresta”, “Ohana”, “Sofi Anahô”, “Sosa Lima” e “Dr. Gory”. As participações no disco vão desde Meno Del Picchia e Dustan Gallas no baixo em diversas faixas, Junior Boca e Fernando Maranho na guitarra, Pedro Gongom, Gustavo Souza e Clayton Martin na bateria e com João Leão no piano, Otávio de Carvalho no sintetizador e Bárbara Eugênia no coro.

A língua universal entoada pelo “Frito Sampler” é oriunda do futuro, de onde o próprio “Frito” insinua que vem. “Eu vim de lá para deixar mensagens de paz, amor e belezas”, revela. No álbum 'Aladins Bakunins', “Frito” desvela canções autorais e em parcerias com a própria “Grace Ohio” (Julia Valiengo da 'Trupe Chá de Boldo), Clayton Martin, Dustan Gallas, Junior Boca, Meno Del Picchia, Pedro Gongom e até com um tal de Tatá Aeroplano.

Um álbum espetacular, que revela toda inventividade e sensibilidade deste cantor e compositor multifacetado, que é o “Frito Sampler”, também conhecido por Tatá Aeroplano.

2015 Aladins Bakunins (by Frito Sampler)

1. Frank Black meeting Calling days
2. Cats and gatz
3. Belle star
4. Ladies, soldies and fantasys
5. Aladins Bakunins
6. Fabulous and colors
7. Fishing Neil Young
8. Love, melodies and more nothing
9. Canga’s libidian
10. Aliceland skylies for Elena

7.26.2015

TÔ TE EXPLICANDO PRA TE CONFUNDIR E TÔ TE CONFUNDINDO PRA TE EXPLICAR

O novo disco da banda paulistana 'Passo Torto' vem pra confundir e complicar o entendimento e a percepção.  


'Passo Torto' é uma super banda paulistana. São os caras mais inventivos da cena musical da cidade de São Paulo. Formada por Rômulo Fróes, Kiko Dinucci, Rodrigo Campos e Marcelo Cabral.

Junto com a cantora Ná Ozzetti, eles lançaram o álbum 'Thiago França'. Não... O saxofonista França não faz e nunca fez parte da banda – assim como não participa deste disco. Apenas foi homenageado no título numa clara alusão a eterna confusão que sempre o colocam como membro deste supergrupo.

O fato é que o França toca com toda essa galera em seus trabalhos solo, com Kiko Dinucci ele mantém o 'Metá Metá', que ainda tem a cantora Juçara Marçal, com o Rômulo Fróes ele gravou o álbum mais recente, 'Barulho Feio', com Rodrigo Campos gravou o 'Bahia Fantástica' e com o Marcelo Cabral integra o 'MarginalS', junto com o baterista Tony Gordin.

Foi então que esse quarteto de cinco fez um dos álbuns mais complexos do ano – o álbum 'Thiago França' – com a cantora Ná Ozzetti. O disco é osso duro de roer e ouvir. Uma pérola que faria sorrir o maestro vanguardista Itamar Assumpção e que deve deixar orgulhoso o mestre Arrigo e todos aqueles outros que integraram o movimento de vanguarda paulistano. Mas não tem saxofone nesse disco...

Essa galera do 'Passo Torto' representa a nova geração de vanguardistas e seguem à risca a inventividade e dodecafonia e hermetismo. Impossível terminar a audição deste álbum sem estar modificado ou transtornado de certa forma – de preferência em posição fetal ou em desespero catatônico. Tá esperandoquê?

2015 Thiago França (Passo Torto + Ná Ozzetti)

1. Cipó
2. Perder essa mulher
3. Beth
4. Onde é que tem?
5. Esse homem
6. Homem comum
7. Palavra perdida
8. O cinema é melhor
9. Bloco torto
10. O cadáver