8.26.2012

UM CIDADÃO COMUM DUM CANTINHO DO PLANETA ou ANTES DE PENSAR EM TIRAR, VAI TOMAR NO SEU COCCIX!


Criolo é o cara que levou a favela em uma turnê internacional, e tomou de assalto as plateias de Londres, Roma, Milão, Paris, Roskilde, Los Angeles e Nova York.

Criolo é o cara que renasceu das cinzas, com um dos discos mais importantes de 2011, ‘Nó na Orelha’. O cara que ia parar de cantar, mas voltou com força total, amparado na produção de Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral.

A primeira parada da turnê internacional foi em Londres, onde ele fez um show na companhia ilustre de Mulatu Astatke. Em tempo, o próprio Criolo cita o criador do Ethio Jazz na canção ‘Mariô’, “atitudes de amor devemos samplear, Mulatu Astatke e Fela Kuti escutar”. Bem que esses shows podiam vazar, né? Mas as gravações de ‘Mariô’ e ‘Netsanet’ para a rádio BBC, foram ripadas do youtube e disponibilizadas nesta postagem – abaixo de todos os 13 mini-documentários dessa turnê internacional.

Em Paris, a participação de Baloji alegrou o Cabaret Sauvage. Já em Milão, a chuva atrapalhou o show, mas a banda fez uma apresentação intimista dentro de um restaurante. De volta a Londres, Criolo convidou para cantar o chef de cozinha argeliano Rabah Domquishoot e o MC Prankster de Trinidad e Tobago, para juntos comungarem a união de seres humanos de culturas tão distintas através do hip-hop.

Assista os vídeos e “antes de pensar em tirar, vai tomar no seu cóccix”!







































2012 Criolo + Mulatu Astatke Live BBC

1. Mariô
2. Netsanet

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8.19.2012

O TEMPO LEVA PRA PASSAR O TEMPO QUE O TEMPO LEVA PRA PASSAR

Recém lançado, o novo álbum da Orquestra Contemporânea de Olinda, ‘Pra Ficar’, já alcançou mais de cinco mil downloads gratuitos pelo site da banda.

Após o lançamento do primeiro disco em 2008, a Orquestra Contemporânea de Olinda tocou em diversos cantos do país, arregimentando uma lista de fiéis seguidores, que aguardavam ansiosamente um novo trabalho, alardeado no inicio do ano com a produção de Arto Lindsay.

A obra começa com ‘No ar’, onde a característica e inconfundível metaleira com sotaque pernambucano propõe uma linha melódica que fica entre o frevo e a fanfarra cigana dos Bálcãs. Segue-se a belíssima ‘De leve’, que entrega uma simples poesia como um “barco no mar”.

‘Falar pra ficar’, ‘Mar azul’ e ‘Além mar’ mostram todo o poder melódico da banda. ‘Suor da cidade’ já havia sido lançada como single no ano passado, mas aqui numa versão ligeiramente diferente – uma das melhores do disco.

A Orquestra Contemporânea de Olinda entrega um disco, que ao invés de remeter ao passado, nos leva direto aos arranjos futurísticos, que misturam estilos e influências num caldeirão que ferve ao som dos metais. Vale destacar também faixas como ‘Do bem’, ‘Boneco gigante’e ‘Voz de dentro’, que mostram um lado bem mais pop da banda.

‘Toda massa’ e ‘Janela’ apresentam o que a banda faz de melhor, o bom e velho frevo olindense, que até parece nos levar direto ao carnaval da cidade. Um disco que demorou três anos para ser lançado, mas mostrou bem que "o tempo que leva pra passar é mesmo o tempo que o tempo leva pra passar". Imperdível!

2012 Pra Ficar

1. No ar
2. De leve
3. Falar pra ficar
4. Mar azul
5. Além mar
6. Suor da cidade
7. Viver o que falta viver
8. Do bem
9. Boneco gigante
10. Voz de dentro
11. Toda massa
12. Janela

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8.12.2012

SEM NOSTALGIA DE SER REMIXADO

O álbum de Lucas Santtana, ‘Sem Nostalgia’ lançado em 2009, foi pensado e concebido para subverter o velho e eficiente formato de voz e violão, introduzindo também ambiências, efeitos e samples acústicos de famosos hiffs violônicos de Dorival Caymmi a Baden Powell.

Um disco bem sucedido em desconstruir o conceito acústico, e que já pode muito bem ser considerado como um dos mais importantes discos brasileiros da primeira década dos anos 2000.

O ‘Sem Nostalgia’ foi lançado na Europa apenas em 2011 e agora está sendo lançado com versões remixadas por gente como Rodrigo Brandão, Deerhoof, Burnt Friedman, JD Twitch, DJ iZem, El Buho, A.J. Holmes e Stuttgart, entre outros.

Destaque para as versões de ‘Amor em Jacumã’ de A.J. Holmes, ‘Cira, Regina e Nana’ de M. Takara e a versão funk-quebradeira de João Brasil para ‘Who can say wich way’.

2012 Remix Nostalgia

1. Cira, Regina e Nana (M. Takara 3 remix)
2. Night-time in the backyard (Deerhoof John Dieterich remix)
3. Cá pra nós (Burnt Friedman remix)
4. Super violão mashup (Lucas Santtana's Monome remix)
5. Who can say which way (João Brasil's baile funk montage)
6. Cira, Regina e Nana (a JD Twitch Optimo mix)
7. Super violao mashup (Rodrigo Brandão & Embolex remix)
8. Hold me in (DJ iZem remix)
9. Cá pra nós (El Buho remix)
10. Amor em Jacumã (A.J. Holmes remix feat. Mariana Rabello Pinho)
11. Cira, Regina e Nana (Stuttgart version)
12. Recado para Pio Lobato (Agnya, H-Tenza & Phiorio remix)

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8.05.2012

UM TANTO DE TUDO DA TULIPA RUIZ

O segundo disco de Tulipa Ruiz vazou pelas mãos da própria artista. ‘Tudo Tanto’ segue a mesma linha de ‘Efêmera’ e ainda consegue ser melhor que o antecessor. Com produção do irmão, Gustavo Ruiz, Tulipa mostra belas composições, recheadas de concretismo pop-art.

O álbum abre com ‘É’, para deixar bem claro a que veio Tulipa com essa obra. “Pode ser e é”, enfatiza ela. ‘Ok’ é uma daquelas baladinhas que enaltecem as características vocais da cantora, e convenhamos, tem a cara da Tulipa. ‘Quando eu achar’ é quase um reggae-slow-ska que encerra com aliterações onomatopéicas.

‘Like this’ tem Daniel Ganjaman nos sintetizadores e a cantora divide a marcação vocalize com a guitarra sempre eficiente do pai Luiz Chagas. Uma bossa nova surgiu em ‘Desinibida’, com uma guitarrinha lap steel de Kassin, e um piano rhodes de Donatinho, que também aparecem em ‘Script’, além de Rafael Castro na guitarra e Dudu Tsuda no moog.

‘Dois cafés’ traz a especialíssima participação de Lulu Santos nos vocais e na guitarra slide, uma canção pop pós-calypso. ‘Expectativa’ tem parentesco próximo com o disco de estreia da cantora, um pop dançante de levada simples, composta em parceria com o irmão. A canção ‘Bom’ ressalta o arranjo de cordas e madeiras de Jacques Mathias.

‘Víbora’ é um slow-blues rasgado composto junto com Criolo e a banda, Gustavo Ruiz e Luiz Chagas nas cordas e Caio Lopes na bateria. Destaque para a bela letra e os gritos ensandecidos de Tulipa encarnando uma Janis Joplin tupiniquim. O disco encerra com ‘Cada voz’, numa explosão catártica de metais e guitarras com efeitos.

O disco novo da Tulipa é como uma evolução, uma continuação, como se fosse a parte dois de um filme de sucesso, mais ação, mais risos, mais romance, mais tudo... Para agradar tanto aos novos ouvintes quanto aos já iniciados.

2012 Tudo Tanto

1. É
2. Ok
3. Quando eu achar
4. Like this
5. Desinibida
6. Script
7. Dois cafés
8. Expectativa
9. Bom
10. Víbora
11. Cada voz

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7.29.2012

TUDO PARADO NA CITY PARA OUVIR O TATÁ AEROPLANO

Tatá Aeroplano é responsável pelo som psicotropical do ‘Cérebro Eletrônico’ e pela irreverência do ‘Jumbo Elektro’, mas seu primeiro disco solo é recheado de clima retrô e arranjos folk, visto que até a capa do álbum entrega essa referência.

Nesse disco, Tatá canta e toca violão em algumas faixas, mas tem o auxílio da banda formada por Dustan Gallas, no baixo e teclados, Bruno Buarque na bateria e Junior Boca na guitarra. Mas também têm as participações mais que especiais de Leo Cavalcanti, Bárbara Eugênia, Maurício Fleury, Clayton Martin e Peri Pane.

O álbum tem letras ácidas cheias de referências atuais, como sempre fez Tatá, em suas bandas e colaborações. Como bom cronista, ele apresenta pequenos clássicos contemporâneos como ‘Night purpurina’, ‘Perigas correr’, ‘Tudo parado na city’ e ‘Machismo às avessas’.

Em ‘Par de tapas que doeu em mim’, Tatá mostra um recorte da Rua Augusta, de uma longa noite cheia de confusão e quebradeira. ‘Sartriana’ foi composta em parceria com Leo Cavalcanti e versa sobre mulheres de Jean Paul Sartre, enquanto ‘Cão sem dono’ foi baseada em filme de Beto Brant.

‘Um tempo pra nós dois’ revela um filme sobre relacionamentos amorosos e pequenos medos. ‘Uma janela aberta’ e ‘Te desejo, mas te refuto’ são duas baladas etéreas e espaciais com especial relevância aos arranjos de Dustan Gallas, bem como sua utilização do melotron, que marca o estilo pop-retrô-jovem-guarda de todo disco.

Um disco pop com letras inteligentes, pra todos aqueles que também “só jantam bem depois das 10”, disse o Aeroplano.

2012 Tatá Aeroplano

1. Sartiana
2. Perigas correr
3. Par de tapas que doeu em mim
4. Um tempo pra nós dois
5. Tudo parado na city
6. Uma janela aberta
7. Te desejo, mas te refuto
8. Machismo às avessas
9. Night purpurina
10. Cão sem dono

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7.22.2012

B. NEGÃO EM SINTONIA COM A PILANTRAGEM


O lendário segundo disco solo do B. Negão com a banda ‘Os Seletores de Frequência’ quase fez parte da mitologia da música brasileira. O fato é que o processo de gravação foi a conta-gotas e como uma formiguinha operária, B. Negão não parou de fazer shows, discotecagens e participações em discos de outros colegas artistas.

O álbum chega como um alívio aos ouvidos dos viciados em grooves pesados. ‘Alteração (EA!)’ abre o disco com os metais em brasa, levando um riff suingado e funkeado. A suíte ‘Panela de pressão’ dá sequência ao groove com o samba-rock ‘O mundo’ e o reggae em ‘Reação’, que havia saído no ano anterior como teaser desse trabalho atual.

Dando continuidade ao peso funk do disco B. Negão apresenta muito balanço como em ‘Proceder/ Caminhar’, ‘Vamo!’, ‘Essa é pra tocar no baile’ e ‘Na tranquila’. O bom e velho rockenrou também está presente em ‘Subconsciente’ e o afrobeat carioca de ‘Chega pra somar no groove’ e ‘Bass do tambô’.

O encerramento acontece com a faixa que dá nome ao álbum, um dub cheio de boas intenções. ‘Sintoniza Lá’ é um segundo ato do ‘Enxugando Gelo’, que demonstra a vocação do B. Negão de ser um dos precursores dessa nova geração, que reapresenta uma nova pilantragem.

2012 Sintoniza Lá

1. Alteração (EA!)
2. O mundo (panela de pressão)
3. Reação (panela II)
4. Proceder/ Caminhar
5. Vamo!
6. Essa é pra tocar no baile
7. Subconsciente
8. Na tranquila
9. Chega pra somar no groove
10. Bass do tambô
11. Sintoniza lá

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7.15.2012

PASSO LARGO PASSO CURTO PASSO LARGO



Som instrumental é o tema principal da banda ‘Passo Largo’, nascida pela necessidade do trio em tocar rock instrumental pesado e suingado. Com Marcus Moraes na guitarra, Vavá Afiouni no baixo e Thiago Cunha na bateria, eles fazem música autoral e versões instrumentais apimentadas de nomes como Led Zeppelin, Black Sabbath e Luiz Gonzaga.

A banda lança agora seu primeiro trabalho, ‘Passo Largo’, somente com composições próprias. Destacar está ou outra canção é tarefa difícil, numa obra enxuta e coesa como este álbum. O nome da banda é referência à rapidez com que o trio preparou o repertório, compondo e arranjando as canções.







2012 Passo Largo

1. Shockabillis
2. Passo largo
3. Vermelho conversível
4. A sapiência da perereca
5. Sujeiras de Angélica
6. Inominável
7. Bebe-le rios
8. Sinta a liga
9. Suspiros de Elizabeth
10. Acabou-se tudo

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7.08.2012

PINTA PELE PRETO JENIPAPO


O som da bandaJenipapoé uma mistura de influências e ritmos. Formada por Atan Pinho nos vocais, Rafael Miranda no violão e vocais, Adriano Sargaço na guitarra, Hudson Bomfim no baixo, Hermano Silva e Lieber Rodrigues nas percussões e Ytto Morais na bateria. O disco de estreia foi finalmente lançado, com produção de Alfredo Bello, o DJ Tudo.

A verdadeira ‘Mistura’ abre o álbum, com uma cuíca sem frescura de Oswaldinho da Cuíca. Uma faixa que resume o estilo da banda em poucos acordes, um verdadeiro hit de abertura de disco. ‘Na avenida’ segue a mesma pegada, com uma guitarra contrapondo a percussão, entre batuques e distorções.

O sambinha ‘Beira da praia’ segue com a voz de Ana Reis e um belo solo de tombone por Adil Silva, auxiliado com a guitarra de Sargaço. ‘Barraco de fundo’ é um samba maloqueiro com a metaleira do saxofone de Marcelo Monteiro, o trombone de Duarsen Campos e o trompete de Amilcar Rodrigues.

Em ‘Tem uma pedra’, o sintetizador de Alfredo Bello impõe um estilo próprio à essa canção singular, que ainda tem o vocal de Ellen Oléria. ‘Meu Sertão’ segue a mesma linha imposta pelo produtor e suas camadas de climas e sons. Entre tantos ritmos mostrados nas canções anteriores, faltava o forró, que veio em ‘Morena’, numa versão apressada e suingada. ‘Vive de bandeira’ traz o frevo a essa mistura.

‘Santuário’ representa a banda como ela é ao vivo. Uma canção política, que coloca em discussão a corrida imobiliária em Brasília contra a preservação do cerrado, com a construção de um bairro “ecológico”, que ironicamente fará divisa com uma terra indígena – o ‘Santuário dos Pajés’. ‘Plante uma planta’ também levanta uma questão primordial, mas de menor importância, em relação ao tema anterior. (Teoricamente, a última faixa do disco (11), mas no final tem aquele “bom e velho” silêncio de um minuto, até chegar à reprise de ‘Santuário’ – que nesse arquivo de download já está separada como faixa 12)

Interessante é a conversa que a guitarra rockeira mantém com os outros instrumentos. O que mostra que o verdadeiro mote dessa galera é o bom e velho rockenrou. ‘Jenipapo’ é uma banda que se aventurou em misturar todas as influências regionais de seus integrantes num só caldeirão de boas referências.

2012 Jenipapo

1. Mistura
2. Na avenida
3. Beira da praia
4. Barraco de fundo
5. Tem uma pedra
6. Todos os santos
7. Meu Sertão
8. Morena
9. Vive de bandeira
10. Santuário
11. Plante uma planta
12. Santuário (reprise)

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7.01.2012

A GUITARRA DIABÓLICA DE DILLO DARAUJO ou FRITO, O QUE TU FEZ? COM O MP3?

Jacaretaguá’ é um álbum de guitarrista. O terceiro de Dillo Daraujo, que toca praticamente todos instrumentos, desde a já citada guitarra, violão, baixo, acordeon, teclados, mpc, talk-box, kaos-pad e ainda leva alguma percussão em algumas faixas, sem falar nos efeitos, scratchs e na cantoria.

É um disco que desvela uma narrativa psicológica, revelando sonhos, delírios e visões. O próprio artista admite que “existe um fio condutor entre as faixas guiado pelo medo e desesperança até chegar à retomada, desaguando em ritmos, pulsos e terminando com ar de contentamento”.

O disco abre com ‘Antena de Bombril’, uma bela canção para estádios gigantes, com um final apoteótico de uma guitarra psicótica. Na sequência Dillo apresenta uma verve pop com as canções, ‘Grito na garrafa’ e ‘Novo sol’, com letra cheia de referências pop e poesia concreta, respectivamente.

As letras de Dillo versam sobre temas cotidianos e mencionam referências atuais, como twitter, coca-cola, pay-per-view e FMI. Isso sem falar nas citações, que vão desde, “ctrl+z”, “O diabo veste Prada” e “Time is on my side” dos Rolling Stones. Cada canção conta sua história e tem suas linhas melódicas muito bem definidas, como várias tramas em pedaços, que juntas formam uma única peça.

‘W Kilombola’ versa contra a globalização e o capitalismo desenfreado, além de iniciar uma suíte que se estende por ‘Em cruz ilhada’, parceria com o jornalista José Carlos Vieira, uma canção de levantar o pó das estradas, e é encerrada por ‘Jabazinho’, um verdadeiro hino “rockenrou” contra a prática ilegal do “jabá” de algumas rádios comerciais. “Frito o que você fez com a MPB”, grita o cantor.

Jacaretaguá’ pode ser um disco de guitarrista, mas tem uma mistura muito eclética de diferentes influências guitarrísticas como Jeff Beck, Ernest Ranglin, Mestre Vieira, Richie Blackmore, entre outros. O título do álbum faz uma alusão à Baixada de Jacarepaguá, com a cidade-satélite Taguatinga, do Distrito Federal, ‘Jacaretaguá’.

Há um momento de respirar na faixa instrumental que dá nome ao disco, um groove afrobeat contagiante. ‘Pesadelo master’ foi composta em parceria com outro músico brasiliense, César de Paula. Com um começo empolgante, quase discoteca, a letra se torna amarga para descrever o casamento, num encerramento climático com solo de blues.

Algumas participações especiais pontuam o álbum, como Túlio Lima na bateria, com Vinicius Correa assumindo as baquetas em uma das faixas, Igor Cabral e Dido Mariano no baixo, Richelmy Oliveira na percussão, Marcos Valadares no saxofone, Paulo Verissimo na voz e fazendo côro junto com Thais Fread e Paulo Ério. Gravado no estúdio Orbis por Igor Cabral, Felipe Araujo e Pedro Tavares. Mixado por Marcos Pagani. Com arte de Tiago Pezão.

Em ‘Plano marmita’, Dillo usa toda acidez para divisar classes sociais num apartheid social do Planalto Central, com um rock pesadão de riff pegajoso, tem ‘Baião da Penha’ do Gonzagão como música incidental. ‘Sessão de descarrego’ confirma que as tradições nordestinas estão sempre presentes na Capital da República.

Mesmo sendo uma obra enxuta, o álbum ‘Jacaretaguá’ é um disco de camadas de sons. As canções são pontuadas por momentos e climas sobrepostos, quase como uma subdivisão em cada faixa. A narrativa que permeia o disco pode ser percebida como referência à diversos clássicos contemporâneos.

‘Tupi Guaraná’ é outro rock característico de Dillo, que encerra a obra com otimismo e boas intenções, estampadas na letra “e digo adeus se acaso for embora, vou sorrindo agora até quando eu voltar”.

Jacaretaguá’ é um disco que expõe o amadurecimento de um artista, como guitarrista, compositor, arranjador e produtor. Um veículo para o dedilhado diabólico de Dillo Daraujo.

2012 Jacaretaguá

1. Antena de Bombril
2. Grito na garrafa
4. W Kilombola
5. Em cruz ilhada
6. Jabázinho
7. Jacaretaguá
8. Pesadelo máster
9. Plano marmita
10. Sessão do descarrego
11. Tupi Guaraná

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6.24.2012

ORIGINAL SASQUAT STYLE

O Sasquat é figura tarimbada em shows e eventos por São Paulo, Recife e outros estados. Ele é sempre muito requisitado para pilotar a mesa de som de várias bandas, tendo exercido essa função com uma pá de gente, que faz questão de tê-lo como operador de som.

Sasquat percebeu que era chegada a hora de registrar suas canções e chamou os colegas Igor San ao baixo e Hugo Carranca para a bateria, além do irmão mais velho, Buguinha Dub na produção. Para gravarem o primeiro álbum solo, ‘Alfazema’, no qual toca guitarra e canta em todas as faixas.

O álbum abre muito bem, com ‘Armoreio’, um afrobeat com cara de maracatu, seguido de outra pedrada na orêia, ‘Distorção de sonhos’, também afrobeat – Fela Kuti ficaria feliz em ouvir essa sonzeira.

Para apaziguar os ouvidos, ele inclui logo uma balada pop com uma levada “Olinda-style”, ‘Marca forte’, seguida dum sambarock esperto, ‘O que faz bem’, e pelo trip-hop cabeçudo de ‘Com o céu’.

‘Ilha bela’ é um ska delicioso, que enche os ouvidos de sonzinhos maravilhosos. Em ‘Só lamento’, ele apresenta uma receita de samba grooveado, como uma fusão de Jackson5 com Gerson King Combo.

Sasquat é o próprio ‘Homem Guaracheiro’, que incorpora Santana e Chimbinha, numa peça simples e estilosa. ‘Amigos sabem’ e ‘Como você’ são composições que têm mais cara de afrobeat, mas têm o dedo forte da produção de Buguinha. Lindo encerramento para essa grande jóia rara da música brasileira.

Valeu Sasquat! Pela obra maravilhosa que nos presenteou...

2012 Alfazema

1. Armoreio
2. Distorção dos sonhos
3. Marca forte
4. O que faz bem
5. Com o céu
6. Ilha Bela
7. Só lamento
8. Homem Guaracheiro
9. Amigos sabem
10. Como você

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6.17.2012

TEMPO PARA OUVIR O PÉLICO ENTRE NÓS

‘Que Isso Fique Entre Nós’ é o mais recente álbum de Pélico lançado em 2011 e disponível para download gratuito. As composições de Pélico encaixam muito bem em sua voz com letras tranquilas e melodias suaves, que permeiam todo o disco.

O disco foi produzido por Jesus Sanchez, com belos arranjos de Bruno Bonaventura e participações de gente como Régis Damasceno, Tony Berchmans, Guilherme Kastrup, João Erbetta e Richard Ribeiro. As canções foram recheadas de tubas, trombones, trumpetes, acordeões, clarinetes e até fagotes.

Este é um Pélico que busca por uma sonoridade dos Balcãs, e que também traz o lirismo underground de Tom Waits à SP e permite o amor transbordar por todas as faixas.

Até que enfim Pélico chega à Brasília com o show, ‘Que Isso Fique Entre Nós’, nesta quarta-feira na Funarte, sala Cassia Eller (21/06).

2011 Que Isso Fique Entre Nós

1. Ainda não é tempo de chorar
2. Sem medida
3. Não éramos tão assim
4. Que isso fique entre nós
5. Tenha fé, meu bem
6. Levarei
7. Recado
8. Vamo tentá
9. Não vou te deixar, por enquanto
10. Tempo de criança
11. Sete minutos de solidão
12. À beira do ridículo
13. Minha dor
14. Se você me perguntar
15. O menino
16. Não corra, não mate, não morra

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6.10.2012

AREIA E GRUPO DE MÚSICA ABERTA


Areia, o baixista do Mundo Livre SA, tem um projeto musical inspirador. A música de Areia é intrigante e cheia de possibilidades. No formato de um tema e muita improvisação, Areia e seus companheiros, o ‘Grupo de Música Aberta’, esgotam quaisquer possibilidades de improvisação antes de voltar ao tema proposto.

O disco foi gravado ao vivo, com todos tocando juntos, Areia no contrabaixo, Cássio Cunha na bateria, Júlio César no acordeon e Ivan do Espírito Santo no saxofone e flauta. As canções são de Areia, mas todos têm interpretações próprias e essas referências ficam aparentes nas improvisações.

O som é leve e coeso, ótimo pra fechar os olhos e sentir a melodia. É só deixar rolar no playlist e curtir numa boa relaxando numa rede. Quem não ouvir... É quem vai perder...

2011 Para Perdedores

1. Do início ao fim de tudo
2. Maracatu de baque etéreo
3. Ciranda de três
4. A joia do universo

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6.03.2012

BEM AVENTURADOS OS QUE EVOLUEM COM OQUADRO


OQuadro é uma banda de baiana que mistura hip-hop com outras diversas influências. Afrobeats em grooves pesados e rimados por Rans Spectro, Nego Freez e Jeff, com Ricô no baixo, Rodrigo Dalua na guitarra, Victor Santana na bateria e Jahgga na percussão, tudo produzido pelo Buguinha Dub. Diversas participações especiais pontuam a álbum, como Guilherme Arantes, Lurdes da Luz, Gabriel Martini, Pedro Arantes e Dimak.

Destaque para ‘Evolui (bem aventurados)’, ‘Seja bem vindo ao meu lar’ com Lurdez e Guilherme, ‘Valor de X² (parte 2)’, ‘Fogos de artifício para o precipício à vista’ composta e cantada por Ricô, ‘Tá amarrado’ com Dimak barbarizando no ragga e ‘Música das músicas’, que fecha o disco filosoficamente.

O disco foi uma grata surpresa nesse universo de novas descobertas e sons intrigantes. Não percam! Baixem já!!!

2012 OQuadro

1. Balançuquadro
2. Evolui (bem aventurados)
3. Seja bem vindo ao meu lar
4. Planeta diário
5. Valor de X² (parte 2)
6. Sapoca uma de cem
7. Tropeços/ percalços
8. Fogos de artifício para o precipício à vista
9. Tá amarrado
10. O soco
11. Música das músicas

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5.27.2012

MAGA BO VÊ O QUILOMBO DO PASSADO, PRESENTE E FUTURO



O DJ Maga Bo lançou o disco ‘Quilombo do Futuro’, e liberou o download apenas no Brasil, exclusivamente pelo facebook.

O disco abre com ‘Tempos insanos’ e uma participação insana de B. Negão e segue com Rosângela Macedo cantando em ‘No balanço da canoa’, que também tem a presença de Marcelo Yuka no sintetizador de baixo e nos vocais – ela também canta em ‘Eu vim de longe’.

Em ‘Rapinbolada’, com Gaspar, pode-se dizer que Maga Bo misturou hip-hop com embolada, mas imagino que para um norte-americano (radicado no RJ), esses dois ritmos sejam uma coisa só – apenas geograficamente diferentes. ‘É da nossa cor’ enaltece o canto de capoeira do Mestre Camaleão.

‘Piloto de fuga’ e ‘O neguinho’ são a constatação de que o ritmo funk só é menoprezado por causa das letras chulas, obcenas e repulsivas. Nessa faixa, Maga Bo prepara a cama para as rimas de B. Negão – o “tchu, tchu , tcha, tcha” não precisa ficar explícito na letra, sendo exclusivo apenas no ritmo.

A guitarrinha baiana de Roberto Barreto, evoca o estilo dub-baiano do ‘BaianaSystem’ nas canções ‘Galope’ e ‘Xororô’, que também tem a participação de Russo Passapusso, que canta na mesma banda de Barreto. ‘Dobrado’ com Speed Freaks é um batidão pesado e nervoso.

Não podia faltar o sambão num disco de um gringo apaixonado pela musica brasileira, como em ‘Immigrant Visa part II’ com MC Zulu, ‘Hurry up’ e ‘Maga traz a lenha` com Jahdan Blakkamoore.

Quilombo do Futuro’ é o disco que muito brasileiro nato daria uma orelha pra ter gravado.



2012 Quilombo do Futuro

1. Tempos insanos (ft. B.Negão)
2. No balanço da canoa (ft. Rosângela Macedo & Marcelo Yuka)
3. Rapinbolada (ft. Gaspar)
4. É da nossa cor (ft. Mestre Camaleão)
5. Maga traz a lenha (ft. Jahdan Blakkamoore)
6. Piloto de fuga (ft. Funkero & B.Negão)
7. Galope (ft. Robertinho Barreto)
8. Dobrado (ft. Speed Freaks)
9. O neguinho (ft. Biguli)
10. Immigrant Visa part II (ft. MC Zulu)
11. Xororô (ft. Robertinho Barreto & Russo Passapusso)
12. Eu vim de longe (ft. Rosângela Macedo)
13. Hurry up (ft. Jahdan Blakkamoore)

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5.20.2012

SKA COM TEMPERO PERNAMBUCANO

Ska Maria Pastora é uma banda formada por Deco do Trombone, Leo Oroska na percussão, Sanzyo Dub na bateria, Vítor Magall e Jayme Monteiro nas guitarras, Valdir Pereira no baixo e Leo Vinesof no teclado, mas com participações especiais de gente como Fabinho Costa no trompete, Nilsinho Amarante no trombone e Parrô Mello e Rafinha nos saxofones.

Após um elogiado EP, lançado em 2008, a banda lançou um disco recheado de canções autorais e dois clássicos do frevo pernambucano, ‘Cabelo de fogo’ e ‘Elefante de Olinda’. Quanto às novas composições, destaque para ‘Fanfarra dominicana’, ‘Skarnaval’, ‘O destino de Fidel’, ‘Uma night no Iraque’, ‘O regresso de Oroska’ e a faixa que intitula o álbum, ‘As Margens do Rio Doce’.

Como o próprio nome da banda entrega, eles fazem um som que fica entre o frevo, o ska e a fanfarra. É um disco realmente impressionante!

2012 As Margens do Rio Doce

1. Fanfarra dominicana
2. As margens do rio doce
3. Cabelo de fogo
4. Skarnaval
5. O destino de Fidel
6. Jardel
7. Elefante de Olinda
8. Uma night no Iraque
9. Fim de tarde no Nóbilis
10. O regresso de Oroska

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5.13.2012

SE A BAHIA NÃO LHE ACHOU, TENHO BAHIA PRA VOCÊ


Muita gente já louvou a excelência da Bahia, mas nunca de forma tão melancólica e bruta como Rodrigo Campos. Não que o recém-lançado álbum ‘Bahia Fantástica’ seja uma obra triste, longe disso, mas simplesmente não exalta apenas a alegria nem a simpatia do povo soteropolitano. Sem falar na força das melodias, do vigor dos arranjos e do arrojo dos sopros.

O disco começa com a frase “daqui pra lá não vá dizer, que a Bahia não lhe achou”, em ‘Cinco doces’, que contrapõe a delicadeza do dedilhado do violão do próprio Campos com a fortaleza do saxofone de Thiago França (MarginalS, Sambanzo e Metá Metá), com alguma intromissão de Maurício Fleury (Bixiga 70).

Em ‘Princesa do mar’ você sente o privilégio de ouvir a guitarra suingada de Kiko Dinucci (Bando AfroMacarrônico, Duo Moviola, Metá Metá, Sambanzo e Passo Torto) junto com o sempre firme saxofone, que também pontua a bela ‘Sete vela’, que começa líricamente com a viola de Renato Rossi e o violino de Luiz Gustavo Nascimento. É sensacional o dueto entre o saxofone e o violino e a viola, mas também há o auxílio luxuoso da banda formada pela bateria de M. Takara (Hurtmold), Fleury, Dinucci, Campos e Marcelo Cabral (MarginalS, Sambanzo e Passo Torto).

Esse disco tem diversas participações como Luisa Maita em ‘Morte na Bahia’, um afoxé de tradição tambor e flauta. Juçara Marçal empresta a voz para ‘Jardim Japão’, que conta com a guitarra psicodélica de Guilherme Held. Já o Criolo canta a bela crônica de ‘Ribeirão’, com programações de Gui Amabis, que também programou em ‘Capitão’, que tem um belo arranjo de cordas de Cabral, que toca baixo em todas as faixas. Além de Rômulo Fróes (Passo Torto), que atuou como diretor artístico e Gustavo Lenza, que gravou e mixou.

É verdade que as crônicas do disco mais remetem à periferia conhecida por Campos que à Bahia. Segundo ele, “a Bahia se transformou numa metáfora sobre a incompreensão, sobre o medo e o deslumbramento de estar diante de algo maior e intangível”, em entrevista para o Itaú Cultural. O tema principal do ‘Bahia Fantástica’ é o medo da morte, do fim, do encerramento e de todas outras possíveis metáforas nesse caso.

O álbum está repleto de personagens, que tanto poderiam transitar com a malemolência da “maloqueiragem da 18”, como ‘Elias’, ou com a desesperança de ‘Aninha’, que todo fim de tarde morre em 10 minutos – ambas faixas têm em comum o fino entrosamento de banda e arranjos. O ‘Beco’ também apresenta Nani e Beto, que mantêm o local como ponto de encontros e desencontros, como bem refletem todas crônicas urbanas periféricas de Campos, desde seu primeiro álbum, ‘São Mateus Não é um Lugar Assim tão Longe’, de 2009.

A leve canção ‘General Geral’ aparece com um teclado marcante e um saxofone repentino no final. A letra é um belo hai-kai sobre um tal de “Geraldo, o General”. Para fechar a tampa, Campos ainda canta que “chegou na Bahia de manhã” em ‘Sou de Salvador’, reafirmando a ideia do álbum cantar uma Bahia que “no meu imaginário, é algo mítico, complexo, sem significado objetivo, por todos os seus paradoxos como nascedouro do Brasil, da cultura brasileira, do sincretismo religioso, da miscigenação. É o início. E é, justamente, o início como metáfora do fim, da morte, pois a perplexidade existe em relação a esses dois polos”.

Para quem conheceu a Bahia há e em pouco tempo, Campos pode dizer com bastante propriedade que “tem Bahia pra você”.



2012 Bahia Fantástica

1. Cinco doces
2. Princesa do mar
3. Ribeirão
4. Beco
5. Morte na Bahia
6. Sete vela
7. Aninha
8. Jardim Japão
9. General Geral
10. Elias
11. Capitão
12. Sou de Salvador

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