3.31.2014

SALVE A FÚRIA E A FORMOSURA DA AMÉRICA DO SUL

Fábio Trummer, do 'Eddie', se une a Diego Reis e Lucas Bori, do 'Vivendo do Ócio', para juntos criarem um dos melhores álbuns de rock brasileiro. 



Há tempos que Fábio Trummer tem a necessidade de dar vazão a sua veia mais roqueira – uma vez que o 'Eddie' sempre experimentou outros estilos, mesmo predominando a mistura de frevo com surf-music.

A ideia era se aproximar do universo punk-rock, que foi a partícula criadora de toda a carreira do próprio Trummer. Para isso, ele chamou dois novos colegas – e fãs do trabalho com o 'Eddie' – Dieguito Reis e Lucas Bori, bateirista e baixista do 'Vivendo do Ócio', respectivamente. Juntos criaram o 'Trummer Super Sub América' – nome inspirado em Eduardo Galeano, que categoriza a América do Sul como uma sub-américa.

O novo álbum, segue essa premissa com letras fortes e impactantes, com arranjos executados no formato de “power trio”. Em 'SAS', Trummer evoca uma ode à América do Sul, chancelando os heróis assassinados, as festas, geografias e até políticas etc. 'Medo da rua' parece oportuna neste momento de manifestações populares e repressões governamentais.

Quase como uma ópera punk-rock, o roteiro do álbum segue com 'Ardendo em chances', ressaltando as consequências relacionadas ao clamor do povo em descontentamento. 'Eu tenho fé' injeta um miligrama de esperança na situação atual – sentimento que não norteava a versão original de Rogerman, líder do 'Bonsucesso Samba Club', gravada em 2010 e 2012 (antes dos movimentos populares).

'Música Canibal' reflete uma autofagia da amada pátria, seguida à analogia entre o frevo e o blues, 'De Olinda ao Mississipi'. Em 'Descompasso' Trummer apresenta um riff poderoso ao serviço da letra pungente sobre a distorção da realidade. 'The end' ameaça a vida com pessimismo de proporções apocalípticas.

'Sindicato natural' critica as formas de associações enquanto 'Só faltou' encerra o petardo de forma otimista. Um dos melhores discos de rock do ano. Pode baixar sem erro. Vida longa ao 'Trummer SSA'.

2014 Trummer Super Sub América

1. SAS (Salve a América do Sul)
2. Medo da rua
3. Ardendo em chances
4. Eu tenho fé
5. Música Canibal
6. De Olinda ao Mississipi (Movimentação)
7. Descompasso
8. The end (o fim)
9. Sindicato natural
10. Só faltou

3.23.2014

SEQUELADOS EM ALDEBARAN

Entre ossadas e fragmentos, Bonifrate apresenta um universo de “substâncias cósmicas”, “sapos alquímicos”, “anões da vila do magma” em “breve viagens ao país das libélulas”.


O cantor e compositor Bonifrate, também integrante dos 'Supercordas', apresenta um novo álbum com recriações de canções já gravadas por outros artistas, como Digital Ameríndio, banda 'Filme', 'Os Telepatas' e 'Acessórios Essenciais'.

O EP 'Toca do Cosmos' inicia com 'Sequelagem', anteriormente gravada pelo próprio Bonifrate no disco de 2002, 'Sapos Alquímicos na Era Espacial'. A canção é uma balada psicodélica e psicótica, no melhor estilo dos “seres verdes” cheios de musgo, que existem na cabeça de Pedro, o bardo – com participação de Alexandr Zhemchuzhnikov no sax tenor.

Na sequência, a inédita dos 'Acessórios Essenciais', 'Rock da paçoca', cantada em parceria com Thalita Aguiar – que também clicou a foto da capa do EP (e da postagem também). Um lendário rock rural de proporções épicas e final apoteótico.

Segundo o próprio Bonifrate, 'Aldebaran', já fazia parte do repertório ao vivo. A canção, já gravada pela banda 'Filme' de Simplício Neto, tem todos requisitos básicos para integrar o repertório psicodélico rural do cantor. Com inúmeras referências, desde religiosas e cósmicas, do sertão ao espaço, de 'Paebirú' à estrela que nomeou a música.

'The last time' foi gravada anteriormente por Digital Ameríndio, parceiro de Bonifrate no 'Supercordas', junto também com Diogo Valentino, que masterizou este EP. Uma canção popular com predisposição a virar um hino de estádio cheio, para ser entoada em uníssono por toda multidão. O disco todo tem participação de Marcus Thanus nas guitarras.

O EP encerra com 'Dissipado Amor', d'Os Telepatas', numa bela recriação de Bonifrate, que transforma a canção num réquiem ao fim do amor. Como todo lançamento de Bonifrate... Este álbum é uma peça fundamental à sua coleção. Impoerdível!

2014 Toca do Cosmos EP

1. Sequelagem
2. Rock da paçoca
3. Aldebaran
4. The last time
5. Dissipado amor

3.16.2014

LEVE E LEVANTE, LEO CAVALCANTI

Com novo álbum, Leo Cavalcanti apresenta um interessante levantamento de belas canções com apelo polular.


'Despertador' de Leo Cavalcanti pode ser considerado como um dos melhores lançamentos do ano. O álbum inicia com a faixa título, entregando o tema do redescobrimento ou do verdadeiro despertar.

Um disco que pode bem definir-se através da canção título, que permeia todo o conceito do álbum, 'Despertador'. Gravado num sítio com Leo no violão e voz, Guilherme Held na guitarra, Samuel Fraga na bateria, Marcos Leite Till no baixo e Fabio Pimczowski nos sintetizadores e teclados. Produzido por Cavalcanti e Pimczowski, com uma co-produção de Held.

O disco tem uma levada densa e pegajosa. Um álbum para se apreciar inúmeras vezes sem cansar o ouvinte.

2014 Despertador

1. Despertador
2. Só digo sim
3. Sonho parasita
4. Leve
5. Inversão do mal
6. O momento
7. Get a heart
8. Tudo tem seu lugar
9. Sua decisão (ser feliz e contente)
10. Amoral

3.09.2014

THEY CALL ME AURORA

Projeto Aurora une dupla de artistas na criação de um universo de canções baseadas no som dos anos 60.


A cantora Bárbara Eugênia se juntou com o guitarrista do 'Hurtmold', Fernando Cappi, que assina os trabalhos solos como Chankas, para produzirem um álbum com canções cantadas em inglês e de sonoridade folk.

A ideia partiu da cantora, logo após lançar seu mais recente disco solo, 'É o que Temos'. Com inspiração nos 'Beatles', ela começou a escrever canções que falavam das relações entre as pessoas, enquanto membros de uma banda, e ponderou sobre as mudanças como indivíduos, que ocorrem com o tempo.

Para dar vida às músicas, ela convidou o Chankas, que já havia arranjado uma das faixas de seu último álbum, de 2013, 'Não tenho medo da chuva e não fico só'. Juntos os dois criaram um compêndio de belas canções.

O álbum 'Aurora' pode ser encontrado gratuitamente na internet e apresenta um emaranhado de referências ao pop-rock e folk dos anos 60. Com letras em inglês, o projeto pode trazer certo desconforto ao ouvinte, mas tudo compensado pelas belas melodias influenciadas por artistas do mesmo período, como Dylan, Barrett, Young e os já citados acima, “os besouros do ritmo”.

Um disco cheio de baladas como 'Say goodbye', 'With love', 'Don`t let it slip away', 'Why so mute?' e 'And love you`ll have', mas também com espaço para a canção pop brasileiro/indiana 'Climb the stairs', e também para o rock psicodélico em 'Ants' e experimental em 'Stand up for yourself'. A faixa título, 'Aurora', encerra o álbum com um clímax apoteótico, legítimo de um hino indie-folk-rock.

Independente da cantora manter um “tumblr” com o nome 'Me llamo Aurora', o título do álbum veio mesmo por causa do termo universal que 'Aurora' representa. Com participações de outros artistas como Regis Damasceno, Thomas Rohrer, Richard Ribeiro, Davi Bernardo, Guizado e Gil Duarte.

A dupla pretende apresentar um projeto de crowdfunding para viabilizar a prensagem de um vinil, antes de iniciar a turnê do álbum - esta campanha de financiamento já está no site catarse. Colaborem!


2014 Aurora

1. Say goodbye
2. With love
3. Don't let it slip away
4. Why so mute?
5. Stand up for yourself
6. Climb the stairs
7. And love you'll have
8. Ants
9. Aurora

3.02.2014

OKOLOFÉ ÍYÁ JUÇARA MARÇAL ODOYÁ ou QUERO MORRER NA AMÉRICA DO SUL

Cantora paulistana apresenta a voz como instrumento no primeiro disco solo após quase vinte anos de carreira.


A cantora Juçara Marçal começou a carreira com o grupo vocal 'Vésper', com o qual gravou quatro álbuns. Depois integrou 'A Barca', onde gravou mais dois discos, para seguir em parceria com Kiko Dinucci, 'Padê', até formar o trio 'Metá Metá', com a adição do saxofone de Thiago França.

Quase vinte anos depois, Juçara lança o primeiro disco solo, 'Encarnado', que reflete sobre a morte em diversas formas de experiências. Com arranjos enxutos pela rabeca de Thomas Rohrer, o saxofone e o piano de bolso do Thiago França, a guitarra de Kiko Dinucci e Rodrigo Campos, que também toca cavaquinho, e a voz incrível de uma das maiores cantoras da atualidade funcionando como mais um instrumento.

Tudo começa com 'Velho amarelo', canção de Rodrigo Campos, que evoca a morte inevitável com os versos de “quero morrer na América do Sul”. Em 'Damião' de Douglas Germano e Everaldo Silva, Juçara apresenta a sugestão do velho ditado de quem bateu também leva, seguida pela romântica parceria entre Romulo Fróes e Alice Coutinho, 'Queimando a língua' e depois 'Pena mais que perfeita', composta por Gui Amabis e Regis Damasceno. 'Odoyá' é uma saudação à mãe Yemanjá de autoria da própria cantora.

'Ciranda do aborto', composta por Kiko Dinucci, é uma desconcertante e violenta canção sobre o tema do título. Nenhum ouvinte é capaz de passar incólume após escutar os fortes versos da canção, unidos ao arranjo tenso e pungente, que culminam num explícito catarse caótico. 'Canção para ninar Oxum', de autoria de Douglas Germano, propõe uma melodia singela, que contrapõe com a dureza da faixa anterior.

A seguir, Juçara apresenta clássicos de dois grandes nomes da música brasileira, Itamar Assumpção e Tom Zé, em 'E o Quico?' e 'Não tenha ódio no verão', respectivamente. Em 'A velha da capa preta', de Siba Veloso, ela apresenta uma representação popular da morte como ceifador sinistro. 'Presente de casamento' é uma parceria entre Thiago França e Romulo Fróes.

O final dá-se com o duelo da voz de Juçara com o cavaquinho de Rodrigo Campos na canção de Kiko Dinucci, 'João Carranca'. 'Encarnado' é um disco forte e opressor, que vai te levar mais fundo e além da experiência pós-vida. O álbum é um renascimento sustentado pela voz suave e encorpada de Juçara.

2014 Encarnado

1. Velho amarelo
2. Damião
3. Queimando a língua
4. Pena mais que perfeita
5. Odoyá
6. Ciranda do aborto
7. Canção para ninar Oxum
8. E o Quico?
9. Não tenha ódio no verão
10. A velha da capa preta
11. Presente de casamento
12. João Carranca

2.23.2014

AS PENAS DO TIÊ-SANGUE DE GUSTAVO GALLO

Cantor paulistano Gustavo Gallo estréia em vôo solo com disco cheio de participações especiais e belas canções.


O álbum solo de Gustavo Galo, integrante da 'Trupe de Chá de Boldo', saiu dividido entre par ou ímpar. As canções ímpares são mais introspectivas enquanto as pares ficaram com arranjos mais arrojados.

O álbum 'Asa' apresenta Galo como um compositor experiente que segue uma linha evolutiva de uma canção a outra. A dualidade também foi representada pelas penas do tiê-sangue, um pássaro que sobrevoava os umbrais do cantor e o inspirava em determinados momentos, e sua própria pele.

Abrindo com leveza em 'Tomara', com participação de Maurício Pereira e Alzira E., e seguida pela alegre 'Cantei cantei', que dispara diversas referências de algumas influências de Galo. 'Só' faz parte do lado ímpar, com participação de Tatá Aeroplano, enquanto a canção seminal de Walter Franco, 'Eu te amei como pude (Feito gente)', representa o lado par.

Se em 'Moda' Galo determina que “não está a venda nem a prestação”, em 'De aeroplano' ele exalta a boa sensação de alegria e tranquilidade “sem pressa, amor, de aterrissar”. 'Um garoto' apresenta uma crônica urbana cotidiana, com participação de Lucinha Turnbull, seguida pela delicadeza sincera de 'Seresta'.

A canção 'Cama' de Tatá Aeroplano, gravada no terceiro álbum do 'Cérebro Eletrônico', ganhou versão acústica e singela. O disco encerra com as participações de Lirinha em 'Nosso amor é uma droga' e Ava Rocha na faixa título, 'Asa'.

O disco foi produzido por Gustavo Ruiz e contou com Pedro Gongom (bateria e percussões), Meno del Picchia (baixo e rhodes), Zé Pi (guitarras), Peri Pane (cello), Tomás Oliveira (piano e rhodes), Luiz Chagas (lap steel), Pedro Mibielli (violino), Flavio Guaraná (pandeirola), Juliana Perdigão (clarinete) e Maico Lopes (trompete).

Um disco imperdível para quem pretende entender a nova produção musical brasileira. 

2014 Asa

1. Tomara
2. Cantei cantei
3. Só
4. Eu te amei como pude (Feito gente)
5. Moda
6. De aeroplano
7. Um garoto
8. Seresta
9. Cama
10. Nosso amor é uma droga
11. Asa

2.16.2014

TODO CALOR DE ISAAR ou NUNCA MAIS DESAPAREÇA

Cantora pernambucana lança novo disco repleto de belas canções com suaves melodias e ritmos frevoadores.  


O terceiro álbum solo da cantora Isaar, 'Todo Calor', apresenta 11 canções de arranjos enxutos e singelos, executados por uma banda formada por Deco do Trombone, Gabriel Melo (guitarra), Rama Om (baixo) e Do Jarro (bateria).

A abertura do álbum é com 'Nunca mais desapareça', composta pela própria Isaar em parceira com Lito Viana, uma canção pop e recheada de referências da bossa nova à jovem guarda. Em 'Casa vazia', ela revela um balanço latino repleto de sol e mar.

Em 'Estrada de sementes', Isaar mistura reggae com frevo sem a menor parcimônia com a participação do grupo 'Voz Nagô', para em seguida mergulhar em reverências ao som da África, também presentes no “afrevobeat” de 'Coisas por escrito', poema do olindense França em homenagem ao pintor Miró e musicado por Lito Viana. Respire agora...

'Brincadeira' é um interlúdio vocal seguido pelas primeira sílabas da voz suave e melodiosa de Isaar em 'Tudo em volta de mim vira um vão', um frevo-blues e depois o frevo-calipso de 'Festa na roça'. 'Estação ligeira' trás o frevo legítimo com um naipe de trombone, saxofone e trompete (Deco, Parrô Melo e Daniel Ferraz, respectivamente).

'O que será de mim?' vem no formato de frevo-ragtime com Isaar brilhando em contraponto com os sopros, composta pelo poeta Zizo. 'Espero bem devagar' encerra o álbum com uma ode à mãe natureza, numa canção de singela beleza.

Tudo que Isaar faz tem um pé nas tradições populares – principalmente do estado de Pernambuco – mas também tem uma pitada de “mudernidade”. Pode-se dizer que ela faz um frevo-pop, que as vezes também pode ser um frevo-lounge etc e tal.

Mas a verdade é que não há rótulos para definir o som de Isaar. O que ela faz é pura arte contemporânea. Resta a ti, consumir, compreender e compartilhar. Ouça sem parcimônia...

2014 Todo Calor

1. Nunca mais desapareça
2. Casa vazia
3. Estrada de sementes
4. Todo calor
5. Coisas por escrito
6. Brincadeira
7. Tudo em volta de mim vira um vão
8. Festa na roça
9. Estação ligeira
10. O que será de mim?
11. Espero bem devagar

2.09.2014

TOMBA RECORDS APRESENTA TOMBA ORQUESTRA

Bruno Marcus, fundador do 'Tomba Records', apresenta orquestra moderna que cria trilhas sonoras para filmes imaginários. 



A 'Tomba Orquestra' nasceu da necessidade de Bruno Marcus em apresentar um trabalho autoral com uma trupe de diversos artistas, que já colaboram no estúdio fundado em Niterói, o 'Tomba Records'.

Uma orquestra pop formada por 30 integrantes, entre eles Alex Ventura, André Brito, André Mansur, Antônio Rodrigues, Bruce Lemos, Daniel Vasquez, Edno Junior, Edu Vilamaior, Fabio Simões, Felipe Escovedo, Flu, Fernando Oliveira, Fred Martucci, Gabriel Delatorre, Gabriel Policarpo, Gilber T, João Raphael Vianna, Leonardo Costa, Lincoln Castro, Lucas Brasi, Luciana Lazulli, Marcelo Salazar, Marco Serragrande, Marcos Braz, Mario Travassos, Maurício Bongo, Pedro Selector, Rodrigo Sestrem, Sérvio Túlio, Tata Ogan e pelo próprio Bruno Marcus.

O álbum apresenta um apanhado de temas intrumentais, que vão desde o jazz em 'Jazz intro' e 'Charles Bossa 7', groove e suingue em 'A fuga', samba sincopado em 'Bossa nova export', reggae lounge em 'Homeopática', surf-music em 'Ska-surfboard brow' e 'Bolada', maracatu-folk em 'Faroeste cabôco', western-spagetti em 'Billy Bob's' e 'Prenúncio de guerra' e 'Bangue bangue à brasileira' e 'Fado italiano' e alguns samba-canções com distorções em 'Bambú', 'Intro 2' e 'Recordações'.

O disco 'Tomba Orquestra' apresenta uma variedade de referências que vão desde às trilhas compostas por Ennio Morricone e Bernard Hermman e aos filmes de David Lynch e Quentin Tarantino. Uma obra produzida por Bruno Marcus e Gilber T.

2014 Tomba Orquestra

1. Jazz intro
2. Charles Bossa 7
3. Homeopática
4. Intro 2
5. Bambú
6. Bossa nova export
7. Recordações
8. Billy Bob's
9. Prenúncio de guerra
10. Fado italiano
11. Bangue bangue à brasileira
12. Faroeste cabôco
13. Ska-surfboard-brow
14. A fuga
15. Bolada

2.02.2014

A GRAVEOLA SOPRA NA ORELHA O SOM DA VIOLA

Os mineiros do 'Graveola e o Lixo Polifônico', apresentam quarto disco cheio de referências aos clássicos da música brasileira.


A banda 'Graveola' se tornou um coletivo, comunidade, organização, sei lá... Eles seguem com a mesma pegada de belas canções, recheadas de reverências ao cancioneiro popular brasileiro.

O álbum 'Vozes Invisíveis ou 2 e 1/2' inicia com uma colaboração com Zé do Poço como cantor e regente, um convite ao 'Ouvinte' a escutar, baixar e compartilhar gratuitamente o CD. 'Vozes invisíveis' é uma bela canção de lotar estádios e ser entoada em uníssono por toda platéia.

'Envelhecer' faz clara referência a 'Preciso aprender a ser só', tanto na letra simples e na melodia sincopada. 'Cafeína' e 'Chuva se começo a pensar' são resultados da parceria entre Luiz Gabriel Lopes e José Luis Braga, dois mestres da aliteração e da arte de espalhar pitadas de referências à música brasileira.

'A mão e a roseira' e 'Até breve' são baladas poéticas e psicodélicas com arranjos singelos, enquanto 'Canina intuição' e 'Escadaria' revelam forte influência do 'Clube da Esquina'. 'Cleide' é um chorinho moderno, seguido por 'Maquinário', um samba com tabla.

'A lenda do Homem Pássaro' foi composta por J.P. Simões e 'Da janela' por Luiza Brina. Um disco especial, que também pode ser considerado como um recorte temporal, um registro sonoro, uma série de impressões variadas da comunidade em movimento, chamada 'Graveola'.

2014 Vozes Invisíveis ou 2 e 1/2

1. Ouvinte
2. Vozes invisíveis
3. Envelhecer
4. Cafeína
5. A mão e a roseira
6. Canina intuição
7. Escadaria
8. Até breve
9. Cleide
10. Maquinário
11. A lenda do Homem Pássaro
12. Da janela
13. Chuva se começo a pensar

1.26.2014

A SONORIDADE UNIVERSAL DA ALÁFIA

A banda 'Aláfia' mistura elementos tradicionais do batuque de matriz africana com o samba enredo e o baile black.


'Aláfia' tem vários significados em yorubá e outros dialetos da umbanda, mas também serve para nomear a banda de inúmeros integrantes, que fazem um som que vai desde os bailes blacks aos ensaios de escolas de samba e terreiros de candomblé.

Formada em São Paulo por Jairo Pereira (voz), Eduardo Brechó (voz e guitarra), Xênia França (voz), Lucas Cirillo (gaita), Filipe Gomes (bateria), Alysson Bruno (percussão), Gabriel Catanzaro (baixo), Pipo Pegoraro (guitarra), Gil Duarte (trombone) e Fernando TRZ (teclados), a 'Aláfia' lançou o primeiro álbum em 2013, auto-intitulado.

Com participações especiais de Luciana Oliveira, Rafa Barreto, 'Quarteto Alma Negras', Raphão Allafin, Lurdez da Luz, Akins Kintê e Lews Barbosa, o grupo 'Aláfia' apresenta um samba-funk-de-terreiro.

A banda 'Aláfia' apresenta uma boa mistura de batuque com hip-hop, do samba com o pop, do analógico ao digital, dos anos 80 aos anos 2.000.

2013 Aláfia

1. Mulher da Costa
2. Ela é favela
3. O homem que virou música
4. Kwalé ki pá (baile black)
5. Mais tarde
6. Em punga
7. O dono da minha cabeça
8. Pura
9. Chicabum
10. Dara Dara (para Caetano)
11. Pera lá 

1.19.2014

VOCÊ COM CERTEZA JÁ CONHECE O ZÉ VITO

O guitarrista Victor Gottardi lança primeiro disco solo e se transforma em Zé Vito para cantar as belas crônicas urbanas ambientadas no Rio de Janeiro.


José Victor Gottardi é mais conhecido como Victor Gottardi, e os amigos o chamam apenas de Vitinho. Porém, ele está prestes a ficar também conhecido com Zé Vito, como foi que assinou o novo álbum solo, 'Já Carregou'.

Por isso, a partir de agora vou me referir a ele como Zé Vito, porque ele mesmo explica que ao imaginar o nome “Victor Gottardi" na capa de um disco tinha a impressão de um cantor de “churrascaria italiana”. “Zé Vito é mais simples, mais fácil. É um personagem novo que sou eu ao mesmo tempo”, confirma.

Zé Vito aproveitou o hiato com a banda 'Sobrado 112', para tocar outros projetos, como a própria 'Abayomy Afrobeat Orquestra' (na qual também fazem parte todos integrantes da própria 'Sobrado 112'), na banda 'Let's Play That' (que acompanha Jards Macalé) e também acompanhar ao vivo o cantor Alvinho Lancelotti. E lançou agora esse material solo. “Senti necessidade de me expressar individualmente, sem fazer parte da engrenagem de uma banda”.

O álbum foi gravado nas casas dos amigos (Bruno Barbosa e Maurício Calmon), com Zé Vito tocando guitarra, cantando e tocando bateria em três faixas ('Já carregou', 'Atriz' e 'João Benedito'). Maurício Calmon tocou bateria em 'Juízo' e Thomas Harres no restante do disco. Donatinho tocou todos os teclados e Pedro Dantas os baixos, com exceção das canções 'João Benedito' e 'Já carregou', que contaram com o baixo de Bruno Barbosa.

A faixa título também tem vocais adicionais de Eduardo Brechó e solos de guitarras de Pedro Costa e Bruno Giorgi, que também gravou trompete, teclado e vozes em outras canções e co-produziu o álbum junto com Zé Vito e Pedro Costa – que também tocou guitarra em outras faixas. Thiago Queiroz tocou saxofone em 'Chuva'.

Não existe um fio condutor para o álbum, visto que é uma obra de belas canções compostas entre 2011 e 2013. “Sempre tive vontade de fazer um álbum solo”, emenda Vito, que nunca se sentiu preparado para se expressar num trabalho solo. “Você tem que estar muito seguro e certo do que quer”.

Segundo Vito, as canções são um tanto pessoais e sempre têm sempre um lado verídico. “É um disco que reúne coisas que eu fiz anos atrás, e coisas recentes que eu vivia. A musica 'Chuva' eu fiz quando o Túnel Rebouças caiu... Uma vez que teve uma chuva fodida aqui no Rio... A cidade parou...”, conclui.

O próprio Vito avisa que os shows com a banda serão com um quinteto e se depender dos ensaios, tudo vai ficar muito rock and roll. “Eu na guitarra e voz, Donatinho nos teclados, Pedro Costa na guitarra, Maurício Calmon na bateria e Bruno Barbosa no baixo”.

Com canções compostas em parcerias com Eduardo Brechó, Pedro Dantas, Bruno Barbosa e principalmente com Matheus Silva, amigo de longa data de Vito, arquiteto e exímio letrista. O álbum 'Já Carregou' é um apanhado de diversos momentos na vida desse novo grande cantor.

Uma perfeita crônica cotidiana da cidade onde vivem todos os atores desse projeto. Parabéns “Zé Vito e Seus Gottardis”!

2014 Já Carregou

1. Já carregou
2. Segue o fluxo
3. Atriz
4. Lady não
5. Juízo
6. Diplomático
7. Chuva
8. Bill
9. 5 pra 1
10. João Benedito

1.12.2014

A BOSSA PUNK DA MADAME RROSE SÉLAVY

O cenário musical de Belo Horizonte apresenta surpresa e diversidade em cada esquina, com bandas como 'Madame Rrose Sélavy'.



A banda 'Madame Rrose Sélavy' faz um som experimental sincopado com letras sagazes e canções performáticas. O grupo é formado por Alex Pix na guitarra, Lacerda Jr. nas guitarras e teclados, Rodoxter Woorooboo na bateria, Ana Mo nos vocais e TucA também nos vocais e programações e samplers, criando um som que eles mesmos definem como “electro frevo bossa punk”.

O primeiro disco da banda foi lançado em 2009 sob o título 'Duchamp: C'est la Vie', como um quarteto – as baterias eram programações eletrônicas e samplers – seguido pelo álbum '10' em 2010, e depois por 'Dê nome aos Beuys!' em 2011. Tudo devidamente gravado no velho esquema “faça você mesmo”, numa mesa de quatro canais dentro de um quartinho nos fundos da casa etc e tal.

Em 2012 a banda se dedicou ao projeto 'Jass', uma trilogia gravada de forma emergêncial com participação de vários músicos da cena musical da capital de Minas Gerais. O 'Jass Vol. 1' apresentou colaborações de Andrés Shaffer (do 'Player2') e Luiz Gabriel Lopes (da banda 'Graveola e o Lixo Polifônico), enquanto o 'Vol. 3' mostrou a diversidade atual do cenário Belo Horizontino com gente como Porquinho (das bandas 'UDR', 'Grupo Porco de Grindcore Interpretativo' e 'Fadarobocoptubarão'), Raul Costa (do Retrigger), das bandas 'Ü' e 'Videotroma' e do mesmo Andrés Shaffer.

O ano passado, 2013, serviu para a banda consolidar a nova formação em quinteto, com a entrada do baterista Woorooboo, com o lançamento do 'Bootleg do Inferninho', gravado ao vivo no primeiro show ao vivo com o novo integrante. Esse show já dava mostras do novo caminho que o grupo seguia ao executar as mesmas canções com arranjos mais melódicos e mesmo assim ainda bastante experimentais.

Prova disso é o novo álbum, lançado no primeiro de janeiro de 2014, 'Bossa Punk', com nova roupagem para canções antigas e algumas pérolas inéditas. A opção dos arranjos de violão, vozes e bases eletrônicas serviu para apresentar as canções em estado bruto, da forma como foram concebidas – por isso mesmo a banda incluiu um cd extra com as versões demos das mesmas faixas.

A banda 'Mme Rrose Sélavy' faz uma homenagem ao artista Marcel Duchamp, através da ironia e deboche, que permearam a obra deste pintor, poeta e escultor. Um som que mescla programações e bases eletrônicas com poesia punk e bossa nova, num resultado instigante.

2014 Bossa Punk

1. Monalisa de bigode
2. Amanheceu o dia
3. Só você não vê
4. Moça da novela
5. Ninguém
6. Bem vindo
7. Bomba
8. Despacho (instrumental)
9. Só um beijo
10. Ônibus lotado
11. Atriz na high society
12. Mundo livre
13. Sujou meu nome
14. Vida açucarina
15. Bulimia
16. No banco perto de casa (instrumental)


2013 Bootleg do Inferninho

1. Atriz na high society
2. Ônibus lotado
3. Bulimia
4. Ninguém
5. Canção que ninguém canta
6. Eterno retorno
7. Dia de cão
8. Roda de bicicleta
9. Bomba
10. Merda pela grama
11. Deixe os remédios
12. Inteligência artificial


2012 Jass Vol. 3


1. De azul para cinza (ft. Porquinho)
2. Canção que ninguém canta
3. Punk magro (ft. Videotroma)
4. Sem a câmera escondida (ft. Ü)
5. Clichês (ft. Andrés Schaffer)
6. Apenas mais um morto (ft. Porquinho)
7. Guitarrada Super Máquina
8. Arte berrada (ft. Videotroma)
9. Incertezas (ft. Andrés Schaffer)
10. Olho de bandido (feat. Ü)
11. Saco plástico (ft. Porquinho)
12. Um bolo
13. O grande fingidor (ft. Retrigger)


2012 Jass Vol. 2

1. Eterno retorno
2. Bem vindo
3. Inteligência artificial
4. Cabelo branco
5. Filme antigo
6. Meu obituário
7. Ônibus lotado
8. Mente sem conforto
9. Pior brinquedo
10. Não me diga a verdade
11. Negligente
12. Morte tranquila


2012 Jass Vol. 1

1. No dia que morremos (ft. Luiz Gabriel Lopes)
2. Algo dito (ft. Andrés Schaffer)
3. Diabo teu (ft. Luiz Gabriel Lopes)
4. A caixa (ft. Andrés Schaffer)
5. O céu cegou seu olho (ft. Luiz Gabriel Lopes)
6. Bomba (ft. Andrés Schaffer)
7. Morto (ft. Andrés Schaffer)
8. Vida criminosa (ft. Andrés Schaffer)
9. Estrada (ft. Andrés Schaffer)
10. Perfume (ft. Andrés Schaffer)
11. Anônimo (ft. Andrés Schaffer)
12. Vermelho (ft. Andrés Schaffer)


2011 Dê Nome aos Beuys!

1. Só um beijo
2. Vida açucarina
3. Footing dos mortos
4. Meu coração partido
5. Seja você
6. Grupo de risco
7. Sou faminto
8. Meio perdido
9. Sinal de amor
10. Fim de jogo
11. Quando fumo
12. Lírios secos


2010 10

1. Bulimia
2. Quis ser você
3. Deixe os remédios
4. Gripe suína
5. Festinha
6. Sujou meu nome
7. Anabolizante
8. Amanheceu o dia
9. O que penso
10. Cure 138 bpm


2009 Duchamp: C'est la Vie

1. Na madrugada de abril
2. Moça da novela
3. O mesmo sonho
4. Monalisa de bigode
5. Caixa-valise
6. Meu bem
7. Nu descendo uma escada
8. Só você não vê
9. O gás de iluminação
10. O grande vidro
11. Aos diabos
12. Roda de bicicleta
13. Calça de veludo
14. A noiva despida
15. Oxalá
16. Duchamp c'est la vie

12.29.2013

FRANÇA, MALAGUETA, PERUS E BACANAÇO

Inspirado no universo notívago dos bares paulistanos, o saxofonista Thiago França apresenta uma obra cheia de suíngue e balanço.


Thiago França é onipresente na nova safra da música brasileira. O saxofonista é co-fundador da banda 'Metá Metá', junto com Kiko Dinucci e Juçara Marçal, toca na banda do Criolo, também tem projetos como a banda 'MarginalS', 'A Espetacular Charanga do França' e o 'Sambanzo'.

Neste álbum, ele apresenta o universo da noite paulistana na visão do escritor João Antonio. O disco, 'Malagueta, Perus e Bacanaço' é livremente inspirado na obra literária de mesmo nome, escrita por Antonio. Na obra, Malagueta e Bacanaço são malandros que vivem de pequenos golpes nos bares da capital, enquanto Perus é o pivete que se vê no meio dos dois vagabundos.

Da mesma forma que João Antonio apresenta uma literatura rimada e ritmada, como fosse uma longa e extensa canção em homenagem ao trio de golpistas nas mesas de sinuca da Boca do Lixo em São Paulo, as canções do álbum contam uma história através dos bailes noturno de gafieira, samba e bolero.

O álbum 'Malagueta, Perus e Bacanaço' funciona como uma ópera paulistana, e a canção título abre a obra como uma Overture, Num samba jazz com um pé na gafieira. As canções 'Fome (Malagueta)', 'Nostalgia (Perus)' e 'Picardia (Bacanaço)' apresentam os personagens desta ópera da Boca do Lixo, mas também os definem, respectivamente. Daniel Ganjaman toca hammond nas duas últimas.

O rapper paulistano Ogi canta em 'Caso do Bacalao', composta em parceria com Kiko Dinucci, que ainda toca guitarra e percussão em 'Vila Alpina', que é cantada e composta por Rodrigo Campos, que ainda toca cavaquinho, guitarra e violão em outras faixas. A cantora Juçara Marçal canta em 'Na multidão', um samba moderno composto por Dinucci e Rômulo Fróes.

Compondo sobre temas da noite paulistana, França consegue te transportar pelo ambiente através dos movimentos 'São Paulo de noite' e 'Bolero de Marly', que representam uma jornada madrugada adentro, enquanto o 'Tema do Carne Frita' apresenta a figura do lendário jogador de sinuca paulistano.

'De volta à Lapa' encerra a tour pela noite da capital paulista com direito a visita na padaria da esquina, pela locução especial de Maurício Pereira. Além das participações já mencionadas, e de Thiago França nos saxs (alto, tenor e soprano), flauta e pocket piano, o disco também foi gravado por Anderson Quevedo no sax barítono, Amilcar Rodrigues no trompete e flughel, Didi Machado no trombone, Pimpa na bateria e percussão e Marcelo Cabral no baixo.

Um álbum feito como uma adaptação sonora da obra de João Antonio, 'Malagueta, Perus e Bacanaço'. Agora é só esperar o próximo script com a logomarca 'França S.A.'.

2013 Malagueta, Perus e Bacanaço

1. Malagueta, Perus e Bacanaço
2. Picardia (Bacanaço)
3. Caso do Bacalao
4. São Paulo de noite
5. Tema do Carne Frita
6. Nostalgia (Perus)
7. Na multidão
8. Bolero de Marly
9. Fome (Malagueta)
10. Vila Alpina
11. De volta à Lapa

12.22.2013

DE AMORES SONOROS E CASTELLO BRANCO

Cantor carioca estréia com álbum repleto de delicadeza com canções suaves de melodias singelas e belas. 



Castello Branco fazia parte da banda R.Sigma, mas com o encerramento do ciclo, lançou-se em processo de redescobrimento até criar o projeto solo que culminou neste disco, 'Serviço'.

Logo na abertura, Castello Branco versa sobre o crescimento em 'Cres-Sendo'. “Não há porque viver, senão pra crer e ser crescendo sendo. Não há porque amar, senão pra semear conhecimento", canta.

A partir de então o ouvinte está fisgado pela levada etérea e poesia passional. 'Necessidade' apresenta uma continuação no andamento, que encerra apenas em 'Tem mais que eu', como se formassem uma suíte de três movimentos. “Que se fosse assim, amor daria em pé de árvore”, encerra ele.

'Kdq' brinca com a língua portuquesa e o sotaque característico de outrora e agora muito utilizado como abreviações etc. Com participação de Gabriel Ventura na guitarra.

Participação especial da bela voz de Alice Caymmi em 'Palavra divina; Quietude extraordinária' e na linda canção 'As minhas mães'. 'Céu da boca' e 'Acautelar' formam uma suite de samba, com versões modernas de bossa nova e do samba-canção, respectivamente.

'Guerreiros' usa o 'Guarani', de Carlos Gomes, como música incidental, mas apresenta uma versão coral religioso versus indie-rock de lotar estádios inteiros.

O álbum foi produzido pelo próprio Castello Branco, acompanhado por Strausz, Tô e Lôu Caldeira. Com Tô e Castello Branco nos violões, Patrick Laplan no baixo e bateria, Tô e Strausz nas guitarras e Tadeu Campany na percussão.

Uma surpresa sensacional com canções recheadas de um verdadeiro sentimento de amor e compaixão, com uma áurea que transpõe a barreira sonora e invade o ambiente por inteiro.

2013 Serviço

1. Intro ave
2. Cres-Sendo
3. Necessidade
4. Tem mais que eu
5. Entreaberta
6. Kdq
7. Palavra divina; Quietude extraordinária
8. As minhas mães
9. Céu da boca
10. Acautelar
11. Guerreiros
12. Anu

12.15.2013

O PONTO DO TAMBOR E DA VOZ DE ULLY COSTA

Cantora paulista apresenta primeiro trabalho solo, após três álbuns cantando samba-rock com a banda 'Sandália de Prata'.


Ully Costa nasceu cantando. Desde pequena tem forte aptidão para música e demonstra esse talento em cada nota do álbum 'Quem sou Eu'.

A cantora já lançou três álbuns com a banda 'Sandália de Prata', mas é na estréia em carreira solo que ela se destaca. O novo álbum nasceu da vontade de regravar 'Quem sou eu' de Pedro 'Sorongo' Santos – do disco clássico 'Krishnanda' – e além de ter sido a primeira faixa a ser gravada, foi o nome do álbum da cantora.

Outras regravações permeiam o álbum, como o samba-jazz 'Capoeira de Oxalá', o jazz-indígena 'A querer', a balada soul 'Olhos dágua' e o samba 'Veja o meu lado'. Destaque para 'Festa do Rei Nagô' e 'O ponto' do compositor Jairo Cechin. 'Matrinheiro/ Iorá Édun' e 'Pindorama' encerram o repertório do disco.

Participações especiais de gente como o DJ KL Jay dos 'Racionais', Bruno Marques e Curumin nas baquetas, Pepe Cisneros, Marcelo Pretto e Leonardo Mendes, que foi produtor do álbum. 

Apesar de não ser estreante em gravações e espetáculos, Ully Costa pode ser considerada uma grata surpresa nas estréias do ano. Com voz e estilo único, ela entrega um trabalho maduro e sintonizado com o cenário atual. Com a palavra, a própria cantora...

Como foi que vc começou na música? De onde veio a faísca que te levou à musica?
Quando criança eu morava num pequeno sítio no Capão Redondo. Naquela época o bairro ainda era muito parecido com o interior de São Paulo. Havia no meu quintal um pé de abacate com um balanço onde eu passava muito tempo cantando o mais alto que podia. Na segunda série do primeiro grau tive uma professora chamada dona Vilma, em suas aulas tínhamos muito contato com boa música e ela sugeriu a minha mãe que eu deveria estudar algum instrumento e assim tudo começou...

Como fica o trabalho com a 'Sandália de Prata'?
Com o 'Sandália' vivi e vivo momentos inesquecíveis e aprendo muito com esse trabalho, sempre! Sinto que é possível continuar produzindo no 'Sandália' paralelamente à este novo trabalho.

Existe algum fio condutor no disco 'Quem sou Eu'?
Sou filha de sertanejo e fui criada com nordestinos, parte da minha adolescência estive muito envolvida com o samba e com o rock. Sou muito curiosa e da maneira como fui criada seria impossível ter pré-conceito sobre qualquer coisa. Eu não estou afirmando nada com esse disco e sim buscando. Pintei meu rosto e meu corpo na arte gráfica junto com a Prila Paiva (artista plástica) numa busca contemporânea dessa nossa ancestralidade, de quem se pinta para um ritual. A música pra mim é um ritual.

Como você vê a questão dos free-downloads?
Fundamental, mas prefiro ter o controle de como essa música vai ser baixada. Pelo menos estabelecer algum tipo de troca, onde se possa, por exemplo, saber o nome e o email de quem está baixando a minha música. Nem sempre é possível, mas me parece o certo. Quando vamos pra um estúdio gravar, buscamos fazer tudo com o melhor. Pra captar os tambores e manter a melhor sonoridade usamos os melhores microfones. Os melhores instrumentos,os músicos vem com o seu melhor. O trabalho tem uma arte toda pensada. Então, se for pra baixar, que seja com dignidade, rsrsrs...

2013 Quem sou Eu

1. A querer
2. Festa do Rei Nagô
3. Capoeira de Oxalá
4. O ponto
5. Olhos dágua
6. Veja meu lado
7. Marinheiro/ Iorá Édun
8. Pindorama
9. Quem sou eu